quinta-feira, 13 de junho de 2013

EUA abrem investigação contra Snowden e temem que revele dados à China

Os Estados Unidos abriram uma investigação penal com o objetivo de deter Edward Snowden, o jovem que revelou a existência de programas de vigilância secretos do governo americano, e temem que o investigado possa divulgar informação confidencial à China.

Em uma audiência perante o Comitê Judicial da Câmara dos Representantes, o diretor do FBI (polícia federal americana), Robert Müller, assegurou aos legisladores que Snowden está sob investigação e defendeu que os programas foram executados sob amparo da lei.
"A pessoa que admitiu fazer estas revelações é objeto de uma investigação penal em curso. Estas revelações causaram um dano significativo à nossa nação e para nossa segurança. Estamos tomando todas as medidas necessárias para deter a pessoa responsável destas revelações", anunciou Müller.
O diretor do FBI assegurou que os vazamentos "prejudicaram a nação e a segurança do país" e insistiu que os programas de vigilância executados pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) e seu próprio escritório estão amparados pela Constituição e pelas leis americanas.
Alguns agentes de inteligência americanos, que estão seguindo a pista do jovem desde que assumiu o vazamento sobre os programas, disseram hoje à rede de televisão "ABC" que o governo teme que Snowden possa repassar informação secreta de grande valor à China.
Os funcionários asseguraram que aumentam os temores que este analista em informática, de 29 anos, pretenda obter asilo na China em troca de informação secreta americana.
Enquanto isso, o governo chinês optou hoje por manter silêncio sobre o ex-analista.
As revelações de Snowden, que assegura também que os EUA espionam a China há anos, acrescentam nova pressão à complexa relação entre os países.
Em entrevista divulgada ontem pelo jornal de Hong Kong "South China Morning Post", Snowden declarou que o governo dos EUA perpetrou ataques cibernéticos contra a China e a ex-colônia britânica de Hong Kong durante anos.
Snowden se encontra em paradeiro desconhecido em Hong Kong, onde quer permanecer e lutar contra qualquer solicitação de extradição por parte dos EUA, segundo declarou.
Hong Kong conta com um tratado de extradição com os EUA, mas, embora Washington tenha aberto uma investigação sobre o caso, até o momento não apresentou acusações contra o ex-analista.
Por sua parte, o diretor da NSA, Keith Alexander, informou hoje que pretende desclassificar e divulgar alguns detalhes dos programas de vigilância de sua agência.
"Nos comprometemos a ser tão transparentes como for possível neste caso, e queremos fazer isso. Queremos proporcionar a informação ao povo americano. Acho que é importante que tenham essa informação, mas não queremos pôr em perigo vidas americanas ao fazê-lo", explicou Alexander após uma reunião a portas fechadas com o Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes.
O presidente do comitê, o legislador republicano Mike Rogers, disse que espera que a informação desclassificada seja publicada nos próximos sete dias a fim de acalmar os temores das pessoas sobre a recopilação de registros telefônicos e dados digitais.
Rogers, junto com o legislador democrata Dutch Ruppersberger, argumentou ainda que Snowden mentiu sobre sua capacidade de acesso aos dados da NSA já que, em sua opinião, "é impossível que pudesse fazer o que diz que fez da posição que ocupava".
O líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, indicou que o jovem deve ser processado pelo vazamento de informação secreta, mas destacou que os programas de vigilância, respaldados pelo Ato Patriota e pela Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (Fisa), permitiram desarticular vários ataques terroristas.
Snowden trabalhou durante quatro anos para a NSA como funcionário de várias companhias adjudicatárias de contratos de Defesa, a última delas Booz Allen Hamilton, da qual que teve acesso à informação secreta.
O jovem esteve uma década relacionado com a inteligência americana, primeiro como técnico informático da CIA, baseado em Genebra, e depois como consultor em várias empresas externas de Defesa que colaboram com a NSA, segundo revelou ele mesmo ao "The Guardian".

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