segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Rússia continua ganhando com exploração do Ártico

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Foto de arquivo. Ártico

A queda dos preços de petróleo não irá se repercutir na realização de aliciantes projetos russos na região do Ártico. Segundo assinalou o ministro da Energia, Alexander Novak, as condições econômicas difíceis não desanimam as companhias petrolíferas russas. Por isso, não se prevê a alteração dos prazos marcados.

É que a exploração das jazidas de petróleo e gás nessa região continua proporcionando elevados lucros, para não falar de perspectivas de desenvolvimento colossais. “O país do horror de gelo”, conforme designou o Ártico o pesquisador norueguês Fridtjof Nansen, no período de degelo, se vai tornando cada vez mais atraente para investidores.
Peritos acentuam que o desenvolvimento da vertente ártica poderá garantir a segurança energética e econômica da Rússia. Cabe ao Ártico vir a garantir-lhe a independência econômica, assevera Vassili Bogoyavlensky, vice-diretor do Departamento de Ciência do Instituto de Problemas de Petróleo e Gás:
“A plataforma continental russa se avalia em cerca de 100 bilhões toneladas de combustível, cabendo 80% aos depósitos de gás. Os mais ricos são os espaços aquáticos do mar Barents e do Cáspio. As obras de extração se realizam desde 2003. Na plataforma terrestre, as obras, iniciadas há 40 anos, deverão ser prosseguidas e intensificadas”.
A nível internacional, a Rússia tem defendido a legitimidade de seus direitos a plataformas dos mares setentrionais, dinamizando a sua atividade na área do Ártico. As enormes reservas de recursos minerais, incluindo energéticos, ainda não foram aproveitadas. É verdade que a maior parte de minérios se encontra à profundidade de 500 metros, o que faz complicar e dificultar as obras de prospecção geológica. Por outro lado, o processo de aquecimento global vem abrindo amplas potencialidades para a extração de recursos existentes. No Ártico se encontram 13% das reservas mundiais de petróleo e gás não prospectadas. Todas as reservas de gás natural se concentram junto das costas da Rússia.
Para além da importância geopolítica, vai crescendo o papel do Ártico no plano militar e geoestratégico, sustenta o doutor em ciências militares, Konstantin Sivkov:
“Do ponto de vista geoestratégico, o Ártico constitui a via mais curta que liga o continente americano à Eurásia e também um percurso mais curto para o voo de misseis balísticos intercontinentais e bombardeiros estratégicos. Além disso, na zona do Ártico efectuam missões de patrulhamento submarinos atômicos russos, submersíveis dos EUA, dotados de misseis de cruzeiro e apontados contra instalações russas. Nos anos mais “tranquilos”, naquela região, “pastavam” dois ou três submarinos do gênero, enquanto em fases de confrontação mais agudas, o seu número costumava subir para 10 unidades. Por isso, a luta pelo Ártico será muto dura”.
Francamente falando, o Ártico tem vindo a despertar um elevado interesse dos países mais longínquos e distantes. No processo de concorrência se empenham, como é óbvio, a Noruega, a Suécia e a Finlândia.
Mas a Rússia não pretende perder suas posições no Ártico, segundo constatam várias declarações oficiais. Ao nosso país pertencem 40% dos territórios árticos, ou seja, quase uma quinta parte da Federação da Rússia. É ali que se concentram os interesses vitais do Estado. Os recursos disponíveis se responsabilizam por 10% da Renda Nacional e por quase 25% das exportações russas.
A partir de 1 de dezembro, a base naval da Esquadra do Norte conta com um novo comando estratégico, se prevendo frequentes deslocações de navios de guerra e de submarinos em direção ao Ártico. Na ilha Kotelny, foram postas em serviço uma base militar e uma pista de decolagem, destinadas para a proteção de recursos energéticos e a segurança da navegação pela Rota Marítima do Norte.

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