segunda-feira, 6 de maio de 2013

Detido na Alemanha suspeito de ter sido guarda em Auschwitz

 

Primeira detenção após novas investigações que detectaram cerca de 50 antigos guardas ainda vivos.
Campo de Auschwitz: foi detido o primeiro de 50 suspeitos de terem sido guardas que a Alemanha está a investigar Katarina Stoltz/Reuters
Hans Lipschis tem 93 anos e reconhece prontamente ter trabalhado no campo de extermínio de Auschwitz. Mas o primeiro detido no âmbito de novas investigações diz que era apenas o cozinheiro. Para as autoridades alemãs, é suspeito de cumplicidade nos assassínios.
As autoridades alemãs concluíram que há “provas convincentes” de que Lipschis foi cúmplice no assassínio em massa no campo. O Centro Simon Wiesenthal, que se dedica à documentação de crimes nazis e procura dos seus responsáveis, colocou-o em quarto lugar na sua lista de mais procurados no mês passado, acusando-o de participar em assassínios de civis, na maioria judeus, entre Outubro de 1941 e 1945.
Lipschis nasceu na Lituânia, mas o regime nazi deu-lhe estatuto de “alemão étnico”. A seguir à guerra foi viver para os Estados Unidos, mas foi deportado em 1983, segundo o jornal Welt am Sonntag.
As autoridades não revelaram o nome, mas os media relataram que o detido era Lipschis. Foi encontrado na sua casa no estado de Baden-Württemberg, e a acusação contra ele está agora a ser redigida, segundo o Ministério Público. “Ele tinha funções de supervisão, embora não trabalhasse apenas como guarda”, disse uma porta-voz à agência AFP. O suspeito não terá cometido assassínios, mas terá sido cúmplice nas acções.
As autoridades alemãs tinham anunciado que estavam a preparar acusações contra 50 antigos guardas do maior campo, o de Auschwitz-Birkenau, na Polónia ocupada pelos nazis, onde terão morrido, segundo o museu que agora funciona no local, cerca de 1,1 milhão de pessoas.
A nova investigação começou na sequência do processo contra John Demjanjuk, um antigo guarda no campo de Sobibor, também na Polónia ocupada. O tribunal que julgou o caso determinou que qualquer papel desempenhado num campo de extermínio equivaleria a um papel desempenhado na máquina de assassínios, alargando o conceito de culpa para quem não foi pessoalmente suspeito ou acusado de ter cometido crimes. Demjanjuk morreu antes de ser conhecida a decisão do recurso que tinha interposto à condenação por cumplicidade na morte de cerca de 28 mil pessoas no campo.

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