quarta-feira, 22 de maio de 2013

Eu admiro Dhlakama (1) Comentário de Flávio A. Chongola

Elísio (como se fossemos próximos), concordo e discordo de alguns aspectos e vou apontar dois:
1. Eu admiro Afonso M.Dlhakama – mas eu admiro Dlhakama por ter ganho a guerra [acho que aqui concidimos] e por ter ganho a paz [já aqui poderemos não concidir]. Veja: em qualquer momento da história eu tenho que seremos (eu + Elísio + ignotos) firmes em dizer que Dlhakama venceu a guerra mas, quanto ao perder a paz, considero que até o presente dia o presidente Afonso Dlhakama perdeu a paz (e perdeu não só por dispor de menores creditos, na impensa colectiva de todos, e posições político-governativas; assim como perdeu-a no sentido espiritual – de tal forma que, imagino que esteja lhe faltando mais sossego, tranquilidade e certezas nestes tempos do que quando ainda “andava nas matas” –). Repara, acima digo que até o presente dia...perdeu a paz. Ora, se é até o presente dia, tendo em conta que o actor ainda está vivo e em cena, o certo era dizer que até o presente dia Dlhakama está perdendo a paz. E, chamando a este texto o raciocío de fetebol: o jogo ainda não acabou, mesmo estando a “equipa D” em chamas e, a “equipa F” ganhando por 5-0, nada está terminado, antes do apito final, pois já viu equipas ganhar revirarem o jogo nos derradeiros minutos, levando os a prolongamentos e, quiça, ganha-los no fim (pode até ser a penaltes) – não que eu esteja acreditando que isso venha a acontecer, assim como quase ninguém nunca acredita nessa viradas de futebol, contudo, não posso deixar de “conjugar o verbo no tempo e no modo certo”.
1.1. Eu admiro Dlhakama por ter ganho a guerra e por ter ganho a paz (aqui interessa ver o ter ganho a paz não até o presente dia mas, a partir dos processos negociais que culminaram com a assinatura dos Acordos Gerais de Paz até, no mínimo, nos seus primeiros anos de consolidação e quando se começou a ter por consolidada).
Se consideramos que efectivamente a “equipa D” ganhou a guerra; se considerarmos que as vozes de pânico e medo, da RENAMO, chegavam a alcansar níveis de terror; se considerarmos que um governo se recusou de ínicio (com o Presidente Samora) e seguidamente com Chissano (este se não recusou, pode-se dizer que durante, pelo menos 4anos não pautou) a ser mais ouvinte e dialogante, pautando por ser mais beligerante, vindo a se arrastar essa posição de tentativa de solução da guerra pelas armas, por 16 anos; se ponderarmos que em Tsalala e na cidade de Maputo já se tinha pânico da RENAMO; se considerarmos que a “equipa D” tinha condições e havia preparado o campo (na fé de que tinha), para mais dia, ou menos dia, mais 2 ou 3 anos entrar na Ponta Vermelha a marchar; SE CONSIDERARMOS QUE TODO AQUELE QUE ESTÁ NO PODER, SE NÃO CEDE, ab initio, POR POLITEZ E BOA VONTADE, SÓ CEDE ANOS DEPOIS POR INCOTORNÁVEL DECLÍNIO – Afonso Dlhakama ganhou a paz.

2. Quanto a “lembrança” que nos traz de não “ esquecerem que, no fundo, a guerra dos 16 anos foi uma guerra entre uma das piores guerrilhas do mundo e um dos piores exércitos do mundo.”. Tenho que, está afirmação só pode ser verdadeira se se estiver olhando os quer a tal guerrilha e o tal exército de fora, isto, tendo como foco de análise a capacidade militar em termos de material bélico disponível, fontes e tempo de acesso à esses materiais, quantidade de homens e tipo de treinamento e experiência de combate vividos. Mas noutro olhar ela peca.
E que olhar é esse? Quero dizer que a avaliação qualitativa de uma guerrilha e dum exército não pode ser feito numa prisma estático, que, embora necessário, não oferece a enfusão efectiva do que decorre numa guerra efectiva, nem a vertigem de sangue que uma guerra em actividade cria. As guerrilhas e os exércitos são acertadamente avaliadas num prisma dinâmico, por aquilo que fazem num guerra em curso, E UMA GUERRA É SEMPRE UMA GUERRA – única e imprevisível.
Respeitado Elísio, esta minha posição é, alias, a que se pode concatenar de Sun Tzu (Arte de Guerra), no sentido de que numa guerra os números, os armamentos, as vantagens técnica e táctica não são o determinante para vence-la, sendo o engano e a supresa o mais importante. Pelo que a guerrilha e o exército, no artigo lembrados como dos piores, numa guerra em actividade podem (fora das previsões) acocorar ou vencer o exercícito dos EUA, bastando para tal que benefeciem do necessário engano e surpresa.

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