terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Há distraídos no jornalismo moçambicano


 Categoria: Opinião Publicado em 07 novembro 2014
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Quando o Homem decide criar desordem, não o faz em vão. Na verdade, tem a intenção de destruir uma ordem convencionada para construir outra mais justa. É exactamente isso que irá acontecer, neste caso o foco é o jornalista moçambicano.
Há semanas, um gazetista escreveu num dos jornais de maior circulação na praça que “nenhuma selecção africana havia cometido a proeza de marcar 45 pontos num só jogo (do Campeonato Mundial de Basquete sénior feminino). E Moçambique não só marcou como também repetidamente superou.”
É muito estranho! É que o continente africano começou a participar neste evento em 1971, na sexta edição disputada no Brasil, e foi representada pela selecção do Madagáscar.
No grupo do nosso representante estiveram as selecções da Checoslováquia, Austrália e do Japão. E na terceira jornada da fase de grupos, o Madagáscar perdeu pelo resultado 55 – 90 diante da Austrália. Mais estranho fica a afirmação do jornalista quando “recuamos o tempo” para aqui pertinho, falo do ano 2010 no mundial realizado na República Checa em que o Senegal e o Mali foram os representantes da África. Na segunda jornada da competição o Mali perdeu diante da Coreia do Sul por 66 – 68. O Zaire já até venceu no mundial de 1998, na edição realizada na Alemanha, por 88 – 46. A vítima foi a Malásia na luta pelo 15º lugar.
O fenómeno de distracção dos jornalistas moçambicanos não é só ilustrado por este facto. Algumas reportagens televisivas têm violado constantemente o número dois do artigo 59 da Constituição da República. O número refere que os arguidos gozam da presunção de inocência até decisão judicial definitiva. Entretanto, temos visto rostos de cidadãos arguidos a serem apresentados na televisão muito antes do caso transitar em julgado e por vez, em alguns programas, o acusado é já dado como o culpado e como se não bastasse, as linhas telefónicas são colocadas a disposição dos telespectadores para comentarem sobre caso.
Recentemente, um jornal moçambicano colocou na capa a imagem de um Pastor nu. Nas últimas eleições autárquicas (realizadas em Novembro de 2013), um outro jornal colocou imagem de uma pessoa morta a sangrar na capa ao lado da Presidente da Assembleia da República. É comum ouvir nos nossos órgãos de comunicação social (rádio e televisão, em particular) os apresentadores ou locutores a se dirigirem para o telespectador/ouvinte por “Tu”. Quer dizer: já não respeito por ninguém. É só falar e escrever o que lhe apetece!
Meus senhores! O jornalista, e os comunicadores sociais em geral, no exercício da sua função tem regras por respeitar e tem que ter em atenção que está a escrever e a falar para um público indeterminado, que para além de informa-lo ou entretê-lo deve educá-lo. Para quem tem essas missões, é incompreensível como consegue confundir roubo com furto. É preciso ter coragem!
As questões que se colocam são: o que nós, estudantes de jornalismo, podemos aprender do vosso trabalho? Que cidadão está o jornalista moçambicano a formar com essa maneira de exercer a profissão?

 

Dalton Sitoe - Estudante universitário

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