sábado, 6 de abril de 2013

Relações entre Rússia e Alemanha cada vez mais frias: Voz da Rússia

5.04.2013, 18:24, hora de Moscou
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O presidente russo, Vladimir Putin, se desloca em visita oficial à Alemanha em um pano de fundo de evidente "esfriamento" das relações entre os dois países. Por iniciativa de Angela Merkel, o líder russo assistirá à cerimônia de inauguração da Feira Industrial Internacional de Hannover, em que a Rússia se apresenta como principal parceiro.

Segundo avaliações de peritos, o ambiente das conversações bilaterais será diferente do habitual e as partes não escondem isso. Há várias razões para tal: a crise bancária no Chipre, a "pressão" sobre as organizações não-governamentais na Rússia e os problemas relacionados com a abolição dos vistos europeus para os cidadãos russos.
Ao longo das últimas décadas, a Rússia e a Alemanha têm estado ligadas por sérios interesses econômicos. A Rússia fornece energia e vai abrindo o seu mercado, enquanto a Alemanha oferece tecnologias, equipamentos e investimentos. Essa pauta não foi cancelada. Todavia, os motivos políticos têm vindo a predominar. Por um lado, Moscou deixa claro não ter intenções de seguir à risca o modelo de desenvolvimento europeu. Por outro lado, a Alemanha, em face da crise, vem assumindo novas posições. Uma parte de políticos alemães critica seu governo por manter "relações estreitas" com a Rússia e a China. Os políticos mais pragmáticos admitem que o fardo da atual liderança da União Europeia (UE) pressupõe uma carga adicional e críticas inevitáveis, ressalvando que, apesar disso, a Alemanha não deve estragar as relações com a Rússia, vista como um parceiro importante do país.
Por isso, a Feira de Hannover se realiza na altura certa, afirma Andre Scholtz, gestor da empresa alemã Rodl & Partner:
"Os contatos políticos têm diminuído. A imagem da Rússia na mídia alemã deixa a desejar. Mas Moscou poderá apresentar-se bem na Feira de Hannover, mostrando as suas potencialidades. Este será um fator importante para os investidores e terá efeito positivo para um incremento de investimentos alemães".
Segundo Yuri Ushakov, adjunto do presidente russo, ambos os líderes pretendem debater, nas negociações à porta fechada, um vasto espectro de temas referentes às relações russo-alemãs, bem como os problemas mundiais, inclusive a recente crise bancária no Chipre. O jornal britânico Guardian opina que Moscou acusa Berlim de ter menosprezado os seus interesses na adoção do programa de resgate financeiro do Chipre e até tenciona seguir a via de "vingança".
Entre as "questões agudas" figura ainda a inspeção das organizações não-governamentais russas, incluindo duas fundações alemãs. Segundo garantiu Putin, a campanha de fiscalização das organizações não-governamentais não é, de forma alguma, uma medida draconiana, constituindo uma prática normal para as entidades do gênero.
Não é muito otimista o posicionamento de Berlim assumido em relação à abolição do regime de vistos entre a Rússia e a União Europeia, realça Fiodor Lukianov, redator-chefe da revista Rússia na Política Global.
"Na questão dos vistos, a Alemanha tem defendido uma posição conservadora, procurando entravar o processo decisório. Há um mês, houve certo avanço quando se conseguiu acordar a questão importante para a Rússia dos passaportes biométricos. Mas agora, face aos últimos acontecimentos citados acima, os diplomatas da Alemanha ficaram aborrecidos, dizendo que isto criará novos obstáculos ao progresso nas relações bilaterais".
No entanto, julgamos que a Rússia e a Alemanha estão unidas por fortes laços e estão condenadas a desenvolver as relações de parceria.

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