quarta-feira, 10 de abril de 2013

“Não haverá mais guerra em Moçambique”

 
Afonso Dhlakama
Afonso Dhlakama sossega os moçambicanos, a partir de Santungira.
O líder da Renamo revelou ainda que está a conversar com o Chefe de Estado, Armando Guebuza, que lhe propôs um frente-a-frente, mas ele recusou por entender que “vai dar no mesmo do passado”. Todavia, as comissões da Renamo e do Governo vão voltar a dialogar.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, chamou ontem a imprensa para reafirmar que o seu partido nunca mais vai ser protagonista de uma guerra civil em Moçambique. No entanto, Dhlakama diz que o seu partido vai continuar a retaliar com violência os ataques da polícia aos seus ex-guerrilheiros e ou às suas instalações.
O líder da oposição considera-se o melhor político-militar do mundo, porque durante 20 anos tolerou ataques violentos, perseguições protagonizadas pela Frelimo, através da Força de Intervenção Rápida, sem retaliar, facto que, segundo ele, é raro no mundo.
Para retaliar o ataque da semana passada à sua sede, Dhlakama disse que teve que autorizar os seus ex-guerrilheiros porque os mesmos ameaçaram demiti-lo ou assassiná-lo, alegando que se recusasse que eles atacassem a polícia, seria sinal de que recebe dinheiro do governo. Vendo-se num beco sem saída, refere Dhlakama, deu aval aos seus homens para avançarem. No entanto, solidariza-se com as famílias dos polícias mortos e lamenta o sucedido, por considerar que são jovens mancebos, sem experiência militar, que foram mortos por uma divergência que podia ser resolvida na mesa do diálogo. Dhlakama diz que se não fosse a arrogância da Frelimo, não teriam acontecido episódios de violências em Muxúnguè.
Por isso, para que situações daquelas não se repitam, a Renamo diz ter exigido ao governo que retire os polícias e militares que cercaram a sua base em Satungira, onde o seu líder vive desde Outubro do ano passado, a retirada dos agentes da FIR que ocupam desde Março do ano passado a sede provincial da Renamo em Nampula e saída dos agentes que povoaram Muxúnguè. Caso estas exigências não sejam cumpridas dentro de alguns dias, Afonso Dhlakama promete atacá-los.
No entanto, em resposta, Dhlakama diz que Armando Guebuza disse “vou reunir com os ministros da Defesa e do Interior para mandar retirar os polícias”. “Desde ontem - prossegue Dhlakama - vimos que alguns já saíram, resta saber se é porque vocês vinham para aqui”, acrescentou.
Por outro lado, o líder da “Perdiz“ diz que o Presidente da República, Armando Guebuza, através do reitor da Universidade A Politécnica, Lourenço do Rosário, enviou uma mensagem, pedindo o fim das hostilidades e o regresso à mesa de negociações. Aliás, segundo Dhlakama, Guebuza pediu com carácter de urgência uma reunião entre os dois, mas que recusou por considerar que não há nada a falar com o Chefe de Estado, pois, desde o último encontro, nada do que conversaram foi cumprido, daí que não pode ir a uma reunião só por ir. “é para vocês depois dizerem que fui lá pedir dinheiro, como alguns escreveram?”, indagou Dhlakama.
Mais adiante, Dhlakama disse que aceitou retomar as conversações entre uma comissão do seu partido e outra do governo. Segundo suas palavras, Guebuza disse que, desta vez, as negociações deverão ser conduzidas por comissões sérias, ao que Dhlakama terá respondido que as comissões da Renamo que iniciaram o diálogo ano passado eram sérias e estão prontas para mais uma ronda negocial.
Preocupações da Renamo
A resposta que Afonso Dhlakama diz ter enviado ao presidente da República inclui assuntos que este partido já vem apresentando ao executivo sem que sejam atendidos. Referiu-se à revisão do Pacote Eleitoral, que segundo ele, a Comissão Nacional de Eleições deve ser constituída por membros dos partidos políticos com assento na Assembleia da República em igual número e não de acordo com a proporcionalidade parlamentar, como sucede agora.
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