Rainha leu programa do Governo de Cameron
Reino Unido quer endurecer regras para imigrantes
Rainha Isabel II leu o discurso sobre o programa
legislativo do Governo, que é escrito pelo mesmo Fotografia © Reuters
O Reino Unido pretende endurecer as regras
para imigrantes no seu território. No habitual discurso em que a Rainha Isabel
II lê o discurso que os ministros preparam para si sobre o programa legislativo
do Governo em funções, consta que o Executivo liderado por David Cameron vai
apresentar uma reforma do sistema de imigração.
"A lei [apresentada pelo Governo] assegurará que o país atrai pessoas que
contribuem e dissuade as que não contribuem", leu a Rainha, acrescentado que a
prioridade do seu Governo é manter a economia britânica forte e "trabalhar para
promover uma sociedade mais justa que recompensa quem mais trabalha".
Esta é uma das 17 medidas legislativas que constam do programa do Governo que
hoje foi lido por Isabel II perante o Parlamento em Westminster. Esta foi a
primeira vez em 17 anos que o Príncipe Carlos, herdeiro do trono de Inglaterra,
assistiu ao discurso da Rainha e foi também a primeira vez que a sua mulher,
Camila, Duquesa da Cornualha, o acompanhou. A presença de Carlos surge depois
de, na véspera, o Palácio de Buckingham ter anunciado que seria ele a
representar Isabel II na cimeira da Commonwealth, na sexta-feira, no Sri Lanka.
Isabel II tem 87 anos de idade. Carlos tem 64 anos.Os media falam já numa
transição suave no trono de Inglaterra.
Apesar de os pormenores desta lei não constarem propriamente no discurso lido
pela Rainha, as notas de 'briefing' publicadas no site de Downing Street
(residência oficial do primeiro-ministro) e os media britânicos falam nalguns:
obrigar os senhorios a verificarem se os candidatos a inquilinos são ou não
imigrantes ilegais, impedir que os ilegais tenham carta de condução, aplicar
penalizações pesadas a quem der emprego a imigrantes ilegais, obrigar os
estrangeiros que vão para o Reino Unido a ter seguro de saúde ou, então, a
pagarem do seu bolso todos os cuidados de saúde que receberem no país.
Estas medidas, apesar de estarem em preparação há algum tempo por parte da
ministra do Interior, Theresa May, surgem numa altura em que o partido
eurocético e anti-imigração Ukip está a subir a olhos vistos no Reino Unido,
conforme lembra hoje um artigo publicado no site da BBC. Nas eleições municipais
da semana passada, o partido, liderado pelo controverso eurodeputado Nigel
Farage, obteve uma média de 25% dos votos, surgindo nalguns inquéritos de
opinião já como terceira força política do país. Tais restrições à imigração, se
e quando aplicadas a cidadãos da UE, poderão constituir alguma violação da
legislação europeia, recorda, por seu lado, um outro artigo publicado no site do
'El País'.
Mas, como escreve o editor Alan Travis no site do 'Guardian', vai levar ainda
muito tempo até que uma nova lei da imigração seja publicada no Reino Unido. E
há fortes hipóteses de a mesma gerar tensões dentro da coligação no Governo,
depois de, refere, os liberais-democratas do vice-primeiro-ministro Nick Clegg
já terem bloqueado a ideia de proibir os filhos dos imigrantes ilegais de
frequentarem as escolas britânicas.
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