terça-feira, 21 de maio de 2013

Ban-Ki-Moon: “não basta a paz e a estabilidade para trazer riqueza”

 
 
“Que tipo de País Moçambique quer? Com certeza de Paz, de respeito pelos direitos humanos, um País com oportunidades iguais para todos, onde as vozes, as preocupações e as aspirações são ouvidas e atendidas, um Pais sem fome, com um futuro com igualdade, onde todos saem a se beneficiar” – Ban-Ki-Moon
 
“Constatámos que o País não está saudável, as assimetrias aumentam e a moral das pessoas baixou” – Graça Machel falando ao lado de Ban-Ki-Moon
 
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Maputo (Canalmoz) - O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban-Ki-Moon, disse na tarde desta segunda-feira em Maputo que não é só a Paz e a estabilidade política que traz a riqueza. “Precisamos de um outro roteiro político coerente e amplo para erradicar a pobreza”, afirmou no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, durante uma mesa redonda sobre os Objectivos do Milénio Pós-2015, organizado pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) em parceria com outras organizações da sociedade civil.
“A desconfiança, o descontentamento, a fome, o não respeito pelos direitos humanos, a ausência de um planeamento conjunto, são factores que concorrem para o surgimento de conflitos neste século”, disse Ban-Ki-Moon, parecendo estar a descrever a realidade actual de Moçambique.
Em tom de questionamento, Ban-Ki-Moon indagou “que tipo de País Moçambique quer ser?”.
E respondeu: “com certeza de Paz, de respeito pelos direitos humanos, um País com oportunidades iguais para todos, sem fome, um futuro com igualdade, onde todos saem a se beneficiar”.
 
Contraste da pobreza na riqueza
 
De acordo com o secretário-geral da ONU, que chegou a Maputo nesta segunda-feira para uma visita de três dias, “em Moçambique, metade da população vive abaixo da linha da pobreza, os níveis de analfabetismo e a morte materno-infantil continuam preocupantes, mas é um País que tem imensas riquezas”.
“Esperamos que sejam delineados planos de gestão transparente destas riquezas”, disse o responsável máximo da ONU.
Por outro lado, apelou para a necessidade de diálogo como forma de permitir o desenvolvimento e a erradicação da pobreza.
“As vozes, as preocupações, as aspirações e as ambições das pessoas devem ser ouvidas e consideradas”, disse Ban-Ki-Moon, argumentando que “hoje temos conflitos porque as pessoas não são orientadas pelos líderes, por isso saem às ruas para cantarem os seus direitos”.
Disse ser necessário garantir uma educação de qualidade, bem como a saúde para a mulher e criança. Contudo afirmou que Moçambique tem muitas razões de orgulho desde 1992 quando assinou os acordos gerais de Paz.
 
“O País não está saudável” Graça Machel
 
Entretanto, a presidente do Conselho de Administração da FDC, a senhora Graça Machel, disse na mesma mesa redonda, que 60 por cento da população moçambicana continua a viver abaixo da linha da pobreza.
Sem nenhuma novidade, Graça Machel disse que de 2009 a 2012, a pobreza aumentou no Pais, sendo que 44 por cento das crianças vivem numa situação de subnutrição e as populações continuam a ter dificuldades de acesso aos alimentos.
Por outro lado, a ex-ministra da Educação e viúva do primeiro presidente de Moçambique apontou que o País proporciona apenas 10 mil   novos empregos por ano e a descoberta de recursos pouco se reflecte na vida das pessoas.
“O País está longe de superar a insegurança alimentar, a subnutrição, a pobreza, saneamento e meio ambiente entre outros problemas”, disse.
Ainda de acordo com Graça Machel, da consulta feita pela FDC a nível de todo o País, “constatámos que o País não está saudável, as assimetrias aumentam e a moral das pessoas baixou”.
Por seu turno, Luís Filipe Pereira, membro do Comité de Conselheiros da Agenda 2025, afirmou haver manifestações de conflitualidades sociais.
O Governo, através da vice-ministra da Planificação, Amélia Nacale, disse que o Governo continua a investir no sector social, apontando que para 2015 o País pretende reduzir para 40 por cento a pobreza.
“A taxa de mortalidade materno-infantil continua preocupação”, reconheceu a governante.
A mesa redonda desta segunda-feira visava discutir os Objectivos do Milénio (OBM) da ONU pós-2015. O evento reuniu membros do Governo, da sociedade civil, académicos, jornalistas entre outros. (Bernardo Álvaro)

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