quarta-feira, 15 de maio de 2013

Rebeldes sírios prometem punir homem que arrancou coração de soldado

 


O Exército Sírio Livre (ESL) prometeu nesta quarta-feira "castigar com severidade" as atrocidades cometidas por seus homens, em meio à comoção mundial gerada por um vídeo que mostra um suposto chefe rebelde arrancando o coração e o fígado do cadáver de um soldado do regime de Assad.
No âmbito diplomático, a Assembleia geral das Nações Unidas condenou nesta quarta-feira o governo sírio pela "escalada" na guerra que assola o país e apoiou o papel da coalizão opositora nas negociações para a transição.
A Rússia se opôs à resolução, alegando que poderia ser um potencial obstáculo às negociações. Apenas 107 dos 193 membros da Assembleia apoiaram a resolução, contra 133 que fizeram o mesmo quando a Síria estava no centro dos debates do organismo multilateral, no ano passado.
Estados Unidos, Grã-Bretanha e França se juntaram aos países árabes no apoio à resolução, apresentada pelo Qatar e por outras nações árabes, que manifestaram a sua "indignação diante do rápido aumento do total de mortos".
O Brasil, junto com países como África do Sul e Índia, se absteve.
Em Beirute, a Coalizão Opositora Síria saudou a decisão da Assembleia Geral, interpretada como uma "mensagem clara" ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
A oposição síria "saúda o voto da Assembleia Geral da ONU que constitui uma mensagem clara ao regime de Bashar al-Assad para que pare com a repressão selvagem à rebelião", indicou a Coalizão em um comunicado.
A Coalizão pede nesse contexto que "todos os amigos do povo sírio intensifiquem seus esforços para garantir uma transição democrática do poder" na Síria, indicou o comunicado.
A Coalizão pediu também que o regime seja pressionado "para permitir o passagem de ajuda humanitária e garanta que os autores de crimes de guerra sejam julgados".
Mais cedo, o ESL prometeu justiça ao se reagir à divulgação de um vídeo que chocou o mundo.
"O culpado de abusos será castigado com severidade, mesmo que seja um membro do Exército Sírio Livre", indicou o Estado-Maior do ESL em um comunicado.
"Os autores deste vídeo serão detidos e julgados", prossegue o grupo no comunicado.
Segundo a Human Rights Watch (HRW), o homem visto no vídeo retirando os órgãos de um cadáver de uniforme e levando o coração à boca ameaçando devorá-lo é "um comandante da brigada rebelde Omar al-Farouk", do ELS.
Entrevistado via Skype pela revista americana Time, o rebelde, identificado como Khalid al-Hamad, diz ter agido deste modo depois de encontrar no celular do soldado morto vídeos mostrando que ele havia humilhado sua mulher, que estava nua, e suas duas filhas.
Nas imagens, o rebelde arranca o coração e o fígado do soldado de uniforme, antes de gritar: "Juramos diante de Deus que devoraremos seus corações e seus fígados, soldados de Bashar o cão!".
Em seguida, o insurgente afirma ter outro vídeo no qual é visto cometendo outras atrocidades, um fenômeno crescente na guerra entre as tropas do regime de Assad e a rebelião.
Desde o início de março de 2011, após a eclosão de uma revolta popular que se transformou em guerra civil, se multiplicaram os vídeos que mostram atrocidades no país. O regime e os rebeldes, que se enfrentam em um conflito que já deixou 94.000 mortos (segundo dados de uma ONG), trocam acusações de crimes de guerra e contra a Humanidade.
Ainda nesta quarta, o regime sírio rejeitou qualquer solução que implique uma saída de Assad do poder, diante da perspectiva de uma conferência internacional proposta por Estados Unidos e Rússia.
"A Síria não aceitará nenhuma imposição e seus amigos também não aceitarão", proclamou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, em entrevista na noite de terça-feira à rede oficial síria Al-Ijbariya.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, pediu que a oposição apoie os esforços de Moscou e Washington para organizar a conferência.
"É importante que todos os participantes da reunião expressem um claro apoio à iniciativa russo-americana destinada a implementar o comunicado de Genebra", declarou Lavrov, citado pelas agências russas.
No campo de batalha, o Exército sírio, apoiado por tanques e pela aviação, tentava deter um ataque de rebeldes contra a prisão central de Aleppo (norte), onde milhares de pessoas estão detidas, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, próximo aos rebeldes).
Cerca de 4.000 presos, entre eles islamitas e criminosos de direito comum, estão detidos nessa prisão localizada na periferia de Aleppo, uma região controlada majoritariamente pelos rebeldes.
O registro dos combates e bombardeios ocorridos nesta quarta em diferentes pontos do país -Damasco, Hama, Homs (centro) e Deraa (sul), entre outros- era de 38 mortos durante a tarde, indicou o OSDH.

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