terça-feira, 18 de novembro de 2014

Deslocação de José Mandra à antiga base de Dhlakama inquieta Renamo


Ouvir com webReader
Governo acusado de pôr combustível na fogueira
Renamo acusa Governo de violação do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares e de estar a movimentar tropas nas zonas de conflito em Tete, Manica, Sofala e Zambézia 

A ronda de negociações entre o Governo da Frelimo e o partido Renamo, que teve lugar na segunda-feira, começou com troca de acusações de violação do memorando de cessar-fogo.
Antes da ordem do dia, a Renamo protestou e acusou o Governo da Frelimo, na pessoa do vice-ministro do Interior, coronel José Mandra, de violar os princípios do Memorando de Cessação das Hostilidades Militares assinado, em 5 de Setembro passado, pelo presidente da República, Armando Guebuza e pelo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
“Hoje tivemos a 85.a ronda de diálogo. Começámos a ronda com questões prévias sobre as declarações proferidas pelo vice-ministro do Interior, o senhor Mandra, na Gorongosa, que entendemos como violação, por parte do Governo, dos princípios do Memorando da Cessação das Hostilidades Militares” disse o chefe da Delegação da Renamo no diálogo com o Governo, o deputado Saimone Macuiana. Segundo este, o facto de José Mandra ter ido à antiga residência do presidente Afonso Dhlakama, em Sandjundjira, e de lá ter proferido declarações sobre a prontidão das forças de defesa e segurança, constitui uma violação do acordo por parte do Governo.

“Também notámos que há movimentações militares em Tete, Sofala, Manica e Zambézia” disse Macuiana, acrescentando: “Apelamos ao trabalho conjunto pela paz”.
Nos termos do memorando de entendimento, a supervisão das zonas em conflito deve ser feita em conjunto pelas delegações do Governo, da Renamo e da Equipa Militar de Observadores da Cessação das Hostilidades Militares, o que, segundo a Renamo, não aconteceu, pois o vice-ministro do Interior, José Mandra, foi a Sandjundjira sozinho, para ir anunciar a prontidão combativa das Forças de Defesa e Segurança exactamente na antiga residência de Afonso Dhlakama, que foi assaltada pelas tropas governamentais a 21 de Outubro de 2013.
A atitude de José Mandra é interpretada pela Renamo e por alguns observadores, sobretudo de questões militares, como um exercício de exibição de força, de desprezo pela Renamo e de incitamento a hostilidades militares.
“Esta acção isolada do Governo contraria o espírito de entendimento”, afirmou Saimone Macuiana, que informou: “Comunicámos esta provocação à EMOCHM, aos países membros da missão dos observadores internacionais, e vamos comunicar à ONU”.
A Renamo diz que o próprio Governo prometeu que vai analisar o assunto.
Mas, ao contrário do que diz a Renamo, quando afirma que o Governo prometeu ir analisar a “violação do acordo”, o próprio Governo, na pessoa do ministro da Agricultura e chefe da delegação do Governo nas negociações, José Pacheco, veio dizer, em conferência de imprensa: “Não há nenhuma violação por parte do vice-ministro do Interior, José Mandra”.
“O senhor vice-ministro do Interior, como membro deste Governo, não violou nenhum dispositivo legal. Ele tem direito e dever de visitar qualquer parte do território nacional e de manter encontros com as forças da lei e ordem lá estacionadas, bem como anunciar e verificar a prontidão dessas forças”, disse José Pacheco. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 18.11.2014

Sem comentários: