sábado, 11 de maio de 2013

Hosni Mubarak nega envolvimento na morte de manifestantes

Egito:

Um gesto de negação com a mão bastou para o ex-presidente egípcio rejeitar as acusações

Ex-presidente egípcio chegou ao julgamento de cadeira de rodas, roupa branca e óculos escuros Foto: Egiptian TV / AFP
Ex-presidente egípcio chegou ao julgamento de cadeira de rodas, roupa branca e óculos escuros
Foto: Egiptian TV / AFP
O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak compareceu neste sábado na abertura de seu novo julgamento e negou o envolvimento em vários casos de corrupção e na morte de manifestantes durante a revolta de 2011 que o obrigou a abandonar o poder.

Um gesto de negação com a mão bastou para Mubarak rejeitar as acusações, que também foram negadas pelos demais acusados na sala durante o jugalmento, que finalmente foi adiado para o dia 8 de junho.

Mubarak e o ex-titular egípcio de Interior Habib al Adli voltaram a sentar nos bancos dos réus pelas mortes de manifestantes depois da anulação do julgamento realizado em janeiro, quando foram condenados à prisão perpétua, além de seis ajudantes do ex-ministro, que foram absolvidos e agora também passam pela repetição do processo.

O representante da procuradoria, Mustafa Jater, acusou os ajudantes de participarem "com premeditação" dos assassinatos de pessoas durante os protestos que levaram à queda de Mubarak, em fevereiro de 2011. Referindo-se a Mubarak, Jater disse que este permitiu que Al Adli usasse a força para a cometer tais crimes e não interveio para detê-los.

Além disso, o ex-mandatário compareceu junto com seus filhos Alaa e Gamal por uma suposta venda para Israel por preços abaixo do mercado, o que - segundo a procuradoria- supôs ao estado perdas de US$ 714 milhões.

Nesta causa também está envolvido o empresário foragido Hussein Salem, que supostamente entregou a Mubarak cinco mansões no valor de US$ 5,6 milhões em troca de granjas cuja extensão totalizava mais de dois milhões de metros quadrados em Sharm el-Sheikh, no litoral da penínsual de Sinai.

Após chegar de helicóptero à sede da Academia da Polícia entre fortes medidas de segurança, o ex-presidente egípcio permaneceu sério, sentado em uma maca e sem tirar os óculos escuros.

Mubarak mostrou um semblante bem diferente ao de 13 de abril, quando com gestos amáveis cumprimentava seus advogados em uma sessão que o juiz Mustafa Abdallah aproveitou para abster-se do caso.

A procuradoria interpretou então que Mubarak, que há poucos dias completou 85 anos, se encontrava em bom estado de saúde e ordenou seu ingresso na prisão de Tora após meses no hospital. Precisamente, o novo tribunal que o julga, presidido pelo magistrado Mahmoud el Rashidi, decidiu hoje estender a prisão preventiva para Mubarak, seus filhos e Al Adli.

A sessão ocorreu no já tradicional ambiente caótico, entre os gritos dos advogados de ambas as partes -com os da acusação se queixando de uma suposta discriminação no tratamento- e as tentativas do juiz para pôr ordem.

O processo, ao qual foram acrescentadas novas provas e cujo sumário já ocupa cerca de 55 mil fólios, unirá a partir de agora as duas causas: a referida às mortes de mais de 800 manifestantes e a de delitos de enriquecimento ilícito e prejuízo premeditado aos fundos públicos.

Além disso, el Rashidi pediu à acusação que unificasse suas exigências para não ter de atender separadamente mais de 2 mil advogados.

Em um certo momento, o letrado de Mubarak, Farid al Dib, descartou a participação de dois novos advogados kuwaitianos, que queriam se somar à defesa do ex-presidente, como já fizeram outros nacionais desse país do Golfo.

O processo será retomado em 8 de junho para dar tempo para que as partes implicadas analisem as provas do denominado "julgamento do século", que cada vez monopoliza menor expectativa, como o demonstrou hoje o reduzido número de simpatizantes e opositores de Mubarak congregados nos arredores do tribunal.

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