quarta-feira, 19 de junho de 2013

Blitzkrieg de Salim Idriss na Síria : Voz da Rússia

Em 15 de junho, o chefe do Supremo Conselho Militar do Exército Livre da Síria (ELS), prometeu derrotar em seis meses o Exército Governamental da Síria, se, naturalmente, o Ocidente conceder mais dinheiro e ensinar finalmente seus combatentes a guerrear. Uma semana antes, o líder rebelde havia declarado que a oposição síria não participaria da conferência internacional planificada sobre a regularização do conflito sírio, se não receber mais armas e munições.

 Significa que Idriss pensa em vencer e não em aceitar um compromisso infame. Em seis meses, o Supremo Conselho Militar ganharia cérebros e corações de seus subordinados, o ELS concentraria tropas profissionais treinados por instrutores ocidentais e reduziria a nada o Exército Governamental da Síria com 300 mil efetivos, aviões, canhões e tanques?
 No entanto, há obstáculos objetivos que impedem o blitzkrieg do Exército Livre da Síria, referidos pelo próprio líder rebelde ainda no início de maio. Salim Idriss lamentava que entre seus combatentes praticamente não há militares profissionais. Como resultado, assiste-se a perdas, a falta de tática eficaz de ações, de interação e de comunicações, a uma utilização irracional de munições, etc. Por isso, o Supremo Conselho Militar solicita instrutores, cuja assistência acabará com problemas. Mas há uma dúvida. Os rebeldes já são ensinados há muito e os "professores" não são dos piores. Assim, por exemplo, no ano passado foi capturado na Síria um grupo de peritos da da DGSE (Serviços Franceses de Inteligência Externa).
 Talvez, o ELS esteja interessado em outros conhecimentos: tomar de assalto cidades e fortificações, destruir forças consideráveis do inimigo, equipamentos e estruturas militares… Mas qualquer militar conhece que para tais operações contra um exército regular são necessários equipamentos militares e armamentos que sejam comparáveis, no mínimo, com o potencial do inimigo. Mas, por enquanto, não há informações de que a direção do ELS solicita tanques, canhões e aviões. Sabe-se, porém, que os rebeldes precisam de lança-granadas e de meios portáteis de defesa antiaérea. São armas de uma guerrilha que tem por objetivo ganhar tempo e esperar a altura em que cheguem aviões e tanques para ajudar a desencadear mais uma "tempestade no deserto". Mas, pelos vistos, tais planos não têm perspetiva.
 Nas palavras de Salim Idriss, o Exército Livre da Síria não dispõe de meios para o abastecimento e até o pagamento de salários a combatentes. Evidentemente, se a vitória for rápida, seria possível combater pela ideia, como na Líbia. Mas ninguém dá dinheiro e armas potentes. E não dará com certeza por causa da Líbia, em que, como na Síria há muitos islamitas entre os rebeldes. Numa situação análoga, os primeiros já foram financiados e, em resultado, foi morto o embaixador dos Estados Unidos.
 É possível admitir que os serviços secretos dividam os rebeldes em "seus" e "alheios" e o Ocidente conceda tanto dinheiro quanto for necessário. Mas a quem? A um agrupamento unificado forte e eficaz de todas as forças da resistência? Não. Salim Idriss reconheceu em maio que seus destacamentos militares são desintegrados, lamentando que não controla ações de uma série de maiores agrupamentos de rebeldes. Ainda mais francamente disse ao jornal New York Times outro líder da oposição síria em Istambul: "O Supremo Conselho Militar não representa muito bem batalhões combatentes na Síria". Com que fim, então, dar-lhe dinheiro?
 Como explica um diplomata ocidental, "Salim Idriss precisa de dinheiro, armas e munições, para reservar-se o papel de líder e ganhar confiança de combatentes". Como pode o chefe do Supremo Conselho Militar começar a "reservar-se o papel de líder" seis meses antes da vitória prometida?
 Após tais revelações do dirigente militar do Exército Libre da Síria surge uma sensação de algo que já vimos. Primeiro uma revolução e esperanças radiantes e, posteriormente, uma exterminação recíproca sem fim e promessas constantes de próxima vitória. Mas este é o caso do Afeganistão. Seria justo desejar seu destino à Síria?

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