terça-feira, 21 de maio de 2013

Greve dos médicos instala caos nos hospitais de Maputo

 
 
Governo mobilizou médicos militares e estagiários do Instituto de Ciências de Saúde que estão a ser usados para fins políticos
 
Maputo (Canalmoz) – Tal como vinham anunciando durante a semana, os médicos moçambicanos afectos às unidades sanitárias do sector público iniciaram esta segunda-feira, a segunda greve num intervalo de quatro meses, em revindicação ao aumento salarial e melhoria das condições de trabalho. Desta vez os enfermeiros e outros profissionais de saúde também aderiram, instalando um autêntico caos no sistema nacional de saúde pública. 
De nada valeram os apelos e ameaças  do Governo , os médicos querem é ajuste   significativo de salário e melhoria das suas condições. No primeiro dia de grave, a situação em algumas unidades sanitárias da cidade de Maputo visitadas pela reportagem do Canalmoz era a esperada: longas filas e muitas horas de espera. Afinal, a maior parte dos médicos não foi ao trabalho. No Hospital Central de Maputo  e Geral de Mavalene, por exemplo, sentiu-se o efeito da greve. Aliás foi no HCM, a maior unidade sanitária do País, onde a greve teve maior impacto visto que a maior dos médicos aderiu à greve. O Governo teve de mobilizar médicos militares e uma carrinha de 30 lugares cheia de estudantes do Instituto Superior de Ciências de Saúde que funciona anexa ao Hospital Central. O caos era notório principalmente nas urgências onde triplicaram as habituais horas de espera.  
Mesmo assim, o director do HCM, João Fumana, disse à imprensa que a situação estava controlada. Foi o mesmo que disse aquando da greve de Janeiro que mais tarde veio aprovar-se que teve efeitos devastadores sobre a HCM.
 
Departamentos trancados
 
Os grevistas mais radicais afectos ao Hospital Central de Maputo trancaram seus departamentos e levaram consigo as chaves. Foi o que aconteceu no arquivo clínico e na dermatologia. A direcção do Hospital teve de recorrer a uma máquina rebarbadora para cortar os cadeados.
 
Caos também no Mavalane
 
Situação semelhante a do Hospital Central de Maputo verificou-se no Hospital Geral de Mavalane. A urgência é que ficou mais afectada. Contrariamente ao director do HCM que por razões políticas viu-se obrigado a mentir que a greve não estava a ter impacto, o director de Mavalane  disse à Imprensa que a greve estava a colocar o atendimento no hospital numa situação complicada, porque mesmo os estudantes estagiários que foram mobilizados não estavam à altura de responder às ausências. Disse que a situação poderia complicar-se ainda mais, caso o braço-de-ferro se arraste por mais dias.
 
Balanço positivo
 
Por seu turno o presidente da Associação Médica, Jorge Arroz, que de resto tem recebido apoio de vários quadrantes fez um balanço positivo do primeiro dia da greve, principalmente na cidade de Maputo. Disse que a greve é da inteira responsabilidade do Governo que não cumpriu com o que estava acordado aquando da primeira greve. “O fim da greve depende do Governo”, disse.
Questionado sobre ao esfarrapado argumento do Governo de que a greve é ilegal, Arroz disse que o mesmo Governo não diz quem tem direito à greve e que mais do que andar nesse argumento é preciso dar dignidade aos profissionais da saúde que trabalham e vivem em condições deploráveis. (Redacção)

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