domingo, 19 de maio de 2013

O VERBO DE MAO TSÉ TUNG FEZ-SE REALIDADE COMO O DE JESUS CRISTO SE FEZ VIDA (1)

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Há certos homens que, de tão visionários, chegam a antever aquilo que a maioria de nós não consegue enxergar e muito menos acreditar que um dia possa se tornar numa realidade, como é o caso do espectacular desenvolvimento desta China agora a ser visitada pelo Presidente Armando Guebuza, em que, Mao-Tsé-Tung, o vaticinou em 1919, ou seja, há 84 anos!
Num épico ensaio com que Mao se valeu para catalisar as mentes definhadas dos compatriotas que viviam quase na escravidão do sistema feudal vigente e que os impunha um capitalismo selvático, o antigo líder chinês fez a seguinte profecia em 1919: “Eu aventuro-me a fazer uma singular asserção, que, um dia, a reforma do povo chinês será mais profunda que a de qualquer outro povo, e que a sociedade do povo chinês será mais radiante que de qualquer outro povo. A grande união do povo chinês será atingida mais cedo e solidamente que em qualquer outro ponto do globo ou povo’’
Aliás, Mao é citado pelo conceituado académico norte-americano, Henry Kissinger, no seu recente livro "On China" ou (Sobre a China, minha tradução em português), de leitura obrigatória para os que querem perceber o que fez com que este imenso e populoso país desse um tão grande salto económico em apenas 30 anos.
A maneira tão profunda como China foi modernizada, faz com que mesmo os seus cidadãos mais velhos, estejam agora a reaprender a circular nas mesmas cidades onde nasceram, cresceram e até envelheceram.
Na verdade, muitas deles parecem outras e a única coisa que permanece inalterável é a sua localização geográfica. Este é o caso de Beijing e Shanghai que se fossem rostos de pessoas, seria como se tivessem sidos submetidos a uma cirurgia plástica e mudança de face. Mesmo os seus taxistas mais velhos, têm muitas dificuldades para circular nestas cidades que antes andavam de olhos vendados.
A profecia de Mao de que a sua China seria um grande país, fê-la no início da luta pela erradicação do sistema feudal que não só arrancava aquilo de que o povo podia dispor, como chegava ao extremo de usurpar as terras daqueles que a usavam para produzir alimentos para o seu sustento.
Isto condenava milhões de pessoas a morrer de fome, num país fortemente dividido e, portanto, muito vulnerável aos seus inimigos internos, mas principalmente aos externos.
A leitura deste espectacular livro de Kissinger, deixa claro que Mao teve sempre a certeza que a nova China que ele estava concebendo sob a égide do seu Partido Comunista, que até hoje governa este país que desde segunda-feira está sendo visitado por Guebuza em busca de apoios para também acelerar o desenvolvimento do seu país, iria superar todas as vicissitudes a que o seu povo estava então.
Mao também tinha a certeza de que a China iria tornar-se numa super-potência, facto hoje consumado e reconhecido por todos, incluindo Kissinger, que continuam a tentar perceber como foi possível esta estonteante ascensão económica e tecnológica e científica em tempo recorde.
Kissinger escreve que Mão manteve essa certeza visionária mesmo quando em certos momentos mais tenebrosos, a maioria das pessoas só via obstáculos em todo o lado.
A convicção de que a sua China seria um dia uma estrela mundial, fica mais evidente numa outra proclamação sua feita pouco depois de proclamar a actual República Popular da China em que dizia o seguinte: temos um sentimento comum de que o nosso trabalho será indelevelmente registado na história da humanidade, e que irá claramente demonstrar que os chineses, que neste caso representam um quarto da humanidade, já começaram a se pôr em pé.
“Os chineses sempre foram um grande povo, um povo corajoso e industrioso. Foi apenas nos tempos modernos que ele retrocedeu e ficou ultrapassado, e isto foi devido unicamente à opressão e exploração pelo imperialismo estrangeiro e pelos governos internos reaccionários...Os nossos antecessores instruíram-nos a prosseguir com o seu trabalho até à sua conclusão. E assim estamos fazendo isso agora. Unimo-nos e derrotamos tanto os nossos inimigos estrangeiros como os nossos opressores internos, através da guerra popular de libertação e a revolução, e por isso proclamamos a República Popular da China’’, dizia Mao.
Quando ele fez esta proclamação, os chineses eram um exemplo concreto de verdadeiros condenados da terra de que fala epicamente Francis Fanon no seu famoso livro intitulado “Os Condenados da Terra”, e tinham que enfrentar a hostilidade aberta e belicista da então única super-potência económica e nuclear do Mundo de então, que eram os Estados Unidos da América.
Hoje a China é uma das potências nucleares por força dessa belicosidade norte-americana que fez com que levasse vários anos sem reconhecer a nova República Popular fundada por Mao.
Nessa altura, mesmo a ex-União Soviética, que acabava de detonar a sua primeira bomba nuclear, sentia-se incapaz de ajudar a nova China de Mao. Mas ele nunca se deixou assustar e é muito menos vergar, acreditando sempre que a vontade de um povo era capaz de vencer mesmo uma guerra nuclear, como reconhece agora Kissinger na sua obra “On China”.
Kissinger vinca que Mao sempre acreditou que o terrível Mundo em que vivia a maioria dos povos, incluindo os que estavam colonizados como o moçambicano que ele tanto ajudou a se libertar, seria transformado para um melhor, ainda que custasse a morte de milhões, para que os próximos milhões que viessem com os tempos, pudessem viver condignamente.
Essa sua convicção vê-se nesta sua asserção contida no “On China”: ...Os Estados Unidos controlam agora a maioria das Nações Unidas e dominam grandes partes do Mundo – mas este estado de coisas é temporário e será mudado num dia desses. A posição da pobreza em que está a China que a faz com que lhe seja recusado o seu direito de exercer os assuntos internacionais será também alterada – e os países pobres irão se tornar ricos, e os países ricos que agora se opõem a que os pobres desfrutem também dos seus direitos, passarão a ser pobres, e todas as coisas se irão transformar num oposto’’.
Hoje o tempo prova que ele tinha razão: os mesmos países que tudo faziam para afundar a nova RPC, já pedem ajuda a esta mesma China que antes não queriam ver nem pintada a ouro. Hoje a China é a tabua de salvação para muitas economias ocidentais que não param de se afundar.
O próprio Kissinger confessa que quando Mao disse isto em 1973, isto é, há 40 anos, nunca acreditou que a China fosse ser mais do que o seu então todo-poderoso País, porque na altura a nação chinesa não passava de um farrapo cujo povo só tinha como meio de transporte a bicicleta.
Hoje o povo chines viaja em automóveis, autocarros e comboios e aviões, alguns dos quais mais modernos e luxuosos que não se encontram em muitos países.
Este é o caso do comboio no qual viajou hoje o presidente Guebuza e sua comitiva da moderníssima cidade de Shanghai para Hangzhou, um percurso superior a 400 quilómetros e que teve a duração de apenas 1 hora e três minutos!
Este é o comboio mais rápido do mundo e foi construído na China, um país que há 30 anos era incapaz de construir um carro ou uma motorizada dignos desse nome!
Mas hoje a China é a fábrica mundo, sendo do seu solo que o resto do mundo importa quase tudo o que há de bom e melhor, uma prova de que este país acordou do longo sono em que esteve durante seculos, como previa Napoleão há mais de 250 anos.
Ele dizia que no dia em que a China acordasse desse seu longo sono, o Mundo iria estremecer, e de facto está a estremecer com a musculatura chinesa.
Esta antevisão de Napoleão é confirmada por peritos de renome mundial, como Kissinger e muitos outros académicos e jornalistas que têm estudado este milagre económico chinês, como são os casos do jornalista italiano Frederico Rampini, no seu também famoso livro O Século Chinês, e o também conceituado académico britânico, Martin Jacques, no seu livro When China Rules de World (ou Quando a China Governar o Mundo).
Curiosamente, Martin Jacques foi colega da Universidade do jornalista da AIM, Paul Fauvet, e nessa sua obra mostra quão este País é de facto já a maior superpotência deste Seculo XXI.
A obra de Jacques está a colher consensos mundiais de que a leitura que nela faz sobre a China de hoje é mais correcta, e que o tempo irá provar que a nação chinesa é seguramente quem ordena e que a breve trecho assumirá o leme mundial. É um comando que não será nos termos belicistas com que o detinham os EUA e os seus aliados como a Grã-Bretanha, mas sim, em prol do bem-estar de todos os outros povos do Globo.
É por isso que Martin Jacques diz que a China é já um País modernizado e modernizante, porque está ajudando outros países que ainda estão no abismo em que muitas vezes foram empurrados pelas nações que os colonizaram durante séculos – como é o caso de Moçambique - a se modernizar também.
Praticamente não há canto do Mundo que não está a ser ajudada pela China a se modernizar, como o podem ver os moçambicanos anos através das obras de grande engenharia que estão sendo construídos um pouco por todo o território moçambicano, como são os casos da nova sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, do Centro de Conferências Joaquim Chissano, do novo Aeroporto Internacional de Maputo, para além das estradas e outras infra-estruturas vitais.
O que é bom nesta ascensão pacífica da China é que não tenciona usar o poderio que está acumulando para dominar outras nações, como o vinca a Revista Britânica “The Economist” numa asserção que faz em torno do livro de Jacques: cedo a China irá governar o mundo.
Mas ao fazê-lo, escreve a Revista, a China não se irá tornar mais num ‘’Ocidente’’...Jacques é feliz ao mostrar que o seu impacto não será só económico, mas também cultural. A medida que a poderosa civilização da China se reacende por si só, irá assinalar o fim da dominação global das nações ocidentais, e nascer no seu lugar uma modernidade futura não contestada’’, diz esta revista, não obstante tenha tido sempre uma atitude menos amistosa em relação a China.
PACIÊNCIA E PERSEVERANÇA ERAM AS RECEITAS DE MAO PARA O SUCESSO DUM POVO
Uma das teses-chaves que Mao sempre pregou, era que para um povo conseguir o que queria, devia ter paciência e lutar sempre, e evitar um espirito imediatista.
A forma como a China se modernizou, usando o método de produção capitalista com um comando comunistas, é algo que espanta o mundo, porque desfaz a tese de que para haver mudança, é necessário uma mudança de regime.
A China mudou sem ter mudado de governo, sendo a única coisa que tem mudado a liderança deste mesmo Partido. Isto prova que Mao e também Fidel Castro têm razão quando dizem que há homens que podem mudar tudo para o melhor sem que mudem o meio com que tem de mudar algo.
O que demonstra esta sua tese é um conto milenar que Mao adaptou e que está inserido no livro de Kissinger e que passo a transcrever em jeito de desfecho desta minha primeira parte deste meu artigo no qual tento explicar a génese desta China modernizada e modernizante agora líder dos países que formam os BRICS: há uma lenda chamada O Louco Velho Homem que Removeu Montanhas’’.
A lenda é uma história de um velho que viveu na parte nordeste da China, há muitos e longos anos, e que era conhecido por “O Louco Velho da Montanha do Norte”. A sua casa estava virada para o sul e perante a sua porta estavam duas grandes montanhas, chamados Taihang e Wangwu, que obstruíam o seu caminho.
Ele chamou os seus filhos, e disse-lhes para que começassem a esgravatar aquelas montanhas com grande determinação. A certa altura, um outro velho já de barba toda branca, que era conhecido por O Velho Sabio, ao vê-los tentando removê-las, riu-se tanto deles, dizendo que ‘’loucos estão sendo vocês ao fazer isso’’.
Ele disse-lhes que seria impossível que eles removessem aquelas duas grandes montanhas! Mas o Velho Louco respondeu dizendo que se ele morresse antes de o conseguir, os seus filhos, netos, bisnetos e trisnetos iriam continuar até a conclusão da obra. Ele dizia embora fossem altos, não podiam crescer mais e contrariar a escavação que estavam fazendo. E assim continuaram cavando, até que mesmo Deus começou a sentir pena deles e os ajudou removendo o resto. Para nós também chineses, Deus nos ouviu e nos ajudou a remover duas grandes montanhas, que eram o feudalismo e o capitalismo. ...Isto prova que temos que ser perseverantes e trabalharmos incessantemente, e nós também, iremos tocar a compaixão do coração de Deus’’.
É curioso que quando os sul-africanos acabaram derrotando o apartheid que os esmagava e mantinha Mandela na cadeia, o Bispo Desmond Tuto disse que a sua erradicação foi acima de tudo um milagre de Deus. E de facto pode ter sido, porque parecia invencível para muitos de nós.
GM/SG
AIM – 17.05.2013

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17/05/2013 at 23:26 in Macau - China, Opinião | Permalink ShareThis
Comments
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Francisco Moises said...
Sr. umBhalane,
Se não me engano, o autor deste artigo é possivelmente Gustavo Mavié e SG sera talvez (não sei dizê-lo). Não entendo porque os autores abreviaram os seus nomes. Se tivesse a certeza de que o autor é Gustavo Mavie, não diria nada visto que eu já lhe disse que não comentaria sobre o que ele escrever. Já que não estou certo que Mavie escreveu este artigo com tanta propaganda sobre a grandeza do Mao e com semi-verdades e mesmo falsidades, só direi que Mao na verdade, para aqueles que não estudaram a história da China maoista, não fez que mudar o regime que vigorava com muitos senhores da guerra e a China de concessões. Mas a revolta não começou com ele, ela começou em 1911 com jovens que destroçaram o regime imperial no qual os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Alemanha e o Japao tinha concessoes, que eram na verdade, governos poderosos dentro do territorio chinês.
Depois da derrota do Japao e dos senhores da guerra, a luta ficou entre o Partido Comunista da China (PCC) de Mao e o Partido do Kuomintang de Chiang kai-shek que contava com o apoio americano. O PCC terminou por derrotar os nacionalistas do Kuomintang que se refugiaram em Taiwan e que com o apoio americano e proteção formaram o seu próprio governo na Ilha.
Mas Mao não foi o autor das transformações como os autores deste artigo alegam. Mao estava muito mais interessado em consolidar o seu poder através de terror com campanhas de purificação incessáveis. Depois de derrubar um grupo de inimigos, Mao lançava campanha para derrubar um outro grupo que tivesse lhe ajudado na sua campanha de terror como foi o caso com os chamados Guardas Vermelhos que aterrorizavam a China e cujos grupos se combatiam muitas vezes armadamente. Mao chamava o que fazia revolução permanente.
Quando Mao se apercebeu que o seu poder estaria em perigo com as tensões entre os varios grupos de Guardas Vermelhos, foi então que ele declarou os Guardas Vermelhos como Foras da lei. Os Guardas Vermelhos que lançavam muito chineses nos campos ditos de reeducação na implementação da política maoista terminaram eles próprios por serem lançados para tais campos onde milhões deles vieram também a perecer.
Mao não estava empenhado em modernizar a China -- muito longe disto. Mao só contava nas massas populares a quem ele aldrabava que os chineses podiam derrotar os americanos por causa dos seus números mesmo se os americanos utilizassem bombas atómicas que ele descreveu como "tigres de papéis" (Citações do Presidente Mao Tse-Tung,Prefacio de Lin Piao, Pekin, 1968).
Foi na era apos Mao que a verdadeira modificação e modernisação da China popular começou a tomar lugar com a política agressiva do Dung Xiaoping (Teng Tsiao Ping), que tinha sido desgraçado por Mao por duas vezes. Ele começou realmente abrir a China para o mundo ocidental para se poder modernizar. A China de Mao já se tinha desligado da União soviética que ela apelidava de Social-Imperialismo. Mao condenou a condenação e despersonalização do Josef Staline por Khruschev e pelo estado soviético.
Houve até confrontações militares graves na fronteira entre a União Soviética e a China. A China explodiu a sua primeira bomba atómica no 16 de Outubro de 1964 e a primeira bomba hidrogénica no dia 17 de Junho de 1967 e designou as suas bombas de defensiva contra o imperialismo americano e o social-imperialismo soviético.
Ente 1966 e 1976 houve um grande cataclismo na China popular durante o qual mais de 2,000,000 de chineses foram executados e mais de 100 milhões de chineses ficaram afeitados negativamente pela Revolução cultural. Todas as actividades pararam na China popular durante a chamada Grande Revolução Cultural Proletariana para as pessoas se concentraram na revolução e para combaterem os chamados inimigos do povo e os agentes dos imperialistas eram exibidos em público antes de serem executados. Até Liu Shaoqi, o próprio presidente da Republica da China foi preso e morreu de maltratos na prisão.
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umBhalane said...
Tanta verdade e sabedoria vertida.
Estou muito ansioso de esperar os próximos artigos.
Sequioso de absorver, aprender, evoluir,..., com tão altos conhecimentos aqui explanados.
Venham eles, e muito depressa.
A LUTA É CONTÍNUA

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