quinta-feira, 6 de junho de 2013

Rebeldes sírios e tropas travam combates na fronteira das Colinas do Golan

 

Segundo ativistas e forças israelenses, rebeldes capturaram região, mas TV estatal e fontes dizem que local já foi retomado pelo Exército do regime de Assad

iG São Paulo | - Atualizada às
Os rebeldes sírios que lutam para derrubar o governo do presidente Bashar al-Assad capturaram nesta quinta-feira (6) a única passagem de fronteira da Síria para as Colinas do Golan, ocupadas por Israel desde 1967, informaram forças israelenses e ativistas.
A passagem raramente usada, localizada em uma zona desmilitarizada patrulhada pela ONU nas Colinas do Golan, é o único ponto de trânsito na linha de separação entre as forças sírias e israelenses, estabelecida em 1974.
AP
Fumaça é vista no vilarejo sírio de Quneitra perto da fronteira de Israel
A Áustria anunciou a retirada de suas tropas da força de paz da ONU do território. "Os acontecimentos (combates entre tropas e rebeldes) mostrou que a espera não poderia mais ser justificada", disseram o chanceler austríaco Werner Fayman e o ministro das Relações Exteriores do país, Michael Spindelegger, em comunicado conjunto.
A Áustria fornecia 377 dos 911 representantes das forças de paz. Dois integrantes da missão da ONU ficaram feridos nos combates desta quinta-feira.
As forças israelenses foram colocadas em alerta no delicado território alvo de disputas enquanto a violência da guerra civil na Síria ameaça se espalhar pelo território do Estado judeu.
Horas depois do início dos intensos combates, a situação se tornou confusa. Fontes de segurança israelenses disseram à mídia local que o Exército sírio havia recapturado a região, e a TV estatal síria reportou que "a passagem de Quneitra agora está segura".
Mas segundo o jornal New York Times, Ahmad al-Basheer, membro do comitê revolucionário local em Quneitra, insistiu, em entrevista por Skype, que a passagem ainda estava sob controle rebelde e que toda a província de Quneitra estava "liberada". "O regime não vai recapturar essa passagem mesmo que tenhamos que morrer para impedir isso."
Enquanto a batalha se intensificava, o Exército de Israel declarou o lado israelense da passagem uma zona militar fechada e ordenou que os colonos ficassem fora dos campos perto da linha de cessar-fogo, aparentemente antecipando mais confrontos entre o governo sírio e os rebeldes.
Israel se preocupa que Golan, capturada pelo Estado judeu da Síria em 1967, e onde batalhas entre os dois inimigos foram novamente realizadas em 1973, se torne um ponto de partida para ataques contra israelenses por combatentes jihadistas que estão entre os rebeldes que lutam para derrubar o regime do presidente sírio.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, rede de ativistas estabelecida no Reino Unido, disse não estar claro quem está evidentemente no controle da passagem.
Do lado israelense de Golan, era possível ver tanques e veículos blindados a cerca de um quilõmetro da parte controlada pela Síria do território. A TV estatal síria Al-Ikhbariyah negou que os rebeldes estivessem sob controle da passagem, dizendo que o Exército estava perseguindo "terroristas" - termo que o governo usa por opositores - em Golan.
Apoio da Al-Qaeda
Também nesta quinta-feira, o líder da Al-Qaeda instou os muçulmanos sunitas a não poupar esforços em se unir à batalha na Síria, derrubar o governo Assad, e estabelecer um governo islâmico no país.
O pedido de Ayman al-Zawahri ocorre um dia depois de o Exército sírio, apoiado por militantes xiitas do Hezbollah, terem capturado a estratégica cidade de Qusair , próxima à fronteira com o Líbano, um significativo golpe para os opositores, de maioria sunita.
Mais de 70 mil foram mortos na guerra civil em mais de dois anos do conflito. Os combatentes de oposição são de maioria sunita e o regime Assad é dominado pela facção alauíta, grupo islâmico xiita.
AP
Soldado israelense fecha portão durante exercícios militares do lado sírio das Colinas do Golan
O conflito na Síria teve um início pacífico em março de 2011, com protestos contra o regime Assad, mas logo depois escalonaram para guerra civil. Depois, a guerra se espalhou para além das fronteiras sírias em países vizinhos, incluindo o Lìbano, onde facções que apoiam lados distintos da guerra síria entraram em confronto.
Nova defesa russa
Também nessa quinta-feira, a Rússia, que se opõe a uma intervenção militar estrangeira na Síria, expressou preocupação de que as potências possam usar as alegações de ataques com armas químicas por parte do governo sírio para justificar tal medida.

"A questão das armas químicas tornou-se objeto de especulação e de provocação", disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em entrevista coletiva com seus homólogos alemão e finlandês.
"Eu não descarto que alguém queira usar isso para afirmar que uma linha vermelha foi cruzada e uma intervenção estrangeira é necessária", acrescentou.
Lavrov também exortou a Turquia a esclarecer relatos de que militantes sírios que lutam para derrubar Assad foram presos em seu território em posse do agente químico nervoso sarin.
A França disse na terça-feira que realizou testes que comprovaram o uso pela forças de Assad do gás sarin no conflito de mais dois anos, cruzando uma "linha vermelha" que os Estados Unidos e outros países têm dito repetidamente que exigiria uma resposta.
A Rússia, um aliado de longa data da Síria e fornecedor de armas para o regime de Assad, tem alertado repetidamente contra a intervenção externa na Síria, dizendo que o povo sírio deve decidir seu próprio destino.

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