sexta-feira, 24 de maio de 2013

Encomenda da Frelimo e de Brazão Mazula chega ao destino esperado


 Encomenda da Frelimo e de Brazão Mazula chega ao destino esperado  
Sheik Abdul Carimo confirmado presidente da CNE
 
2013 05 24 001
 
Maputo (Canalmoz) – Tal como o Canal de Moçambique avançou na última quarta-feira, o vogal de candidatura fraudulenta proposta pelo antigo presidente do mesmo órgão, Brazão Mazula, é o eleito para dirigir a Comissão Nacional de Eleições nos próximos cinco anos. Abdul Carimo Nordine Sau foi ontem eleito novo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) por votação interna entre os novos membros da CNE. 
Carimo angariou nove votos, contra dois de Paulo Cuinica, seu único adversário, uma vez que Rabia Zauria Ibraimo Valigy renunciou a concorrência, alegando motivos pessoais. Os membros da CNE, na sua maioria indicados pela Frelimo, confirmaram ontem Abdul Carimo como presidente do órgão.
 
Sobre a candidatura fraudulenta
 
Ninguém sabe qual é a organização da sociedade civil que propôs Abdul Carimo. O Sheik foi, na verdade, proposto à última hora por Brazão Mazula, que é membro do Centro de Estudos de Democracia e Desenvolvimento (CEDE). Mazula tramitou a candidatura de forma fraudulenta, usando o nome do CEDE sem que a organização soubesse, seguindo quase que à risca o mesmo roteiro usado para tramitar a fraudulenta candidatura de Leopoldo da Costa, com a gravidade de Mazula ter feito tudo sozinho.
Mazula tramitou clandestina e ilegalmente a candidatura de Abdul Carimo, depois de o Observatório Eleitoral, organização que integra o CEDE, ter entregue oficialmente a sua lista de candidatura composta por 16 nomes. Faziam parte da referida lista as seguintes individualidades: (1) Salomão Azael Moyana, (2) João Carlos Trindade, (3) Gilles Cistac, (4) Ivete Marlene Mafundza, (5) Alfiado Laita Zunguza, (6) Anastácio Diogo Chembeze, (7) Eduardo Chiziane, (8) Júlio Gonçalves Cunela, (9) Benilde dos Santos Nhalivilo, (10) Ana Cristina Monteiro, (11) Paulo Isac Cuinica, (12) Jorge Frederico Borges de Oliveira, (13) Ângelo Francisco Amaro, (14) Jacinta Jorge, (15) Arlindo Muririua e (16) Joaquim Rafael Machava.
Esta lista foi aprovada em reunião do Observatório Eleitoral sem qualquer contestação. Estranhamente, o próprio Sheik Abdul Carimo, membro do Observatório Eleitoral, aceitou a referida lista que depois seguiu para a Assembleia da República (AR).
Indignação generalizada no Observatório Eleitoral 
Quando a Comissão ad-hoc, criada para a selecção das personalidades da sociedade civil, publicou na Imprensa a lista dos candidatos, estranhamente já aparecia o nome de Abdul Carimo como tendo sido proposto pelo CEDE. Mas, na verdade, foi Brazão Mazula quem propôs o Sheik de forma ilegal e fraudulenta.
 
Doadores indignados
 
Para além das organizações da sociedade civil, quem também ficou irritado com a burla de Mazula foram as parceiras de cooperação internacional. A Diakonia, uma organização sueca que trabalha em Moçambique para o fortalecimento das organizações da sociedade civil, chegou mesmo a escrever uma carta quer ao CEDE assim como ao Observatório Eleitoral a pedir esclarecimentos.
CEDE e Observatório Eleitoral distanciam-se da burla de Mazula
Em resposta pública, o Observatório Eleitoral e o CEDE distanciaram-se da burla empreendida por Brazão Mazula. Em cartas separadas as duas organizações esclarecendo que “à luz dos princípios de ética e por forma a evitar conflitos de interesses, era de bom-tom que o suporte da candidatura e a candidatura (do Sheik Abdul Carimo) tivessem ocorrido no quadro do processo levado a cabo pelo Observatório Eleitoral”. Nestes termos as duas organizações distanciavam-se do comportamento pouco ético de Brazão Mazula.
Brazão Mazula assume que Sheik Abdul Carimo é uma encomenda
Encurralado e sem manobras, visto que a Diakonia tem financiado o Observatório Eleitoral, Brazão Mazula viu-se obrigado a explicar a sua própria burla. Em carta enviada à coordenadora da Diakonia em Moçambique, Prof. Iraê Lundin, Brazão Mazula diz claramente que foi ele quem de forma fraudulenta tratou da candidatura do Sheik Abdul Carimo. “Tenho a dizer que se houve alguma irregularidade no processo que V.Excia denuncia, é da minha inteira responsabilidade e não do Observatório Eleitoral, nem do CEDE”, escreve Mazula, deixando claro que de facto o Sheik Abdul Carimo não passa de uma encomenda com fins inconfessáveis. Agora está confirmado o objectivo do trabalho sujo feito por Brazão Mazula. 
 
Intervenção de Carimo no cargo que lhe foi encomendando
 
Sobre a sua ilegal e fraudulenta candidatura, Abdul Carimo não quer falar, remete qualquer explicação ao menor da fraude, no caso o ex-reitor Brazão Mazula. Carimo disse que o seu desafio é garantir que as eleições autárquicas e gerais, no País, sejam eleições menos tensas e dentro da Constituição.
“Espero que os processos eleitorais sejam calmos, onde depois das eleições a CNE não seja apontada”, disse. 
O novo presidente espera que a CNE seja um órgão mais justo, mais aberto para todos os cidadãos, durante o processo das eleições.
“Agora que fui eleito presidente da CNE as maiores responsabilidades recaem sobre mim. Tenho como prioridade criar mais abertura. Este órgão tem que ser mais aberto e todos se aproximem”, referiu.
Sobre a recusa da Renamo em participar nos pleitos, Carimo manifestou a sua fé na retomada daquele partido à CNE.
“Acredito que a Renamo virá à CNE. Não vaticino outro cenário para além deste”, referiu.
A actual CNE vai presidir as eleições autárquicas de 20 de Novembro próximo que decorrerão em 43 municípios e as próximas eleições gerais e das assembleias provinciais previstas para Outubro de 2014. (José Samuel e Matias Guente)
 

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