sábado, 3 de janeiro de 2015

Marca Tony Blair


26 Junho 2014, 13:17

Tony Blair, Grã-Bretanha, política

A fusão dos negócios e da política atingiu o seu ponto mais alto no século XXI. Tony Blair, antigo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, pode ser considerado um exemplo disso.

Segundo a imprensa, ele, num futuro próximo, pode-se tornar consultor do novo governo da Sérvia. Desde que, em 2007, Blair abandonou o palácio na Dawning-Street 10, ele soube fazer do seu nome uma marca.
Todos conhecem a intensa atividade desenvolvida por Tony Blair como consultor econômico e financeiro depois de abandonar o cargo de primeiro-ministro, Blair é chefe da empresa Tony Blair Associates, que consulta, nomeadamente, os governos do Kuwait, Brasil, Colômbia e Cazaquistão, o fundo de investimento de Abu-Dabi Mubadala, o banco americano de investimento JP Morgan, a petrolífera sul-coreana UI Energy Corporation o grupo de segurosZurich Financial Services. Além disso, o ex-primeiro continua a ser enviado especial do “quarteto”, do bloco diplomático para a normalização do conflito no Médio Oriente, criado pela UE, Rússia, EUA e ONU, e utiliza ativamente as ligações políticas nos interesses do seu negócio.
O nome de Blair aparece frequentemente ligado à indústria petrolífera. Foi acusado de apoiar os interesses das companhias petrolíferas ocidentais desde o momento da invasão do Iraque pela coligação ocidental em 2003. Depois da sua demissão em 2007, Blair visitava regularmente a Líbia, tendo-se tornado “amigo da família” de Muammar Kadhafi.
Em 2010, Saif al-Islam Kadhafi, filho de Kadhafi, anunciou que Tony Blair era conselheiro financeiro do pai, consultava a Libyan INVESTMENT Authority, fundo estatal de investimento que dirigia os ativos petrolíferos do país. Quando Kadhafi caiu em desgraça, claro que Blair negou que tinha trabalhado para o coronel, ao mesmo tempo que outro cliente seu, o JP Morgan, participava imediatamente na pilhagem dos ativos líbios.
Se, na Líbia, a sua atividade era mantida em segredo, em Abu-Dabi, Blair esteve não só como embaixador da paz, mas também como conselheiro para a estratégia global do fundo de investimento Mubadala, recebendo por isso honorários no valor de um milhão de libras por ano. E ajudou esse fundo a controlar um dos maiores jazigos de petróleo no Iraque, fechando, ao mesmo tempo, um negócio com o governo da Guiné, de que também Blair é conselheiro, para explorar um jazigo de bauxites e alumínio no valor de 5 bilhões de dólares. Um claro conflito de interesses porque, nesse negócio, Blair representava tanto o vendedor como o comprador.
Um bom exemplo de conflito de interesses teve lugar também em 2009 no Kuwait, que Blair visitou como embaixador da paz do “quarteto”. Nessa viagem foi acompanhado não só por diplomatas, mas também por Jonathan Powell, primeiro conselheiro para questões comerciaisda empresa Tony Blair Associates. Blair recebeu do emir um contrato para a preparação do relatório “Perspetivas do Kuwait- 2035”, onde devia apresentar o programa de desenvolvimento do país até 2035. O preço da questão foi de 27 milhões de libras.
Em 2011, Blair apareceu também no Cazaquistão, rico em petróleo, à cabeça de um grupo de conselheiros para elaborar um programa de reformas económicas para o presidente Nursultan Nazarbaev. Esse negócio custou aos cazaques 16 milhões de libras (25,7 milhões de dólares). Segundo o jornal The Times, Tony Blair devia convencer o Cazaquistão a abandonar a União Alfandegária.
Através da sua organização de beneficência Africa Governance Initiative, o ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha consulta também governos em África: Ruanda, Libéria, Serra da Leoa, Sudão do Sul e Guiné. No continente negro, o seu caminho cruzou-se também com a China, interessada em investir em África. Blair foi convidado para ser o principal conselheiro do Excellence Club, grupo de elite de dirigentes econômicos e políticos com base em Pequim.
Desde o ano passado que Blair consulta também o governo da Albânia para realizar reformascom vista à adesão desse país à UE. O mesmo esperam dele na Sérvia. Não seria interessante saber o que podem aconselhar os ingleses que justamente são considerados euro céticos sobre a adesão à União Europeia? Além disso, nesses países não há petróleo, considera que interessa Blair especialmente.
Talvez a sua presença na Sérvia seja útil a outros clientes seus, tais como Mubadala, que planeja adquirir grandes lotes de terra nos Balcãs. A julgar por contratos análogos do político britânico no passado, o valor do seu honorário será de vários milhões de libras, que os pagadores de impostos na Sérvia terão de desembolsar.

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