quinta-feira, 18 de abril de 2013

Se Moçambique é pobre





Egidio Guilherme Vaz Raposo


Se Moçambique é pobre; se o Estado moçambicano “não tem riqueza para redistribuir…”, porque existem tantos querendo “assaltar” posições electivas do Estado e Governo moçambicanos? O normal era que os moçambicanos cultivassem uma aversão visceral a posições do Estado por serem tão menos pagos e fossem atraídos pelo sector privado ou trabalhos por conta própria, mais compensadores.

Para mim, não faz nenhum sentido que alguém “morra” de tanto fazer campanhas eleitorais para dirigir um país “sem riqueza para redistribuir”. Não faz nenhum sentido que pessoas sérias e laboriosas disputem a direcção de um “um povo falido”. Onde está a sua motivação?

Um país “sem riqueza para redistribuir” é um país onde funcionários do Estado e governo usufruem benefícios proporcionais à condição do país, o que logicamente levaria a que estes cargos fossem disputados apenas por pessoas menos laboriosas ou eventualmente por pessoas de caridade. Porém, não é esta a experiência de Moçambique.

Grande parte dos membros do Conselho de Ministros por exemplo, já eram empresários de sucesso quando foram nomeados. Alguns mesmo já tinham seus negócios que a partida os garantia uma vida melhor para si e seus filhos. Portanto, estamos a falar de pessoas laboriosas, homens e mulheres de sucesso que se “voluntariaram a dirigir um país sem riqueza para redistribuir”. Porquê?

O ponto a que queria chegar era mesmo este: parem de insistir num discurso que só contribui para agigantar as suspeitas sobre a vossa conduta. Discursos como “sonhar com carvão no prato” ou “o país não tem riqueza para redistribuir” são discursos que não ajudam o povo a compreender o que está em causa no processo de exploração de recursos naturais. São discursos que “consolidam” a percepção segundo a qual os dirigentes apenas lutam pelo poder para se servir dele, já que a riqueza do país [que não existe para redistribuir por todos] apenas é redistribuível entre os que detêm o poder, daí a luta ferrenha que encetam para aceder a respectivos cargos.

Um moçambicano da Itália dizia a um político moçambicano, inter-alia: “o governo sempre nos diz para esperar…esperar…esperar; que os benefícios virão mais tarde. Só que a “nomenclatura” não está a esperar. Está a lucrar. Portanto, há recursos sim para redistribuir”.

Todos os dias abrem-se telejornais e fazem-se manchetes de um Moçambique em franco desenvolvimento, um Moçambique embolsando milhões de meticais provenientes de concessões de prospecção mineira e queijando….quando o povo depois exige a prestação de conta desta “riqueza” respondem “Moçambique não tem riqueza para redistribuir?” É assim mesmo?

O que está acontecer é o mesmo de quem mata uma cabeça de vaca, come-a e depois lança as vísceras pela varanda afora e continua a dizendo “não se come a carne nesta casa fazem semanas”.

  • Erasmo Bone Alicene Lembro-me de Lula da Silva,e o exemplo que deu sobre este seu ponto de vista. O bolo que tinha que crescer para ser distribuido e que,na altura que se achou que cresceu.,já näo tinha bolo.
  • Claudio Chivambo Gabriel Muthisse, Amosse Macamo, José de Matos, Muzila Wagner Nhatsave, Manecas Tiane, Jerry Revelador Fonseca, Nelson Livingston, José Jaime Macuane, António A. S. Kawaria, Eusébio A. P. Gwembe, prato na mesa...Sintam-se servidos.
  • Sérgio Chusane Não há riqueza para distribuir porque os pais ainda esta a pagar a ALGUNS heróis (e seus aliados) da libertação do jubilo colonial. A luta pela independência nacional durou 10 anos mas o pagamento aos "libertadores" dura há mais de 37 anos. Quantos mais anos serão necessários para o povo poder receber um pouco do que e seu por direito? Boa reflexão Egidio Guilherme Vaz Raposo. Well done.
  • Benedito Nuvunga De facto o pais nao e pobre! Mas sim, empobrecido por algumas mentes. Do estilo o povo nao Ve nada!
  • Celso Eduardo Enquanto a elite politica vai se redistribuindo o pouco que podia alterar as estatisticas dos relatórios sobre o desenvolvimento e / crescimento humano nunca havera nada para nós os "zé ninguem. Esse tipo de discurso para estar desactualizado e o de
    fensor do mesmo perdeu uma optima ocasião para ficar calado.
  • Erasmo Bone Alicene Falamos muito,muito e muito. Partimos para a acçäo, já nos próximos pleitos eleitorais? Só assim é que poderemos mudar a situaçäo!!!
  • Eugenio Abilio Abibo vao nas urnas inverter estas politicas, Zambia fez, e nos sera nao podemos?
  • Pedro de Sousa cncordo cm vc, oh erasmo bone alicene....
  • Stiven Ferrao Belo artigo.Concordo fortemente com o seu argumento!
  • Honorio Isaias Massuanganhe Massuanganhe carissimos juntem se a mim no primeiro sabado de cada mes para uma manifestacao pacifica que intitulo de " sorria vc esta sendo enganado" vamos gargalhar sempre que um discurso como este de aiuba for proferido. eu estarei la...vamos sair do facebook uma vez ao mes. lembrem se que a maior critica que o marx fez ao hegel e deste ultimo segundo marx ter tomado uma postura demasiadamente contemplativa diante do caos quotidiano. segundo marx o hegel julgou ter resolvidos os problemas do seu tempo por apenas tero os pensado... chega de pensar... vamos agir, tal como o home marxista, o homem da praxis!
  • Ismael Momade Adamo Adamo Tenho saudades de alguem que não conheci, honesto e Bem formado foi um homem civilizado não roubou para seu beneficio já fiz as minhas comparações SALASAR não foi tão tão mau.
  • Rudolfo Cossa É deveramente preocupante que o discasismo esteja a vigorar á uma porporção que até caleja o nosso entendimento. Há discursos que ja cairam na obsolencia,pelo que já não faz mais sentido um dirigente demagogo,vir ao público dizer que "o nosso país é pobre" e por via disso não há riqueza por redistribuir ao povo moçambicano. Porém,para eles tem em demasia,que coisa absurda e arrepiante.
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