terça-feira, 14 de maio de 2013

Conversem e digam tudo o que quiserem um ao outro mas não atrasem mais nada …

Canal de Opinião 
Por: Noé Nhantumbo 
 
  Estratégia de desgaste e entretenimento será a eleita?  
 
 
Beira (Canalmoz) - Ao governo de Moçambique e a liderança do partido Renamo queremos com veemência, apelar para que parem com o belicismo verbal e com demonstrações de força militar ou policial. Na verdade todos sabemos que nenhum dos dois possui tal força dissuasora. Contar com aliados e “camaradas históricos “, com hipotéticos concessionários de reservas minerais e outros recursos naturais, não é nem pode ser fonte de estratégia política.  
É de vossa responsabilidade histórica e inalienável assumirem com sentido patriótico, acima de todas as agendas que por ventura possam existir, alinharem por um discurso reconciliatório e promotor da paz e concórdia n país.
Os caminhos por uma paz que engaje e envolva, absorva e mobilize os moçambicanos só podem ser trilhados por aqueles que não receiam os diálogos fundamentais.
Os subterfúgios e a pretensa legalidade que alguns interlocutores procuram apresentar como base para a recusa de uma discussão ampla e aberta da verdadeira agenda nacional prenunciam tácticas esquivas e promotoras da intolerância política activa. Não é demais repetir    
O que nos possam trazer as negociações entre o governo de Moçambique e a Renamo é importante. Mas importa que se tenha a verticalidade de afirmar que o mais importante é preservar a paz e a estabilidade no país, independentemente do que sejam as agendas da Frelimo e da Renamo.
Estes dois partidos tiveram todo o tempo do mundo para limar diferenças e alinhavar seus objectivos de acordo com o que haviam acordado em Roma.
O actual jogo de forças entre os dois ex-beligerantes trazem à superfície uma realidade que sempre se procurou adiar e esconder. Todos sempre compreenderam que o AGP, sua implementação e cumprimento foram incompletos e impostos. Da parte externa nota-se uma pressão antiga para que a paz seja mantida a todo o custo. Internamente existe um forte interesse em assegurar que o status conquistado através da guerra não seja posto em causa por novos actores políticos.
Quem negoceia ou entra em diálogo hoje teve oportunidade soberana de colocar seus pontos de vista ao longo dos últimos vinte anos. Os que se queixam de não cumprimento do AGP sabem muito bem onde e quando as coisas falharam. Os detentores do poder que geralmente se recusam a ceder ou a considerar as reivindicações legítimas de seu adversário político, não ignoram que conseguiram encurralar tal adversário…
As opções na mesa são escassas na medida que a cedência continua a estar fora do baralho. Fortalecer posições e forças, consolidar as alianças externas, ganhar a batalha da opinião pública internacional, projectar uma imagem de força com o potencial de eliminar qualquer expressão do adversário nomeadamente na esfera militar estão a ser perseguidos pelo governo de modo paulatino mas permanente.
Deste modo aceitar conversar pode ser puro entretenimento numa perspectiva de adiar e alcançar tal posição estratégica. Existe aparentemente a convicção de que se pode arrastar o processo negocial e nesse sentido a Renamo até um ponto de viragem irreversível. Estando criadas as condições para uma confrontação directa e aberta então se interromperiam as negociações u dito dialogo e se avançaria para acções características de guerra.
Membros da Renamo no Parlamento e seus quadros seniores começariam a ser detidos onde fosse possível. Um estado de sítio seria declarado e seguido de supressão da liberdade de imprensa tudo em nome da segurança nacional e da manutenção da paz.
Esta é uma leitura do possível entre tantas outras possíveis.           
Protelar e condicionar a completa implementação do AGP favoreceu a estratégia da Frelimo na medida em que o status não sofreu alterações. A Frelimo continuou a governar e a controlar todos os principais organismos decisores no país.
O equilíbrio que parecia alcançado ao nível das forcas militares desmoronou-se logo que começaram as primeiras reformas ou colocação na reserva doa activos da FADM provenientes da Renamo.
Já ninguém ignora que as “fintas” de Joaquim Chissano foram cruciais para tudo o que aconteceu em seguida.
Os cordelinhos do poder esta firmemente nas mãos de membros da Frelimo o que proporciona toda uma vantagem estrategicamente importante. 
Dá a impressão de que não haverá cedências fundamentais em mais um encontro entre governo e Renamo. Se tomarmos em conta a postura habitual de um governo manifestamente centralizador e pouco dado a diálogos consequentes, teremos encontros sobre pontos, em que os participantes continuarão a apresentar-se em posições irredutíveis.
A fraqueza no entendimento político e na leitura do AGP entre os ex-beligerantes provocou uma situação de aparente vantagem para uns e desvantagem para outros.   
Obviamente que vivemos uma situação complexa e com todo potencial de se tornar violenta. Não interessa aos moçambicanos continuarem reféns de gente que já foi inimiga na frente da batalha. Os interesses e agendas de uns e outros apontam para uma única tese que é o poder a qualquer custo, mesmo que seja fora das regras prescritas pela democracia.
Há razões abundantes para duvidar e questionar da seriedade com se entregam e se envolvem em negociações, numa altura em que deveriam estar afinando suas estratégias para os pleitos eleitorais que se avizinham.
Parece que toda a sua estratégia estar apontada para a não realização das eleições.
Não temos dúvidas em afirmar que se trata de manobras dilatórias que desembocarão no prolongamento dos mandatos tanto dos edis como do próprio PR e a actual composição do Parlamento.
O que se ensaia em Moçambique já foi implementado em Angola numa situação em que as armas ainda se faziam ouvir.
Um Governo de Unidade Nacional também já havia sido proposto por algumas chancelarias ocidentais logo após a assinatura do AGP.
Havendo espaço para acordos mínimos quanto a participação nas eleições de todos os partidos políticos seriam criadas as condições para a continuação do processo politico nacional. A dúvida que paira no ar é se isso é realmente o que querem os que agora se encontram sentados discutindo.
É momento de envolvimento de todos s moçambicanos. Há que unir esforços e ideias para a manutenção da paz.
Aos parceiros externos representados por suas embaixadas em Maputo o apelo é que no mais estrito respeito pelas normas que regem as relações entre governos se empenhem na busca de soluções para um problema ou problemas que ajudaram a criar.
Qualquer descarrilamento do processo politico moçambicano terá consequências graves e de longo prazo.
Ninguém quer em seu prefeito juízo e responsabilidade ver nascer outro M23 em Moçambique.   
Há tempo e espaço para se encontrarem linhas de comunicação fortes e consistentes com a vontade nacional de paz, estabilidade e desenvolvimento.
Afastemos a guerra do nosso horizonte visual através de acções promotoras da confiança nacional.
Aqueles que acreditam numa vitória fácil e rápida em provável guerra no país estão redondamente enganados como se verificou na guerra civil anterior. Seria uma loucura que os moçambicanos permitissem que mentes perturbadas por anseios e ambições exacerbadas empurrassem seus compatriotas para a confrontação violenta de pois de experiencias tão amargas…
Os moçambicanos estão atentos e saberão julgar os culpados de qualquer derrapagem…
Esperamos que os negociadores se dispam de toda a presunção e discutam com a responsabilidade que recai sobre eles.
Quem tem a oportunidade de fazer a diferença e descarta só pode estar movido por uma agenda sinistra e lesa-pátria …. (Noé Nhantumbo)
 

Sem comentários: