0A vigilância de operações financeiras foi feita por uma divisão especial da NSA sob o nome de Follow the Money. Ela, como se evidencia dos documentos do “arquivo de Snowden” acompanhou os pagamentos internacionais por cartões bancários dos maiores sistemas de pagamento, inclusive Visa. O objetivo foi obter acesso a transações, realizadas por usuários de cartões de crédito na Europa, África e Oriente Médio. A informação coletada foi enviada para uma base especial de dados – em 2011 lá se encontravam cerca de 180 milhões de registros.
0Além disso, a NSA vigiou os dados de transações através do sistema interbancário SWIFT. Mais de dez mil bancos de duzentos e doze países usam seus serviços. Em Washington admitem que os serviços de inteligência coletam informações econômicas e financeiras, mas justificam isto com a necessidade de descobrir os fluxos financeiros dos terroristas. Os americanos conduzem-se segundo o princípio “se algo é necessário, então tudo é permitido”, considera o provedor russo dos direitos humanos na área financeira, Pavel Medvedev:
0“Eles temem os terroristas e as medidas que os americanos tomaram depois de 11 de setembro foram eficazes. Estas foram diferentes medidas, inclusive algumas que não são aceites em boa sociedade. Mas na jurisdição há o seguinte princípio: a lei pode ser violada se a sua observância levar a consequências mais terríveis.”
0Segundo Medvedev, com esse gênero de métodos Washington conseguiu melhorias visíveis no sistema financeiro. Por exemplo, a liquidação de parte considerável dos offshores. Naturalmente que a informação obtida pelos serviços de inteligência constitui, com frequência, sigilo comercial e bancário, que pode ser usada com determinados objetivos. Mas, como asseveram em Washington, a máquina estatal americana é suficientemente bem ajustada para reduzir ao mínimo possíveis abusos. Aliás, alguns especialistas consideram que os interesses reais dos serviços de inteligência ultrapassam em muito os limites do combate à ameaça terrorista. Este é também o ponto de vista do especialista Pavel Svyatenkov.
0“Eu penso que isto não é combate ao terrorismo como tal, é simplesmente uma tentativa de saber tudo, sobre todos. O combate ao terrorismo neste caso é pretexto para esta vigilância.”
0Os parlamentares europeus estão indignados e isto é compreensível – os políticos querem a simpatia da opinião pública, que está muito indignada, supõe Pavel Svyatenkov:
0“Mas, provavelmente esta indignação não levará a nenhum passo real, porque a União Europeia está interessada na cooperação com os Estados Unidos. Eu penso que os países europeus, como já aconteceu antes, farão duras declarações, entregarão notas de protesto, convidarão embaixadores, mas tudo se limitará a isto.”
0O escândalo transforma-se em rotina, todos sabem o que acontece, mas ninguém imagina o que fazer. Sobretudo, porque se torna absolutamente evidente que os EUA não desistirão da possibilidade de vigiar o mundo inteiro.