quinta-feira, 13 de junho de 2013

Autárquicas: Semedo admite entendimentos pós-eleitorais com Costa

Coordenador do Bloco de Esquerdo é candidato à Câmara de Lisboa

Por: Redacção / CM    |   2013-06-13 21:19
O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Lisboa, João Semedo, admitiu entendimentos pós-eleitorais com António Costa (PS), apesar das críticas que lhe dirige.

«Ao longo da minha vida política e da do António Costa já tivemos vários momentos de convergência, em que estávamos do mesmo lado. Não sei, o futuro o dirá, mas nós partimos para esta campanha eleitoral com disposição para assumir toda e qualquer responsabilidade, mas assumir a nossa responsabilidade significa começar por respeitar o nosso próprio programa», afirmou João Semedo, nesta quinta-feira.

O BE apresentou hoje os cabeças de lista à Câmara, João Semedo, e Assembleia Municipal, Ana Drago, assim como o mandatário às autárquicas da capital, o músico Carlos Mendes, que se destacou recentemente como um dos impulsionadores das «grandoladas» aos membros do Governo.

Aos jornalistas, Semedo disse que pensa acumular as funções de vereador em Lisboa - nunca se assumiu como futuro presidente - com as de deputado e coordenador do Bloco.

«Se no futuro a Câmara respeitar o nosso programa e se o compromisso de gestão da Câmara for convergente com esse programa não vejo nenhuma razão para nós não assumirmos qualquer responsabilidade com António Costa ou com qualquer outro vereador ou presidente, desde que não sejam nem do PSD, nem do CDS», defendeu João Semedo.

O coordenador do BE é perentório quanto à direita, acreditando que «não vai ganhar a Câmara de Lisboa», com o seu «candidato ilegal», numa referência a Fernando Seara, que atingiu o limite de mandatos em Sintra.

Apesar de admitir um entendimento pós-eleitoral com o atual autarca da capital, Semedo dirigiu várias críticas ao presidente da Câmara socialista na sua intervenção, em que disse que «a maioria absoluta não fez bem ao executivo de António Costa», que «ganhou tiques de autossuficiência».

O também coordenador nacional do Bloco acusou Costa de alimentar «todo o tipo de equívocos» relativamente à privatização das empresas de transportes de Lisboa, que o BE recusa liminarmente.

A política de Habitação foi a área em que as críticas foram mais demoradas, com Semedo a criticar Costa por não ter sido «forte» com a «especulação» imobiliária e de, ultimamente, estar a tirar programas de reabilitação urbana «da cartola» para esconder uma ausência de política nesse sentido nos seis anos em que esteve à frente da Câmara de Lisboa.

«Promete que vai continuar a prometer», lamentou, referindo também que o fundo imobiliário criado por Costa foi, além de uma política «errada», um «flop» sem resultados.

Por outro lado, João Semedo aponta para uma «bomba-relógio que ameaça os lisboetas», que é a lei das rendas, considerando que dentro de poucos meses, se a lei não for travada, «milhares de lisboetas poderão enfrentar ordens de despejo, incluindo muitos comerciantes».

Nesta área, as propostas do Bloco são a criação de um Fundo Municipal para a Reabilitação Urbana, a criação de uma Bolsa de Arrendamento e um Programa Municipal de Habitação.

«Não diremos que tudo foi mau porque isso não é verdade. Mas, no que é difícil, no que conta e muda uma cidade, António Costa falhou», sustentou.

Semedo antecipou-se e disse na intervenção que nasceu em Lisboa e viveu a maior parte da sua vida na capital, apesar da ligação que tem ao Porto, onde ainda tem casa e família.

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