sábado, 15 de novembro de 2014

África do Sul enfrenta caos político


Parlamentares entram em confronto e analistas falam em situação inédita no país.
Redacção VOA
Na África do Sul, ontem, 13, foi um dia de elevada temperatura no Parlamento. Depois de horas de discussão, os políticos sul-africanos trocaram socos e o partido no poder chamou a polícia.
Caos político na África do Sul
Os observadores políticos dizem que este é o mais recente sinal da crescente ousadia de uma oposição cada vez mais organizada e truculenta, cansada da hegemonia do Congresso Nacional Africano(ANC).
O analista político Ralph Mathekga diz que, apesar de muitos sul-africanos estarem a falar apenas sobre o espectáculo das brigas, o caso tem grandes implicações no diálogo político. "Nós nunca vimos isso na África do Sul antes. É inédito. E eu digo que este é uma situação preocupante porque diz muito sobre as regras no parlamento", explicou.
 
Durante meses, os partidos de oposição - predominantemente a Aliança Democrática(AD) e o novo partido Combatentes da Liberdade Económica - desafiaram o ANC sobre um escândalo envolvendo o presidente Jacob Zuma, acusado de gastar cerca de 23 milhões de dólares de fundos públicos em melhorias para a sua casa particular.

Zuma descreveu as obras - que incluem um anfiteatro e uma piscina da sua casa - como melhorias de segurança adequadas a um chefe de Estado. O czar contra a corrupção recusou pagar parte do dinheiro gasto, mas uma comissão parlamentar, composta apenas por membros do ANC, ilibou o presidente esta semana de qualquer delito e responsabilidade fiscal.

Na sequência, ontem, a oposição obstaculizou durante sete horas a aprovação da resolução. Os líderes de todos os partidos da oposição atacaram fortemente o presidente com insultos e o compararam com o antigo ditador do Zaire Mobutu Sese Seko  e o tirano de Uganda Idi Amin.

O presidente do Parlamento tentou derrubar a obstrução e foi quando a polícia de choque entrou em acção provocando actos de muita violência.

O porta-voz parlamentar da Aliança Democrática Mabine Seabe disse que
entrar no parlamento e atacar membros é totalmente inaceitável. “Quero dizer, ele está a empurrar-nos para uma crise constitucional, em que os membros, que são protegidos por imunidade parlamentar. Se o orador tivesse agido de forma justa, a situação seria ultrapassada. Em vez disso, ela chamou a polícia que, posteriormente, agrediu membros dos Combatentes da Liberdade Económica e nosso partido, a Aliança Democrática”, denunciou Seabe.

A ANC, por seu lado, culpa a oposição de levar "anarquia" ao parlamento como diz o porta-voz do ANC Moloto Mothap: "É uma afronta aos sacrifícios dos combatentes que morreram para termos este parlamento democrático. Vamos continuar a proteger a integridade, bem como o decoro da instituição e evitar qualquer forma de anarquia", garantiu Mothap.

Os próximos passos e capítulos, segundo analistas, não auguram bons tempos para o debate político na África do Sul.

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