domingo, 9 de junho de 2013

Fumo com fogo

Elisio Macamo
Apetece-me reflectir sobre uma característica do nosso País que consiste em termos soluções simples para problemas complexos. Eis a primeira reflexão:

Fumo com fogo

Tenho um problema interessante para discutir com os meus amigos do Facebook. Houve um projecto, onde, não interessa por razões de confidencialidade, de combate à e prevenção da malária. Doadores disponibilizaram fundos para a criação... dum projecto piloto que ia desenvolver as actividades no seio duma comunidade. O projecto foi implementado, está-se agora na fase de o fechar e, por isso, encomendou-se uma avaliação. Os doadores, que são escandinavos, estão preocupados com o projecto e não o querem prorrogar. A prevalência da malária continua alta (até há o receio de que tenha aumentado, mas isto é especulação). O pior, contudo, é que há graves problemas financeiros. Não é possível justificar quase 30% do orçamento inicial e receia-se que tenha havido desvio de fundos em grande escala. Há pelo menos indícios alarmantes. O director do projecto, que é (nem sei se devia dizer isto) militante da Frelimo, comprou uma casa num desses condomínios na periferia de Maputo, o seu parque automóvel aumentou (praticamente cada membro da família tem carro), os filhos estão todos em escolas privadas e membros da família alargada andam em vários negócios (principalmente transportes e comércio de longa distância).
Porque é que estou com a impressão de que não há fumo sem fogo? País do Pandza?
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  • Nevito Uamusse O património do gestor em causa pode crescer desde que não seja às custas do projecto. O referido gestor deve se preocupar em justificar os valores em causa porque com creio (na minha inocência) foram usados para o seguimento do mesmo...
  • Bukamiana Ndomanuele O que se passa e que obtal de diretor descubriu que quando cortamos uma.bananeira por ter dado fruto, ela deixa rebentos. Porque haveria de disperdicar fundos com mosquitos que se reproduzem todos Os dias? Infelizmente esta e a logica de muito.dos nossos directores aqui.no.sul.......
  • SFredson Fadil Penso que tal deve-se ao passado recente de acumulação ilícita de riqueza por parte dos dirigentes. Exemplos/semelhanças é ñ faltam! Esse dado é semelhante à mtos, senão, todos casos de "apropriação" dos bens públicos. Essa é nossa história e presente.
  • Alfredo Muianga Depois dizem que nao ha dinheiro para pagar os médicos e ns deixam morrer ns hospitais por que eles tem taku que basta para fazer tudo no estrangeiro.
  • Tomás Queface As respostas ate agora apresentadas para o problema podem ate fazer sentido. Mas nao nos dao seguranca de que houve um desvio de fundos por parte do dirigente em causa. E' uma deducao bastante simplista.
  • Eurice Agnella Pode ser que o referido gestor nao tenha habilidades de gestao e tenha feito ma aplicacao dos fundos. Ou/e que tambem nao tenha capacidade de controlo, e os outros envolvidos no projecto se tenham aproveitado disso ou tambem tenha feito mau uso do tal fundo, por falta de habilidades.
  • Emidio Beula Mas a malaria era problema dos "beneficiarios" do projecto ou era mesmo problema dos doadores?
  • Amosse Macamo 1- seria preciso estabelecer um nexo causal entre os 30% injustificáveis e os bens que este director adquiriu.
    2 a justificar se que tenha sido ele, deve se responsabiliza lo e tendo em conta que ele é que o sujeito a quem cabe a responsabilidade criminal
    3- a sua filiação a este ou aquele partido não me parece ser matéria relevante a nao ser que o desvio tenha sido em beneficio e proveito do seu partido
    4 creio ser licito a preocupacao com os fundos desviados isto, no sentido de encontrar o culpado e responsabiliza lo facto, que não pode prejudicar a meu ver e depois de encontrado e identificado o culpado, o andamento do projecto
    5- não descobrir a verdade e responsabilizar os culpados abrirá espaços para todas as interpretações e generalizações que punem o pais, o partido, o povo e nunca o culpado.
  • Basilio Muhate Professor, esta a lancar um debate interessante...esse fumo tem muito fogo.
  • Bino Amosse O nosso rapper slim niggaz, em jeito de sintese falou tudo "país do pandza" isto esta uma anarquia autentica.
  • Mablinga Shikhani "Vae victis" digo e repito... "Alistem-se e realistesm-se" insisto.
  • Amilcar Sueia Pois é, os doadores escandinavos estão somente preocupados com a justificação correcta dos fundos. Justificaodos os 30% fica tudo bem. A questão da malaria, que até especula-se, que a prevalencia aumentou nem sequer é equacionada
  • Alvaro Simao Cossa Amigo Elisio Macamo, perante situacoes de esta indole nao nos deve interressar, a que partido politico pertence este "corrupto", porque muitos afincam-se a sua filiacao politica para manisfestarem os seus apetites de ladroaria. Estamos perante uma fraude, se o amigo Elisio teve coragem de escrever aqui na facebook, acho que e' caso reael e serio, e' preciso denunca-lo,esse senhor deve devolver esse dinheiro aos fins de que foram alocados,como minimo, e deve responder perante a lei.Gostei muito deste episodio, acho que para ter sentido e' preciso denuncia-lo, assim seremos um pais onde existem leis, necessitamos de denuncias deste tipo para parar com a larapiaria.Um forte abraco e coragem amigo Dr Elisio Macamo.
  • Ana Mariza Tamane Onde há fumo há fogo! Muitos projectos acabam fechando ou falindo ou mesmo os doadores acabam desistindo no nosso pais por causa do uso indevido dos fundo e muitas vezes em benefício próprio. Os resultados esperados transformam-se em desesperados...
  • Gervasioa Absolone Chambo Nao se trata de País de Pandza mas sim da Frelimo. O Pandza ate anima danca-lo.
  • Noto que a reflexão sobre soluções simples para problemas complexos está a suscitar interesse. aqui vão mais alguns elementos:

    Objectivos e necessidades institucionais

    Achei que para abordar este assunto fosse necessário saber um pouco mais sobre os objectivos do projecto e como eles deviam ser alcançados segundo o próprio projecto. A partir dos documentos do projecto, e pelas entrevistas prelim...inares conduzidas com alguns funcionários do Ministério da Saúde e doadores, ficou claro que o principal objectivo do projecto era de reduzir a incidência da malária através da pulverização, distribuição de redes mosquiteiras impregnadas bem como através de profilaxe oral junto à comunidade. Os doadores exigiram que houvesse a participação da comunidade na implementação do projecto e, em particular, que a questão do género tivesse prioridade. Dito doutro modo, a execução do projecto não devia apenas ter em mente os fins (reduzir a incidência de malária), mas também os meios (participação e género).
    Porque é que estou com a impressão de que este é um projecto que não pode ser implementado em três anos (esta foi a duração do projecto)?
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    • Gervasioa Absolone Chambo Assunto serio este.
    • Bukamiana Ndomanuele Wiretap dos timings. Ha um filosofo africano, creio ser o Jonh Mbiti que introduziu o conceito de Sasa e Zamani. Segundo ele, este conceito pode explicar muito do imediatismo na logica de adopcao e resolucao de problemas em Africa, dai os milanarismos terem vincado pouco enquanto doutrina religiosa.
    • Bukamiana Ndomanuele Questao dos timings.
       
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