quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cúpula do G8: a busca de compromissos : Voz da Rússia

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A cúpula do G8 na Irlanda do Norte, cuja agenda foi dominada pelo tema sírio, pode ser considerada bem-sucedida. Em qualquer caso, na opinião de Moscou, as posições dos líderes dos mais importantes países em relação à regularização da crise naquele país se tornaram mais próximas. O comunicado final não contém formulações e apelos diretos a uma mudança imediata do poder em Damasco.
 

 A preparação do fórum do G8 foi acompanhada de numerosos prognósticos de que a posição firme de Moscou em relação ao problema sírio, não partilhada pelo Ocidente, seria um obstáculo aos contatos entre os chefes de Estado. Na realidade, porém, tudo aconteceu de outro modo. A opinião de Moscou foi atendida e considerada na elaboração da futura estratégia em relação ao conflito interno na Síria. Em resultado, todas as partes assinaram um comunicado em que nada se diz sobre o destino do presidente da Síria, Bashar Assad, e a possibilidade de solução do problema pela força. Pelo contrário, o documento apela a que comece um diálogo político, voltado para estabelecer o mais rapidamente a paz no país. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, avaliou assim os resultados do encontro e, nomeadamente, da sua "parte síria":
 "Apelámos a que os parceiros do G8 contribuam construtivamente para a convocação da conferência em Genebra sobre a regularização da situação na Síria e o fim do derramamento de sangue naquele país e acordámos que tal pode ser alcançado só com meios políticos e diplomáticos. A nosso ver, quaisquer decisões sobre fornecimentos de armas à oposição, baseadas em acusações não-confirmadas de utilização de armas químicas por Damasco, irão apenas desestabilizar adicionalmente a situação. O G8 continuará a dispensar especial atenção à luta contra o terrorismo, inclusive no Oriente Médio e na África Ocidental e Setentrional. No contexto da retirada das forças internacionais de coligação do Afeganistão, decidimos intensificar esforços contra o narcotráfico ilegal, continuar a busca de soluções políticas face à situação na Península da Coreia e garantir conversações estáveis sobre o programa nuclear iraniano. Esta atitude coordenada para com a maioria das questões está refletida no comunicado da cúpula".
 Apesar de Moscou não dispor de provas de utilização de armas químicas pelo governo sírio, o próprio fato deve ser investigado pormenorizadamente, apontou Vladimir Putin. Um apelo análogo foi feito pelo primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron. Nas palavras do presidente russo, os líderes do G8 censuraram a utilização de armas de extermínio maciço, inclusive químicas, venham de onde vierem. Os participantes do encontro decidiram ainda concentrar-se no aspeto humanitário do problema sírio, comunicou David Cameron:
 "Em conformidade com os resultados da cúpula do G8 na Irlanda do Norte, decidimos conceder aos sírios uma ajuda humanitária no valor de 1,5 bilhões de dólares. A nossa prioridade é ajudar aqueles que se encontraram no centro do conflito sírio".
 O primeiro-ministro britânico adiantou que os chefes de Estado acordaram apoiar o futuro governo da Síria, que deve representar os interesses de todos os habitantes do país. No fundo, Moscou declarou desde o início do conflito a necessidade de um tal governo de conciliação nacional a ser formado no decorrer de conversações pacíficas.
 Fontes em Washington declararam que os Estados Unidos estão plenamente satisfeitos com a decisão do G8 de continuar a envidar esforços para regularizar politicamente o conflito na Síria. Ao mesmo tempo, o texto do documento final corresponde aos objetivos que o presidente Barack Obama pretendia alcançar no decorrer das conversações com líderes de outros países, inclusive com Vladimir Putin.
 Comentando a venda de ermamentos russos a Damasco, Vladimir Putin ressaltou que Moscou efetua fornecimentos "no âmbito de contratos legais ao governo legítimo de Bashar Assad":
 "Consideramos que a nossa posição é absolutamente impecável do ponto de vista moral e jurídico. Recentemente, o povo britânico e nós em conjunto sobrevivemos uma terrível tragédia, quando um militar britânico foi morto brutalmente nas ruas de Londres. Muitos criminosos semelhantes fazem parte da oposição. Os europeus querem fornecer armas a estas pessoas? Que acontecerá posteriormente com estas armas? Quem poderá controlar em que mãos elas ficarão? E se estas armas vierem a aparecer na Europa? Apelo por isso a que todos os nossos parceiros pensem mais uma vez antes de dar este passo muito perigoso".
 Vladimir Putin comentou um outro tema bastante grave, que continua a causar divergências entre Moscou e Washington. Trata-se do sistema de defesa antimíssil dos Estados Unidos, cujos elementos estão sendo desdobrados na Europa. Nas palavras do presidente russo, no quadro das conversações com Barack Obama foi alcançado um entendimento de elevar a transparência nesta esfera. A formulação é, sem dúvida, prudente, mas a tendência é claramente positiva.
  

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