terça-feira, 16 de abril de 2013

Vento sopra da bela serra de Gorongosa exigindo mudança de postura e atitude

 

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Canal de Opinião por Noé Nhantumbo.
 
Chulices e encomendas elogiosas já não satisfazem os moçambicanos…
 
Por mais que os engraxadores do suposto grande líder assumpção de Pyongyang insistam em vender seu “peixe putrefacto”, vozes crescentes e em crescendo se fazem ouvir contrariando com factos as ladainhas encomendadas, servilismos e chulices.
 
A paralisia política que se verifica ao nível dos órgãos decisores da Frelimo é produto directo da postura proibitiva de diálogos ao nível interno naquele partido. O chefe actua de tal modo que não existe oportunidade para a manifestação do pensar individual dos membros. Se num partido os membros estão relegados a um papel de espectadores a quem não se permite falar nem opinar com honestidade, esse partido entra em estado de hibernação, não recebe o oxigénio essencial para a vida, definha e reduz-se a uma caixa-de-ressonância de directrizes emanadas de sectores poderosos mais ou menos secretos.
 
Entra-se num ciclo de rotura com os princípios que garantem aquela democracia interna que traz vigor e vida para um partido. A concentração excessiva do poder, nas mãos de alguém que tem predisposição nem disposição de delegar competências, escutar vozes discordantes e críticas, tem empurrado a Frelimo para uma situação monolítica imobilizadora. O que transpira, o tipo de decisões tomadas, as orientações que os governantes seguem estão de tal maneira associados a postura de seu líder que não se vislumbram sinais de pensamento nem de coerência por parte dos diversos titulares dos cargos públicos.
 
Parece que todos sabem que devem obrigatoriamente cumprir com os pontos de vista do chefe, mesmo quando estes não são expressos nem mencionados. As correntes de transmissão dos comandos ao nível do governo estão emperradas por vontade expressa do líder. Ninguém se atreve a ter opinião própria por mais correcta que seja. Todos ficam a espera do que sairá da boca do grande chefe. Já não se trata simplesmente de disciplina partidária mas a assumpção de que pensar e manifestar é perigoso para a sobrevivência política e a permanência em qualquer cargo.
 
Neste estado de coisas quando surgem convulsões políticas torna-se óbvio que todos aqueles que deveriam oferecer opiniões e sugestões sobre como lidar com elas se calam esperando que o chefe diga o que quer e como quer que isso seja feito. A iniciativa criadora das pessoas, a sua intuição e capacidade de contribuir com ideias ficam travadas. Claro que tudo isso tem consequências nefastas para o país na medida em que se adiam soluções e não se escolhem as melhores ideias nem os melhores caminhos.
 
Tem sido uma crença de coesão ou numa coesão política que tem condenado o país a sofrer assim como seguir opões de acção na esfera política e económica, contraproducentes. Em nome do cumprimento de orientações, aqueles que deveriam ouvir e escutar os subsídios que advêm dos variados segmentos sociais. Perdem-se oportunidades de fazer melhor porque escolhem-se os assessores inadequados. Gente com agenda e interesses próprios, muitas vezes ligados a interesses corporativos internacionais actuando no país, aparece na posição de assessora num gritante posição de conflito de interesses.
 
A estrutura aprovada como linha de acção na esfera política e económica reflectem toda uma associação e concertação de agendas e interesses. Há uma relação de causa e efeito perfeitamente visível no panorama político e económico do país. Agora que se clarificam os dossiers reais da nação, cabe aos políticos de proa, partido do governo e partidos da oposição, tomarem decisões firmes e consentâneas com os reais interesses dos moçambicanos. Não se está pedindo nada de impossível aos interlocutores. Queremos o fim das ameaças e da arrogância.
 
Queremos o fim da exibição de força e músculo militar pois sabemos que sua utilidade é dúbia e perigosa. Queremos que se assuma que a democracia deve ser transparente, justa e credível, num processo em que os candidatos à governação do país se apresentam em condições iguais as pleitos, sem subterfúgios nem jogos pré-decididos. Calem-se as armas e que os políticos se sirvam das palavras para conquistarem votos. Calem-se os perturbadores da paz e os escribas mercenários que bajulam lideranças ao mesmo tempo que promovem a intolerância política.
 
Calem-se os patrocinadores externos de agendas obscuras visando o saque dos recursos naturais de Moçambique. Como moçambicanos assumamos os destinos desta pátria construindo-a todos os dias com abnegação e inteligência. Sem vergonha do nosso passado cada um deve aceitar pedir perdão e perdoar. Passos simples e coerentes contribuirão para o avanço da verdadeira agenda da Paz e do progresso deste Moçambique que alguns pensavam que era deles com exclusividade. Traga-se a história do país à superfície e que se honrem todos os que se bateram por Moçambique.
 
Ideologias, pontos de vista, a história no prisma dos“vencedores” concorrem para a neutralização dos esforços de construção daquela moçambicanidade pertinente. Não se pode obrigar a que cada um de nós dance a música que não goste.  Não se pode falar de pátria bem-amada excluindo uma boa parte dos moçambicanos, vivos e mortos. Exaltemos a moçambicanidade incluindo todos os que tombaram pelos seus ideais.
 
Democracia política com fortes ingredientes de democracia económica, com lideranças promovendo uma ética, moral e cultura moçambicana tornarão obstáculos em desafios em que todos os segmentos sociais assumem e se entregam na sua concretização. Os moçambicanos aceitam consentir mais sacrifícios num movimento em que cada um dá de si o melhor de si e em que os titulares de cargos públicos, servem de facto a nação e não se colocam ao serviço de suas agendas privadas. É altura de viabilizar o país com responsabilidade e sentido patriótico. Só isso interessa aos moçambicanos…
 
CANALMOZ – 16.04.2013

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