sexta-feira, 12 de abril de 2013

Paz à meia haste

Por Luís Guevane
 
Ataques dos dois lados! Quem começou com o problema? Consta que os membros da Renamo estavam reunidos em sede própria quando, sem esperarem, foram forçosa e rapidamente intervencionados por forças governamentais no sentido de serem desbaratados. O medo, a partir desse momento reto-mou a robustez há muito adormecida nas nossas mentes traumatizadas pela guerra. O exemplo de paz, nossa ban-deira exibida internacionalmente, foi ali colocada à meia haste.
 
O ataque da Renamo à esquadra, em retaliação (ou resposta ou reacção) aos ataques dos primeiros, reconfirmou a posição des-sa mesma bandeira. O medo elevado ao quadrado estava, assim, instalado. Quem provoca m.. aguenta com o cheiro! A ameaça à Paz, traduzida pelos actuais acontecimentos epicentrados em Muxún-guè, abalou o País inteiro. Teve um impacto imediato e, como era de esperar, bem mais forte do que as manifestações dos “mad-german”, dos demobilizados de guerra, e tantas outras. Teve e está a ter o nível de mediatização que merece.
 
Alguma imprensa parangonizou as consequências e não as causas em defesa de encomendas ou de certa inércia do monopartidarismo. O que concluir assim rapidamente? O sistema não dialoga consigo próprio para depois dialo-gar com quem necessita do mesmo. O vício da imposição e da disciplina partidária não permite uma reflexão aberta e mais exten-siva na hierarquia. Falta alguma liberdade, alguma paz intra-partidária, ...falta, enfim, algum à vontade, alguma sacudidela da arrogância sempre exibida e vezes sem conta criticada.
 
Custa dialogar quando não se tem o coração aberto. Tanto a Frelimo como a Renamo devem agir em conformidade com o pedido de manutenção da Paz feito pelos moçam-bicanos. De nada vale a defesa arrogante e intransigente de posições partidárias que não resultem em benefício para os moçam-bicanos. Os nossos políticos precisam de evoluir para níveis que estejam em concor-dância com as vantagens da globalização.
 
Esta exige um Estado no verdadeiro sentido da palavra. Um Estado em que todos depositem seguramente o seu voto de confiança. Um Estado que converte e não um Es-tado convertido. Os dois devem-se com-prometer e pautar pelo desenvolvimento inclusivo. A responsabilidade é claramen-te acrescida para quem está no poder.
 
Cá entre nós: a bandeira da Paz deve ser negociada para que regresse ao topo do mastro. Lá de onde ninguém devia ter tirado. Todos falam em nome do Povo. Mas, o Povo é esse capim que os elefantes
ignoram, porque os alimenta. Onde anda a dita Sociedade Civil? Por que razão não promove manifestações com dísticos, car-tazes, bonés, camisetas, etc., em nome da manutenção da Paz? O momento é cla-ramente fértil. Não precisamos de espe-rar pelas datas festivas ou comemorativas para ir à Praça da Paz e largar a tão que-rida pomba da PAZ. Peace!

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