quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Quando a prática dá sorte


A situação é curiosa. Há 20 anos que ensaiamos eleições. Há 20 anos que me parece difícil perceber porque ganham uns e perdem outros. Existe, naturalmente, a explicação “ntafahindhlela” (4X4), aquela que, com ou sem razão, responsabiliza a fraude. Mas é assim mesmo. Há 20 anos que não está claro para mim o que leva um moçambicano a dar o seu voto a este ou aquele partido e candidato. Os manifestos deviam esclarecer-me. Li os três principais manifestos, da Frelimo, do MDM e da Renamo. Fiquei algo decepcionado. Não encontrei em nenhum deles a razão que, fora da militância num partido, influenciaria a decisão dum eleitor. Tanto é assim que até a verdadeira discussão na campanha que iniciou no domingo não é sobre os manifestos eleitorais. É sobre quem colou os seus cartazes em lugar errado; é sobre uma sondagem que diz que este vai ser vencedor; é sobre a festa que a própria campanha é. É caso para dizer que com a prática (de fazer campanha eleitoral) mais dependemos da sorte para ganharmos (ou perdermos).
Parecem coisas de Moçambique. Gostaria de lançar um apelo aos amigos do Facebook. Vamos discutir os manifestos eleitorais dos partidos que concorrem. É importante para a saúde da democracia no país. Vamos olhar para os méritos do que nos é proposto. Moçambique merece isso. E é possível. Não se trata de grandes obras de arte política. Do ponto de vista da apresentação de ideias e de profissionalismo o manifesto da Frelimo parece-me muito bem conseguido. Revela muito profissionalismo, embora na substância me pareça pobre por apenas apresentar uma grande lista de compras que se não articula com o facto de a Frelimo estar no poder desde o início de tudo isto e, acima de tudo, por não se fundar numa descrição clara do problema que a sua proposta quinquenal de governo pretende abordar. Nisto o MDM e a Renamo me parecem melhores, embora a apresentação dos seus manifestos seja profissionalmente medíocre. Não são directos, mas tanto o manifesto da Renamo quanto o do MDM apresentam Moçambique como um problema por resolver. Para a Renamo esse problema é a partidarização do Estado, enquanto que para o MDM são muitas coisas, todas elas interessantes, mas apresentadas de forma incoerente e atabalhoada. Retive, porque concordo, a necessidade de limitar os poderes do Chefe de Estado e dar maior autonomia às autarquias (a Renamo também tem uma referência a isto).
Estas diferenças podem reflectir a posição de cada partido em relação ao Estado. A Frelimo está no poder. Pode ser algo incoerente apresentar Moçambique como problema por resolver uma vez que ela há 40 anos que está a resolver esse problema. Acho muito desingenuo da sua parte terminar o seu manifesto com a frase “50 anos – unidos na luta contra a pobreza”. Esse slógan parece-me ter sido mal pensado. A Renamo e o MDM beneficiam do seu estatuto de oposição e têm maiores possibilidades de formularem o problema de Moçambique, sobretudo se essa formulação incluir o partido no poder como parte desse problema. O problema da Renamo é que nas suas acções (incluindo o desastre para onde conduziu o país nos últimos dois anos) tem pautado pelo desprezo à constituição. A legenda que descreve a vida do seu líder como uma história de sacrifício e batalhas vencidas pelo bem-estar do povo parece-me pouco apropriada por transmitir a imagem de alguém intransigente que não olha a meios para alcançar os seus objectivos (por mais inconfessos que possam ser). Já o MDM faz uma coisa muito interessante que consiste em tirar ilações, ainda que incompletas, da sua experiência de governo local para reflectir sobre o que precisa de mudar. O problema é de nunca, tanto quanto eu saiba, ter produzido nenhuma actividade política em torno destes assuntos sendo, por isso, estranho que escolha o momento das eleições para se enrolar nessa bandeira. Faz um uso excessivo (e irritante) do slógan “... para todos” num texto que bem reflectido e apresentado poderia ter sido mais interessante do que ficou. De momento é apenas um amontoado de ideias. Um desabafo: não percebo porque não foi possível entregar este texto a alguém competente na redação para fazer um trabalho editorial sério. Só a mensagem do seu líder logo no início mostra a falta de profissionalismo. Umas vezes é o partido, outras é ele que fala ao povo. Cai muito mal quando depois de se sugerir que é ele a falar apareça uma exortação para que se vote em “Daviz M. Simango”.
Cada um dos manifestos merece uma análise cuidada. Há assuntos cruciais que não merecem a atenção de nenhum dos partidos. Por exemplo, há muitas promessas (o que é natural em tempo de campanha), mas nenhum manifesto oferece ideias concretas sobre como a disponibilização dessas coisas todas será financiada. A Frelimo e o MDM falam do crescimento económico, enquanto que a Renamo fala de tributação e melhores salários. Mas como o aumento de infra-estruturas, de escolas e hospitais, etc. vai ser financiado ninguém diz. E receio que nem seja discutido, tão fascinados estamos todos com quem anda a colar que cartazes onde. É difícil extrair uma filosofia política dos manifestos. A Frelimo fala rapidamente de “socialismo democrático” e o MDM de “social democracia”. A Renamo define-se pelo compromisso com a economia do mercado, mas depois descreve um governo com atribuições que fariam corar de vergonha quem introduziu essa ideia de economia de mercado. Em todos os casos parece que se usam essas coisas como rótulos apenas. Outro aspecto que me parece merecer atenção especial é o facto de nenhum dos manifestos reflectir, digamos, a articulação clara de interesses sociais identificáveis. Neste sentido até parece-me haver poucas diferenças entre os três partidos, o que é preocupante, pois revelaria uma certa pobreza da nossa democracia. Ao que tudo indica, não há alternativas, apenas promessas de fazer o mesmo melhor. A este propósito achei interessante algo que encontrei no manifesto do MDM onde se escreve que se vai transformar “ a luta contra à [sic] pobreza” em “trabalhar para a riqueza” e se remata dizendo que a pobreza não é uma fatalidade e que é possível acabar com ela se se mudar de mentalidade. Lembra palavras de Guebuza pelas quais ele foi crucificado em público por “arrogância”.
Ao contrário da atitude cínica de algumas pessoas que acham que campanha eleitoral é apenas uma farsa acho que vale à pena perder algum tempo a discutir a sua substância. Mal ou bem, essa substância está contida nos manifestos. Vou tentar, nos próximos tempos, estimular alguma discussão de fundo sobre três aspectos que me parecem essenciais na avaliação dum manifesto, nomeadamente (a) como comentários retóricos que condenam ou aprovam, (b) como planos de acção e, finalmente, (c) como convintes à adesão. Há no conjunto destes três aspectos modelos de sociedade escondidos nas entrelinhas do texto cultural que um manifesto na realidade é. Mesmo se o eleitor comum não percebe nada do que lhe é proposto será sobre a viabilidade desses modelos que muitos vão votar no dia 15 de Outubro. Não me parece responsável que a gente se alheie deste tipo de debate só porque políticos são “mentirosos por natureza”. Até porque só com a interpelação crítica é que vamos obrigar a quem se mete na política a se comprometer com o que diz.
  • Manuel J. P. Sumbana Gostei da análise. E aceito o desafio.
  • Bayano Valy logo que terminar a minha leitura, vou aceitar o debate que lanças
  • Alexandre Zerinho Num outro forum de discussão teria se levantado em causa o facto dos manifestos só apresentarem metas por alcançar e não incluirem os meios a seguir para o tal alcance e a resposta exibida foi a de que os manifestos so devem apresentar as linhas gerais dos partidos (metas) e as estatégias (meios) seriam divulgados em comícios ou outros foruns de troca de ideias.
  • Manuel J. P. Sumbana Alguém me arranja os três manifestos?
  • Elisio Macamo pode ser, Alexandre Zerinho. mas duvido que um comício seja o lugar apropriado para discutir isso. parece desculpa.
  • Rui Miguel Lamarques Caro Elisio Macamo, o problema da qualidade dos manifestos reside na qualidade de exigência dos mesmos. Não se podem dissociar. E o nível do nosso debate revela isso. Enquanto funcionário do @Verdade procurei sempre os manifestos dos partidos políticos em período eleitoral. Contactei, nas últimas autárquicas - para usar um exemplo mais recente - através de cartas formais, os dois partidos e nenhum respondeu. Como alternativa pedi ao Galiza Matos Jr, ao Amosse Macamo e ao Gabriel Muthisse os manifestos dos candidatos da Frelimo. O Amosse ainda pediu-me a cópia da carta enviada ao secretário-geral do seu partido e mesmo assim não obtive manifesto algum. Liguei para tudo que é candidato de ambos partidos. Nenhum deu-me o manifesto. Em desespero tive de ligar para todos eles novamente e colocar questões claras: o que o senhor vai fazer na área das infra-estruturas e por aí em diante. Partindo das respostas construí aquilo que poderia chamar de manifesto e oferecer aos meus leitores. Portanto, há dois problemas aqui, mas todos radicam da falta de exigência dos eleitores.
  • Elisio Macamo imagino essas dificuldades, Rui Miguel Lamarques. desta vez, contudo, parece que a situação está melhor. cada um dos partidos tem os manifestos nas suas páginas da internet. a discussão desses documentos parece-me importante. ninguém que se interessa pela política pode se furtar.
  • Alexandre Zerinho Infelizmente, os que participam em comícios não estão em altura de questionar profundamente as estratégias (se eh que sao dados esse espaço) a serem adoptadas pelos partidos com vista a alcançar se as grandes promessas. Devo concordar com Rui quando afirma que o problema da qualidade dos manifestos reside na qualidade de exigência dos mesmos.
  • Elisio Macamo penso que se trata mais dum problema do local (comício) que não parece ideal para esse tipo de discussão. mas há outros lugares, por exemplo, debates na rádio ou na televisão.
  • Valério Adolfo Teko Modise Ha muita maldade no que as pessoas dizem. Sou da opinião que nem um, nem outro partido tem manifesto plausivel.
  • Manuel J. P. Sumbana Sim. O que se passa é que aqui não há debates radifónicos ou televisivos envolvendo os principais candidatos. Mesmo nas asutarquias alguns furtam-se. Mas os josrnalistas têm um oportunidade ímpar de recolher e sintetizar as preocupações dos leitores e questionar os candidatos...
  • Genitho Pinto Santana O problema de importar modelos que não reflectem a realidade dá nisso. Mesmo em casos que escrevem bons manifestos, assistimos uma serie de incuprimento por parte delas. Não é um fenomeno unico a relevancia que estes assumiram. O Obama prometeu e muito bem fechar guatemalo, raificar acordos sobre ambiente, aguardamos. Em Portugal, prometeram não subir impostos,subiram, em França...Nos paises europeus mesmo os nordicos so discutem migração anti-migração, o europeio anti europeio. É assim que muitos entram ou sem dos parlamentos. EM Moz, não escrevem coisas serias porque cumprem um ritual de eleições(Campanha). Ha 20 anos que abstenção vem aumentado, isso pode significar que ao contrario do que parece, as pessoas lêm os manifestos e não acham graça as suas politicas. Porque Escrevem manifestos para grande parte da poplação que não sabe ler portugues? É um exercicio inutil. sem substimar o conteudo devia-se questionar a forma-porquê escrevem manifestos para grande parte da população que não o podem descodificar?
  • Chigamoney Grande Análise interessante em tempo MUITO útil. É pena que muitos potenciais eleitores não tenham acesso a ela. Entretanto, concordo também que a (fraca) qualidade das nossas exigências, enquanto eleitores, influencia decisivamente a mediocridade e o "qualqueramento" das escolhas do que prometer ao eleitorado, independentemente de poder ou não cumprir. Não devemos permitir que os partidos políticos digam quaisquer coisas e continuemos a votá-los, porque tememos mudar o curso da história e os dividendos daí resultantes! Somente se se for exigente é que consiguir obrigar aos políticos a reflectir sobre se o que dizem, em campanhas, condiz com o que fazem pós-serem votados! É triste ser eleitor nestas condições!...
  • Lindolfo Stela Desejo este manifesto, quem tiver poste, por favor...porque se as intercalares fossem amanha, juro que Amuram seria uma lenda, fraude e aberacao, pelo desequilíbrio governativo, os nossos políticos confundem imagem com personagem....
  • Alexandre Zerinho Este é que é o grande problema do meu País: falta de foruns de debate!
  • Elisio Macamo acho que o problema está aí, Chigamoney Grande. o manifesto pode ser uma base útil de interpelação dos políticos. se eles não cumprirem, Genitho Pinto Santana, usaremos o manifesto para dizer que não cumpriram e eles vão dizer porquê. o debate político precisa duma base. o manifesto parece-me melhor do que o que estou a ver pelo facebook fora.
  • Lindolfo Stela Realmente, fácil marginalizar uma juventude, que nem sabe e como surgiu colocando nas paredes e no desequilíbrio mental e com fraca capacidade de descurtir assuntos da nação....
  • Manuel J. P. Sumbana http://www.renamo.org.mz/.../226-manifesto-eleitoral-do...
    www.renamo.org.mz
    Resistencia Nacional Mocambicana, Renamo maior partido da oposicao Mocambicana lutadora pela democracia e direitos humanos.
  • Genitho Pinto Santana Concordo com o Prof. Mas se o manifesto é para ser lido por 10% do eleitorado, talvez não seja recomendavel como indicador de cidadania e representativo de algo. Que é importante , assumo que sim mas quanto a sua exiquilibilidade em termos de debate de ideias politicas tenho algumas duvidas. Sugiro debates entre candidatos na TV, pode ter muito mais impacto uma vez muitos terem acesso e perceberem a lingua. Em termos do que dizem e escrevem, acho que não chegamos a um nivel de debate porque não ha ideias para debater. Apesar de não escrevem ideias não escreverem ideias serias os seus manifestos não são livres. Por exemplo, nunca fazem apelo a guerra, a discriminação.Os manifestos são feitos dentro de um parametro. Alguem pode postar os manifestos?
  • Manuel J. P. Sumbana O Manifesto do MDM não parece estar no site do MDM: www.mdm.org.mz...
    www.mdm.org.mz
     Historial do MDMNo dia 28 de Agosto de 2008, homens, mulheres e jovens tiveram ...a coragem de se levantar e inverter a situação política criada na cidade da Beira... See More
  • Elisio Macamo bom, não concordo consigo, Genitho Pinto Santana. acho que os manifestos têm ideias. não concordo com muitas delas, nem com a forma como são apresentadas. penso que mesmo a discussão que nós fazemos aqui sobre o conteúdo dos manifestos pode ajudar aos outros a entenderem os assuntos. nem tudo precisa de ser feito pelos partidos e pelos políticos. faz parte da cidadania interessar-se por estas coisas.
  • Amosse Macamo A FRELIMO tem uma experiência amarga de um manifesto seu que uma vez foi tomado num copyismo e pastyismo de arrepiar por um partido bem identificado da oposição. Em organizações grandes as coisas só fazem sentido quando tudo corre a contento até o dia em que se estragam porque ai procuram-se os culpados e se não aparecem até inventam-se. Muitas vezes temos o que se procura em mãos mas há um receio fundado de tirar antes da devida autorização que muitas vezes peca por ser tardia.
    Indo ao tema devo dizer que fica difícil discutir manifestos de quem nunca teve uma experiência de governação e até mínima de gestão da sua própria vida e negócios, isto porque se torna difícil demarcar o campo do realizável e do irrealizável.
    Explico-me: é fácil questionar a FRELIMO tendo em conta experiências anteriores e até dizer por exemplo que vocês prometem o mesmo a anos e nunca fizeram mas já não a um partido como o MDM. E é um pouco disto que pode fazer com que estes partidos tragam o melhor manifesto por exemplo em termos de alinhamento de ideias mas irrealizável na prática porque na verdade cortaram e colaram de um site qualquer por aí.
    Contudo aceito sim o desafio de discutir os manifestos ciente de que no final do dia discutiremos apenas um único manifesto: o do partido no poder.
  • Manuel J. P. Sumbana Sim, Amosse Macamo, os partidos no poder são os que mais sofrem o escrutíneo. E seria de esperar que pela sua experiência apresentem os melhores ou mais apetecíveis manuais em termos de exequibilidade...
  • Genitho Pinto Santana Os manifestos são mesmo para não concordar ou concordar, isso permite direcionar o voto. Se escrevesse que vão liberalizar a suruma, eu nao so concordaria assim como votaria nele, outro talvez discordasse. Creio ser fundamental podermos concordar e discordar das ideias ali expostas. O Prof. fala de cidadania , então, julgo importante discutir a democratização dos manifestos. Não se pode falar de cidadania e discurar os seus pressupostos basicos-a igualidade, universalidade. Creio que os academicos podiam reflectr em torno da forma de expor as ideias-seria o manifestos o canal democratico? AInda que exclua a prior grande parte do eleitor? Digo isto , por hipotese responde as questões do post relativamente ao votos nos partidos. Democracia sim , democratização do manifesto é bem-vinda. As ideias do manifestos jamais ditarão o sentido de voto porque ela exclui a maioria dos votantes. Sò isto.
  • Elisio Macamo por mim, mpoyombo, a discussão pode até se reduzir à discussão do manifesto da frelimo. mas acho isso importante mesmo no interesse da própria frelimo. só discutindo coisas concretas é que a demagogia pode ser desmascarada. por respeito aos eleitores é importante que se discuta a substância. e também por uma questão estratégica...
  • Amosse Macamo O Ross Perot a concorrer como independente já chegou a atingir 18 por cento da intenção do voto algo inédito como independente e que se justificou pelo discurso simples mas possível do seu manifesto: ensinar os americanos a enriquecerem. Dizia ele que a América era uma grande nação e os americanos um grande povo porém mal dirigidos pelo que ele era a solução propondo-se assim a ensinar os americanos a ganhar dinheiro. Este discurso teve eco porque sabia-se que ele era dos homens mais ricos do mundo e logo, com capacidade para ensinar as pessoas a enriquecerem como dizia.
    Não sei se apanham o meu raciocínio…..
  • Gervasioa Absolone Chambo O texto do estimado prof. E. Macamo é provocador, intriga-me, acorda-me. Tenho a honra de declarar-me burro em muito momentos mas “desburro-me” sempre que leio suas reflexões.
    Olhando com atenção para os três partidos Frelimo, MDM e Renamo, seria absurdo admitir-se que haja um manifesto eleitoral para além das marchas, camisetes, planfletos, cânticos, viaturas, motas, lenços e muitas ou poucas pessoas em marchas de campanhas de voto (o interesse é o voto para subir ou manter de vida no topo do governo).
    Penso que, não obstante, o índice de analfabetismo ser alto em Moçambique, devíamos merecer um manifesto escrito e assinado pelos candidatos a Ponta-vermelha. Não estou a exigir demais contudo, ganharíamos todos nós os eleitores pois ao menos, tentaríamos compreender os planos políticos, económicos, sociais e culturais de cada um. Aos moçambicanos que não possuem a arte de ler e escrever em português por razões de políticas de educação incompletas, teriam a graça de acender aos manifestos eleitorais lidos pelos seus filhos, netos, vizinhos ou directamente nos comícios ou agendas propagandísticas.
    Eu, do pouco que sei da Análise de Discurso (uma parte actual da Linguística Aplicada), consigo ver muitos dados que resulta da confusão e conflito do discurso. Enfim, fico muito receoso se tenho que votar a quem? Por quê e para quê?
    O mais caricato destes protagonistas é que eles são os que falam e não o cidadão. Eles não perguntam o que o cidadão gostaria de ver resolvido ou superado. As promessas que fazem não são registadas para efeitos de ajustes de contas. Continuo a dizer que tenho muitos receios em quem devo votar.
    Só para terminar, o elenco da Frelimo (os grandes e chefes) mostram-se que não são povo qualquer. Os do MDM posicionam-se como religiosos que identificam os diabos que fazem a guerra. A Renamo parece um bom menino que adora ao povo e que por isso o mata sempre que quer atingir os objectivos desse povo. Opa… talvez devia criar o meu partido para votar-me a mim mesmo.
    Com todo respeito… avante o debate.
  • Amosse Macamo Chambo, penso que a FRELIMO deu um passo no mapeamento dos problemas da população e desafios de desenvolvimento com a Presidência Aberta e Inclusiva e transformou estes desafios em manifesto ficando a dúvida se bem ou mal acentuados o que só seria possível aferir com a discussão que o Professor sugere.
  • Elisio Macamo ya, não estou a apanhar o teu raciocínio, mpoyombo. o caso de perrot e de muitos outros (as últimas eleições em portugal, etc.) mostra duas coisas. primeiro, nenhuma oposição ganha eleições. só partidos no poder é que perdem eleições. segundo, o contexto em que promessas são feitas pode ser determinante. neste momento, a frelimo tem todo o interesse numa discussão substancial sob pena de dar espaço à demagogia... Gervasioa Absolone Chambo, isso parece-me demasiado cínico. os manifestos existem e podem ser lidos. os partidos políticos fazem parte da sociedade. os manifestos, na medida em que reflectem as discussões havidas no interior desses partidos, constituem a auscultação dos cidadãos. é por via dos partidos políticos que se faz a democracia. quem não se junta a nenhum partido ou se organiza de outra maneira fá-lo por risco próprio.
  • Clayton Johnam Tenho as minhas reservas se um debate desta natureza, nas redes sociais, surtiria algum efeito decisivo e significativo na consciência dos eleitores, digo isto por falta da participação dos próprios partidos no Debate. Julgo que uma acção concertada com os vários meios de comunicação, designadamente as televisões e as rádios poderíamos eventualmente almejar uma discussão séria sobre os manifestos, incluindo os dos outros partidos que somente estão na concorrência das legislativas. Tenho acompanhado com algum interesse a forma do debate usada nas eleições brasileiras e no tipo de regras para esse debate, criadas com plena participação das assessorias das campanhas dos partidos para conferir uma maior transparência. Mas o mais positivo é que o eleitor tem a possibilidade de enviar para as redacções desses meios de comunicação as suas perguntas que, posteriormente são feitas aos candidatos através do moderador do debate. Para além disso, é interessante ver o debate entre os próprios candidatos que tem oportunidade, com tempo cronometrado, de se questionarem sobre os diversos temas do manifesto eleitoral proposto, havendo lugar a uma réplica e tréplica das questões suscitadas. Eu penso que aqui em Moçambique há condições para adoptar esse sistema, e temos, pelo menos a TVM e a STV a cobrirem quase todo o Pais (incluindo grande parte dos Distritos) que podem transmitir em Directo as discussões. Acho que ganhavam os Partidos os eleitores e o País.
  • Amosse Macamo “…Só os partidos políticos é que perdem as eleições…” sim e só estes tem e devem ter preocupação que se discutam os manifestos porque sabem que não podem improvisar. Olhei para o Perot como um gestor diligente que sabe que não podia vender um discurso que se sabe irrealizável justamente pela sua responsabilidade e qualidade. Se um dos dirigentes da oposição fosse um gestor diligente como Perot captaria o meu interesse em discutir o seu manifesto mas agora eu sei que é tudo apenas para capturar o meu voto.
  • Elisio Macamo "ntafahindhlela", Salvador Grande, é uma expressão usada pelo músico xidiminguana numa das suas composições para designar a viatura com tracção a quatro rodas. e o termo "4x4" é usado para designar explicações "todo o terreno". "ntafahindhlela" quer dizer, literalmente, morrer pelo caminho... imensas desculpas aos que não falam xangan.
  • Elisio Macamo eu acho que há mérito, Clayton Johnam, na discussão dos manifestos no facebook. penso que essa discussão é sempre melhor do que o espectáculo triste dos reparos pontuais sobre o visual dos adversários... eu pelo menos acho ser minha responsabilidade chamar a atenção para esse lado. e os partidos têm manifestos, todos eles, bem ou mal escritos, estão lá a dizer o que querem fazer deste país. também por respeito a esses partidos penso ser importante discutir as suas ideias. Amosse, vamos divergir. fiquei surpreendido com algumas coisas interessantes no manifesto da renamo. é claro que eles querem o nosso voto, todos querem. a tua exigência lembra-me um hábito que havia em moçambique nos anos oitenta. só viajava em delegações oficiais quem tivesse "experiência de viagem", mas ninguém dizia como obter essa experiência sem nunca viajar...
  • Amosse Macamo kkkkkkkkkkkKkkkkk essa de experiência de viagem foi forte. Não estou a exigir experiência não, apenas razoabilidade e lembrar que cada um destes já teve uma circunscrição territorial para gerir e não conseguiram operar mudanças…mas eu aguardo as provocações sim porque de resto aceito que devemos discutir mesmo com as reservas que tenho.
  • Júlio Mutisse Pregador do deserto na wena Elisio Macamo... só não tão pregador como o Pregadori Du Languani Dezertu
  • Júlio Mutisse Mais a sério, mano o que quer que discutamos? Os manifestos em si ou as alternativas/mecanismos de os realizar? O manifesto é a enunciação geral, precisamos do específico e isso não se consegue na campanha ao nível do que se faz hoje. Esta campanha está toldda para o folclore... esquece então o nível do debate que espera.
  • Amosse Macamo Júlio discordo que o Professor seja pregador do deserto. A experiência daqui do facebook e do passado dos blogs desmente essa tese e coloca o professor como pregador de um oásis e não deserto e definitivamente ele é ouvido e bem(e sabes que mesmo os que o combaterem se vaveki matlarhihansi.
  • Josina Malique Onde se encaixam os programas quinquenais de Governo entao? Qual e a distancia entre um manifesto e um PQG?
  • Amosse Macamo “…os mecanismos de realização desses manifestos… “-está ai o ponto
  • Elisio Macamo vamos continuar amanhã, estou de saída. abraços
  • Júlio Mutisse Por isso oh Amosse Macamo, veio o meu comentário "mais a sério"! Não será nos moldes da campanha actual que se discutirão as formas como cada um quer dar mais emprego etc. Será frente a frente... onde todos estenderão os seus manifestos. Assim é folclore só...
  • Josina Malique Se a lei exigisse que em campanha os partidos devessem usar os seus PQG, uma vez assumirem estar prontos para constituir governo e dirigir um pais ai sim, alguns candidatos fariam campanhas mudas. Ate amanha!
  • Clayton Johnam Espero estar enganado Professor, e que de facto haja mérito destes debates nas redes sociais, e que eles atinjam os fins a que se destinam.
  • Jorge Djedje Prof obrigado por esta grande provocação! Penso que o voto reflecte as opções partidárias permanentes ou temporários. Se esta proposição for verdadeira há espaço para esta pergunta: o que faz alguém optar por ser membro ou simpatizante da FRELIMO, RENAMO ou MDM? Duvido que as pessoas procurem os estatutos Partidários para tomarem decisão de adesão ou não! Muitos aderiram a oposição como "vingança" ou reivindicação de algo(?!). Agora, como esperar que a decisão de voto seja resultado de conhecimento de manifestos se nem estatutos conhecem? Prof Mazula já escreveu " ... É muito difícil edificar Estado Democrático com elevada taxa de analfabetismo". Por isso, os espertos como Miguel Mabote, simplificam assunto e pedem voto prometendo salário mínimo de 7 mil meticais e não se dá maçada de explicar como chegou a esse valor... A terminar, que tal manifesto nas línguas locais para minha mãe khombo muni decidir melhor aquém deve votar? Abraço ao conterrâneo Elisio Macamo!
  • Elcidio Mualisa É muito bom ouvir este tipo de comentários neste momento. Quero acreditar que o povo mocambicano já percebeu todas as manobras dos nossos partidos politicos, mas primeiro ele não têm alternativa, segundo vota pela história, isto é, tem em mente que a Frelimo libertou o país do jugo colonial, pensa que a Renamo foi desde o princípio estrimentalizado pelo colonos e pelo regime do Apartheid tendo criado terror e o MDM é visto como descendente da Renamo. Porém, a verdade é que a transmissão dos valores e ou história oral de geração em geração aliado a educação deformada faz com que os jovens não se desatem da tirania frelimista. Acredito que os meios de comunicação social teriam um grande papel neste momento, mas infelizmente também estão corrompidos daí que são passivos.
  • Emilio Maueie Professor, sem "autoridade" (no sentido de sustentação) para falar de assunto Tao complexo como este, posso arriscar duas posições. 1- (a maioria d)os eleitores "não precisam" de conhecer o manifesto para votar no seu candidato/partido. Isto é, vota-se por outros motivos, e nao necessariamente o manifesto, por isso, n precisam conhece-lo. 2- Os politicos (candidatos/partidos) sabem do nr 1 e nao gastam tempo em se concentrar no manifesto, por isso, pouco importa sua coerência pois, ganham/perdem nao por causa (da incoerência) do manifesto eleitoral. Concordando consigo, urge cultivar o debate sobre a substância dos manifestos eleitorais para o bem da nação que se quer democrática.
  • Jorge Djedje Elidido Mualisa, por favor não use reflexão e proposta de debate lançado pelo professor para puxar sardinha a sua brasa! Sei que não é fácil, mas tente despir-se da sua ideologia partidária! O prof faz análise neutra, não manipule o debate!
  • Edgar Manuel Bernardo Professor Elisio Macamo, sem dúvidas que a nossa cultura politica precisa mudar e muito. Parece que votamos por conveniência e simpatias mais do que ideias. Me parece que essa forma se reflecte ate nas pessoas um pouco mais esclarecidas. Possivelmente os manifestos sejam imagem e semelhança de nós. Faço uma analogia com o "chapa somos nós". E digo, o manifesto somos nós. O manifestos traduzem nada mais que o nosso estágio de "(i)maturidade politica". Estou acompnhando o nivel de debate no Brasil pela campanha eleitoral em curso e percebo que temos muito pela frente. Porque as pessoas questionam, discutem e cobram os manifestos, a Marina (candidata a presidente) nao para de rectificar elementos do seu manifesto. Situação igual com os outros canditatos.
  • Júlio Mutisse A política em Moçambique precisa agregar uma dose grande de profissionalismo como em todas as áreas. O país mudou muito de 1994 a esta parte. O orgulho com que anunciamos graduações etc deve estar em linha com o conhecimento de que temos cada vez mais massa pensante mais exigente, que, nesta fase, procurará nos manifestos respostas, não só em forma de "lista de compras" mas na forma como cada um se propõe a trazer essas compras a nossa vida. A nossa política actual está virada para o folclore e não para isso! Não se ganham eleições com os que querem avaliar medidas de promoção de emprego... por isso nenhum manifesto está a discutir isso e vão ficando para trás perguntas sobre se a promoção do emprego (usado aqui por exemplo) será via legislativa, fiscal ou outra...
  • Niz Combe polticou bem face a pertinencia de acompanharmos com olhos esbugalhados o manifesto eleitoral dos partdos que mesmo assim fazem perceber a hipocrisia dos polticos que so vao as bases em periodos de campahas. segundo. como e que o presidente da republica faz campanha isso me chateia sabes. terceiro sera que a frelimo ja cumpriu algum manifesto deste 50 anos de governacao. esta seria altura de mostrar ao povo que de facto eles cumpriram na integra seu manifesto e o povo saiu beneficiado.viste a veronica macamo afalar changana e a margarida talapa a calcorrear o solo mocambicano,estes camaradas me chateiam sabes,porque nao sao gente que amam o povo sabes. ideias politicamente brilhantes nao sao arca de noe porque mais do que isso e necessario cumpri-las
  • Manuel Viriato Oba oba oba. Desde domingo que solicito os manifestos eleitorais de cada um dos principais partidos candidatos a tentar governar o meu país nos próximos cinco anos. Lamentavelmente tenho tido alguma dificuldade de reunir os três. Até ao momento tive acesso ao da Frelimo e da Renamo faltando o do MDM. Pelo que vi nos dois que manifestos que tive acesso continuo sem saber porque votar em um ou em outro, no entanto, tenho de concordar que deixaram boas bases para que sejam questionados. A informação patente nos manifestos não é substancial principalmente para o partido Frelimo que como diz no final de sua dissertação está a 50 anos a "tentar" governar (na minha opinião). Vou falar apenas do primeiro pilar da Frelimo "Consolidação da unidade nacional": 1. Penso que não havia necessidade de repetir a palavra FRELIMO a cada inicio de paragrafo apesar de perceber que pode ter sido uma estratégia de visibilidade (infeliz se me permitem); 2. Em quase todos os parágrafos fala-se de promover, fazer, mobilizar, etc mas, em nenhum deles se percebe o que foi encontrado na presidência aberta (que deve ser o diagnóstico feito para produzir o manifesto) que levou a que se chega-se a necessidade de realizar determinado trabalho com lógica "x", "y" ou "z"; 3. Não esta patente no pilar em discussão o que é unidade nacional na óptica da Frelimo pois, em tempos vi alguns perderem oportunidades mesmo sendo capazes por alegada defesa a unidade nacional. Olhando agora para a parte II da Renamo dado que a parte I não apresenta nenhum titulo "Desenvolvimento sócio económico": 1. No seu primeiro capitulo fala da Família, Juventude e desportos mas, tal o manifesto do partido no poder não apresenta nenhuma base de porque não há promoção do sistema materno infantil, é preciso apresentar factos que façam perceber ao eleitorado que isto não está bem por isto e aquilo e pretendemos melhorar fazendo isto e aquilo; 2. Fala de promoção de acesso ao emprego mas, não é claro como essa promoção será feita e nem explora como vai tirar proveito do que já vem sendo feito (mesmo que mal) como formar de catapultar os jovens para o mercado de trabalho; 3. No capitulo II da referida parte fala de educação e cultura e não faz nenhuma ligação com o exposto no anterior capitulo. PS: Penso que ambos deverão pedir aos órgãos de informação um frente à frente que lhes possa permitir esclarecer os seus pontos de vista em relação ao trabalho que pretendem desenvolver caso ascendam ou mantenham-se no poder. PS2: É preciso trocar esse palavreado todos em factos concretos que podem ser distribuídos em folhetos e não apenas priorizar panfletos com a imagem dos candidatos pois, a campanha pode e deve servir como meio de estimulo a leitura e a compreensão do que verdadeiramente se passa no nosso belo Moçambique.
  • Luisa Fernando Uachisso Parabens pela iniciativa Doutor! O Pais precisa de mais cidadaos como o Doutor para convidar os mocambicanos a reflectir sobre a sua vida porque concordando com Quetxoalo, nao ter nada a ver com a politica eh o mesmo que assistir a TV sem remoto controlo, corre-se o risco de assistir o que nao se quer! Indo directamente ao tema, eu sugiro que se tenha tambem em conta o processo adoptado pelos Partidos Politicos mocambicanos para a elaboracao dos manifestos eleitorais. Isto porque entendo que o manifesto eleitoral de um partido que se identifica com a democracia deve reflectir as preocupacoes da maioria e apresentar as solucoes para as mesmas! Este facto ocorre na minha opniao atraves da transformacao do manifesto eleitoral em programa quinquenal do governo, que deve ser pragmatico, havendo porem a necessidade de atraves do plano economico e social ( PES), aprovado anualmente pela Assembleia da Republica apresentar os detalhes de como se pretende materializar os objectivos estrategicos contidos no programa quinquenal! Olhando para este quadro sou tentada a discordar com a opiniao que defende que ha uma uma "fraca exigencia" e considerar que pode haver uma diversidade das exigencias que reflectem a realidade dos mocambicanos! Qual seria esta realidade? Diz se que cerca de 80% da populacao mocamicana ainda eh camponesa o que significaria que o partido politico que pratica a democracia e estah estruturado ateh a aldeia no processo de auscultacao sobre a elaboracao do manifesto desceria ateh a aldeia, e admitindo que os orgaos que validam as ideias recolhidas sao maioritamente representados pelos 80% caberia ao resto dos membros o papel de, com profissionalismo. alinhavar aquelas ideias! Esta representatividade tambem sefaz sentir na composicao da Assembleia da Republica que tem o papel de aprovar o programa quinquenal ( manifesto eleitoral transformado), de aprovar o PES e fiscalizar a sua implementacao. O Desafio que coloco aos intelectuais do meu Pais eh de contribuir com estudos para cientificamente munir os 80% de remoto controlo para realmente assistirem o que querem! Adianto duas propostas para pesquisa; Seria interessante por exemplo saber como os partidos politicos conduzem o processo de elaboracao do manifesto eleitoral Assim como saber quem faz parte da Assembleia da Republica ( eh facil soh sao 250 deputados)! Quem sao? como sao escolhidos? a quem representam ( em termos de estratos sociais). A terminar quero concordar que a forma como se faz a gestao interna dos partidos politicos pode ser um bom indicador para influenciar a tendencia do voto! Para falar da democracia no pais, deve-se praticar e demonstrar a democracia primeiro no seio do partido! Para falar de combate ao nepotismo deve-se evitar a pratica de actos que levantem suspeitas de casos de nepotismo no seio do partido!
  • Elcidio Mualisa Jorge, acho que não percebeu o meu raciocínio ou talvez nao consegui colocar de uma forma coerente a ideia. O que quero deixar transparecer é que os mocambicanos nao olham para os manifestos eleitorais, apenas votam pelo passado historica de cada partido e esses valores Sao transmitidos a camada jovem. Portanto, não quero dzer que o partido Z ou y é perfecto como você percebeu.
  • Jorge Djedje Permita-me retratar-me perante o Mualisa! De facto, interpretei mal o seu raciocino, o seu post é neutral! Sinceras desculpas pelos transtornos. Espero que me perceba!
  • Daniel Xadreque Guemete Talvez porque toleramos muitas injustiças em certas ocasiões.
  • Nelson Manhisse E para ir na ideia de Elcidio Mualisa, o olhar do passado histórico é tão caricato que só se olha a longevidade deste ou daquele, e como muito se pergunta nos meios rurais, essa oposição o que fez? A ideia do Prof Elisio Macamo de se discutir manifestos eleitorais é muito oportuna, porque mais tarde, durante as presidências abertas, caso ainda continuem, perguntaremos ao então PR se ainda se lembra daquilo que defendia no seu manifesto e que não vemos a sua execução no terreno.
  • Elisio Macamo acho que o teu último comentário, Júlio, dá a resposta que teria dado no prosseguimento da discussão iniciada ontem. caso contrário, não faz sentido ter manifestos eleitorais. mas o melhor é passar mesmo à discussão e já o fiz com uma postagem bem recente. e para esclarecer à Josina Malique, se percebi bem a sua pergunta, o próprio manifesto da frelimo diz, logo no início, que se trata do seu projecto de governação para o quinquénio 2015-2019. é claro que ele não precisa de ser detalhado. mas a sua discussão pode e deve ser detalhada. se alguém diz que vai construir mais escolas eu gostaria de saber onde vai buscar o dinheiro para isso. se diz que vai construir mais escolas e hospitais vou querer saber o que vai priorizar uma vez que o dinheiro não vai chegar para as duas coisas. etc.
  • Eduardo Costa Dias Como em Angola (se houver eleições) estas eleições em Moçambique, têm sobertudo para um observador externo que não sofre as consequencias das más escolhas e de tudo o resto, um pequeno atractivo: são as eleições da transição geracional, da que é do tempo da luta para outra que da luta só oviu falar (e muito!). Provavelmente estará na hora de começar a perguntar-se: faz sentido partidos como a Frelimo, o MPLA, a Unita, a Renamo? O que é hoje a Frelimo ou o MPLA para não falar do PAIGC? Se for exactamente como se vê e diz pouco mais do que uma reunião de grupos de interesses "sem norte" ideologico.
  • Júlio Mutisse Eu não sei se, no geral, a elaboração do manifesto é acompanhada do desenhar de mecanismos de implantação! Do pensar de alternativas de realização... por isso é difícil discutir como realizaremos estes manifestos!
  • Nelson Manhisse Mais do que um norte ideológico, são muito incapazes de criar uma discussão e um certo antagonismo dentro deles próprios. Os poucos jovens que neles ingressam, muitos dos quais eu pessoalmente tinha uma simpatia por eles, saem hoje com discursos vazios. Palavras pomposas, mas sem conteúdo, endeusamento dos "pais libertadores". E é isto que me faz virar às costas para a nossa forma de politiquice, é que há uma espécie de pecado original que carregamos, devemos pagar aos que nos libertaram, não será uma outra escravidão (sem abuso do termo)? Em Angola, a nova oposição parece-me, a meu ver, estar muito bem ligada a defensores de direitos humanos, do ambiente, de ética, e longe dos feitos e efeitos bélicos, o que é mais ou menos comparável ao MDM, embora embrionário.
  • Nelson Manhisse é difícil discutirmos estes manifestos nós receptores, mas em casos como EUA (não me venham com a demagogia de não devemos comparar, please!), os elaboradores dos manifestos é que detalham a aplicação real destes manifestos. As rádios passam mensagens de uma ala e deixam a outra; os discursos em comícios, são apenas promessas e mais promessas; o povo não sabe ler os manifestos, mas eles podem ser muito bem explicados oralmente a este mesmo povo. É isto que pedimos, uma códea do todo.
  • Eduardo Costa Dias A praticas do MPLA e da Frelimo, para falarmos só destes dois - em Portugal temos, nos ultimos 20 anos, o caso das juventudes partidarias - só conseguem "agarrar" jovens que querem fazer carreira.... que para ser coroada de exito não pode nunca ser... desconforme com o discurso vazio e de circunstancia. Uma pena porque há muito criatividade e entusiasmo pela coisa politica num e noutro país.
  • Júlio Mutisse Eu não condeno quem veja na política um trampolim. Nem um pouco. Todos temos ambições e é legítimo ter. A minha preocupação está na percepção que devemos ter das mudanças que vão ocorrendo. Jovens, formados e cada vez mais informados devemos ser agentes de mudança, de adaptação a novas formas de estar e fazer política. Com as melhores ideias que possamos ter para manifesto, devemos ir buscar um expert em comunicação política, um expert em outra área relevante, pagar lhes bem e eles articularem nossas ideias e produzirem um manifesto que capte a mamana de Mazucane, o jovem de govuro e o recém formado da cidade com aspirações próprias e distintas dos demais.
  • Nelson Manhisse Isso meu caro Júlio seria comunicação em política e numa política bem feita só ganha quem melhor se comunica, não é o nosso caso. A parte de trampolim, não estou de todo contra, são poucos os que querem levar uma vida freeconomy dos quais não sou, mas haja senso. A forma como se actua é tão igual aos falsificados pastores das igrejas feitas de um dia para outro que me aparecem na rua convencidos de me poder me convencer a segui-los.
  • Eduardo Costa Dias Julio: eu continuo a achar que a politica tem o seu quê de arte. e como tal perde bastante se se deixar "enquadrar" cegamente pelos "expert". O vender da politica não é o expert ou o publicitário é o miltante é, se quisermos, o mexilhão. Pronto nao escrevo mais. Nao quero secar um debate tao intressante como o que estava a haver antes do meu 1º comentário
  • Júlio Mutisse Eduardo, escreva. O militante não é excluído, ele está lá mas na esteira da profissionalização que defendo, deixa que profissionais de áreas distintas façam a articulação das diversas ideias produzidas. É como fazemos em casa (eu pelo menos), abasteco a cozinha e alguém, a cada momento Cozinha hehehehehe.
  • Eduardo Costa Dias Eu sei cozinhar Julio e, dizem , nada mal. Incluindo Caril de.. com o caril feito na altura! Eu ainda guardo do passado, talvez com romantismo a mais, a imagem do militante dedicado que mobilza: operario especializado em coisas não especializadas! Digo isto sem menosprezar os expert; fora da politica, ainda que com lacunas, eu sou um expert em tres ou quatro coisas!
  • Nelson Manhisse Quando um operário sai e fala para outros operários que é preciso votar neste ou naquele porque irá mudar de facto alguma coisa, é diferente de um "tipo" formado em comunicação estratégica ou outra que podia vender até armas no céu.
  • Luisa Fernando Uachisso Quero tentar responder a pergunta onde se vai buscar o dinheiro para construir mais escola ou mais hospitais por exemplo. Anualmente o Governo faz uma projeccao das receitas que vai arrecadar e submete para Assembleia da Republica como proposta de orcamento, ou seja o Governo apresenta uma proposta de plano que aqui eh conhecido por PES e do respectivo orcamento. Para o nosso caso dado o fraco poder economico dos mocambicanos ( nao percamos de vista, os cerca de 80% no campo) o Governo conta com as fontes internas ( impostos, taxas) e com o financiamento externo. Esssas projeccoes sao feitas dentro de uma realidade concreta por isso nao seria na minha humilde opiniao, no ambito de um manifesto que se supoe pragmatico, indicador dos objectivos estrategicos ou as linhas gerais que se realizam conforme as capacidades do momento que se precisariam os valores e a proveniencia destes para o respectivo cumprimento ! Para terminar e para ajudar a reflexao acho importante referir que dos cerca de 24 milhoes de mocambicanos apenas 15% paga o imposto por exemplo....
  • Elisio Macamo perdi a discussão quando estava no seu auge. que pena! de qualquer maneira gostaria de comentar o primeiro comentário do Eduardo Costa Dias sobre os partidos libertadores. concordo que os mitos fundadores estão muito usados e que podem ser responsáveis por um modo problemático de fazer política. em moçambique a frelimo, com guebuza, tentou reinventar-se, algo que logrou melhor no primeiro mandato do que no segundo. no segundo mandato ela ficou refém do seu papel dominante no sistema político com a instrumentalização do poder quase absoluto que ela ganhou por parte de certos grupos carreiristas. este vai ser o maior desafio que ela vai enfrentar nos próximos anos e conforme vou tentar mostrar quando analisar os planos de acção propostos pelos manifestos. abraços!
  • Elisio Macamo Luisa, estás bem activa por aqui, que bom! a questão que eu levantava tinha mesmo em conta esse facto que apontas. se só 15% dos moçambicanos pagam impostos donde virá o dinheiro para financiar tanta obra prometida nos manifestos? é verdade que nesta fase não podemos exigir nenhum detalhe, mas penso que a discussão dos programas eleitorais poderia aflorar essa questão. parece-me muito importante.
  • Stelio Nhaca O manifesto que vejo e' o de so querer ganhar! Ouvi um candidato dizendo q Milange pela densidade populacional q tem ja devia ter uma Universidade e um hospital maior, ouvi 2 a prometerem salarios "justos" e dignos a professores, ouvi 2 a prometer casas mais baratas para jovens (candidatos sao so 3 eu sei ha aqui quem prometeu tudo). O que mais me espanta e' nao dizem de onde vira o financiamento, como sera devolvido e melhor em que ano do mandato isso acontecera para uma melhor fiscalizacao! Estas eleicoes tem a particularidade dos 3 candidatos nunca terem sido presidentes, pelo q a discussao dos manifestos deveria ser detalhada pois isto ajudara para ver se o vencedor e' serio. Boas obras no 1m mandato darao maioria no segundo, caso contrario ... (fiquei sem manifesto)!
  • Celio Coster Bem haja Quadro Jorge Djedje. Bela discussão nos trazes.
  • Elisio Macamo eu considero as promessas eleitorais normais, Stelio Nhaca. os candidatos podem prometer tudo o que quiserem. cabe a nós eleitores interpelar os candidatos em relação à maneira como essas promessas serão cumpridas. a questão do financiamento é crucial, mas somos nós que a devemos levantar, não necessariamente os candidatos.
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