Nova conselheira do presidente dos EUA para segurança nacional : Voz da Rússia

A embaixadora dos EUA junto da ONU, Susan Rice

EPA

De acordo com declaração da Casa Branca, a embaixadora dos EUA junto da ONU, Susan Rice, irá assumir o cargo de conselheiro de Barack Obama para segurança nacional. No início do segundo mandato de Obama, Rice devia substituir Hillary Clinton como secretária de Estado, mas esses planos foram impedidos pelos republicanos. Agora, Susan Rice vai substituir Tom Donilon, o qual deixa o posto de conselheiro do presidente dos EUA para segurança nacional.

 Em entrevista à Voz da Rússia, o escritor, membro do Partido Democrático e antigo analista sênior de questões de gastos militares do comitê de orçamento do Senado, Michael Lofgren, disse que "Não vale a pena exagerar os boatos, pois não houve nenhum golpe palaciano, é exato. O que mais importa agora é ver como a política externa da administração de Barack Obama vai mudar com as novas pessoas, independentemenete da maneira em que ocuparam sues novos escritórios". O autor do livro "O fim do partido: Como os republicanos ficaram loucos, os democratas tornaram-se inúteis e a classe média foi estafada", está certo:

 – Em qualquer administração presidencial sempre existem tensões, mas o que ocorreu na administração Obama é nada comparado ao que ocorerra na administração Carter com Zbigniew Brzezinski, para não falar de Nixon com Henry Kissinger. Muitos conselheiros de segurança nacional tendiam a deixar este cargo no primeiro ano do segundo mandato da administração presidencial.

 – Rice é considerada como uma confidente de longa data de Obama. Você acha que sua estreita relação com o presidente tem algo a ver com a nomeação para o cargo de conselheiro de segurança nacional?

 – Indubitavelmente. Ela é um amigo de longa data e conselheira de Obama. Relações pessoas sempre produzem decisões políticas. O papel de Rice na política externa é quase análogo ao papel que Valerie Jarrett tem na Casa Branca. Ambas geraram certas controvérsias, mas o presidente tem confiança em ambas. Além disso, o posto de conselheiro de segurança nacional é uma prerrogativa da Casa Branca, portanto a nomeação de Rice não requer confirmação pela senado, ao contrário do posto de secretário de Estado.

 – Susan Rice é conhecida por seu estilo de negociação particular, caracterizado por certa causticidade. Você acha que ela manterá este estilo ao tomar posse do novo cargo?

 – Eu não tenho nenhuma razão para pensar que ela vai mudar. Susan Rice é muito parecida nesse sentido com Hillary Clinton, Condoleezza Rice, Madeleine Albright ou Samantha Power. Todas essas quatro mulheres são caracterizadas por um certo desdém para com a diplomacia como método de procurar compromisso entre representantes de distintos países, enterrando a tradição americana de ser líderes morais. Em vez disso, elas preferem ensinar e admoestar diplomatas estrangeiros, como se estes fossem colegiais.

 Portanto, não há nenhuma razão para acreditar que Susan Rice vai atuar de forma diferente. Ela talvez acabe com as tentativas de neutralizar o atual secretário de Estado, John Kerry, que ao contrário de muitos seus antecessores aposta na eficácia da diplomacia silenciosa. A propósito, a visita de Kerry a Moscou brindou melhores resultados dos que a Sra. Clinton traria da Rússia. Se Obama o está fazendo conscientemente ou não, é algo que eu simplesmente não posso saber.

 – Você comparou Susan Rice com Hillary Clinton. Mas quanto há de comum e quais as diferenças entre as duas Rice, entre Condoleezza e Susan?

 – Em primeiro lugar, uma é republicana, enquanto a outra é democrata. Mas elas ambas consideram as intervenções humanitárias como absolutamente aceitáveis, bem como acreditam que os Estados Unidos podem fazer em qualquer parte do mundo o que Washington entender necessário. Elas acreditam que em negociações internacionais os EUA devem ensinar, ao invés de procurar compromissos úteis. Em agosto de 2006, Israel invadiu o Líbano, desencadeando hostilidades que causaram quantidade enorme de mortes e destruições. Mas Condoleezza Rice inclusive não intentou mediar negociações sobre um cessar-fogo, limitando-se a dizer que aqueles acontecimentos eram as dores de parto do novo Oriente Médio. Nós não queremos tais dores de parto, e espero que nada parecido vá repetir-se.

 – O posto de embaixador dos EUA junto da ONU será sucedido por Samantha Power, ex-assistente especial do presidente e diretor sênior para assuntos multilaterais e direitos humanos no Conselho de Segurança Nacional. Você acha que é a candidatura mais adequada para o cargo de embaixador dos EUA junto da ONU? Ou há alguém mais que possa exercer melhor essas funções?

 – Samantha Power, assim como Susan Rice, não é a melhor escolha para este cargo, porque ambas são partidárias juradas da interpretação fundamentalista do intervencionismo humanitário de Woodrow Wilson. As duas nomeações, se se tornarem realidade, iriam aumentar a possibilidade de uma intervenção estrangeira na Síria, e é isso que me está preocupando sobremaneira. Com certeza, muitos políticos americanos de direita mais extrema, como Glenn Beck e Sean Hannity, odeiam Power. Mas eu acho que o ódio tem mais a ver com a rivalidade entre os partidos nos Estados Unidos do que quaisquer diferenças substanciais sobre a intervenção militar. É mais bem uma discussão sobre quem deve controlar a política externa, ao invés da sobre a essência que deveria ter a política externa. Eu não consigo dizer o nome da pessoa que possa da melhor maneira cumprir as obrigações do embaixador dos EUA junto da ONU, mas acho que deve ser um experiente diplomata de carreira e que deve entender que outras nações também têm interesses legítimos.

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