quinta-feira, 18 de abril de 2013

Guebuza e as Presidências Abertas

 

O Presidente da República iniciou hoje mais uma série das Presidências Abertas. Muitas pessoas afirmam que este exercício é desnecessário e/ou dispendioso. Ainda recentemente o meu amigo Elísio Macamo arrolou este facto entre as fraquezas que merecem as críticas que são dirigidas a Guebuza. Para Elísio, as Presidências... Abertas "têm sido basicamente gastos irresponsáveis de dinheiro que o país não tem".

Mesmo para os que encontram algum mérito nas visitas sistemáticas do Presidente da República aos distritos e aos Postos Administrativos acham, no entanto, que elas são caras. O facto de o Presidente e a sua comitiva se fazerem transportar em helicóptero é considerado injustificável.

Havendo várias opções para o Presidente fazer as Presidências Abertas o que fez com que se escolhesse a via aérea? Poder-se-ia ir a essas longínquas localidades de viaturas. Poder-se-ia ir de burro ou de carroça. Ou mesmo de bicicleta. Porque a equipa logística que organiza estas viagens escolheu os helicópteros?

Moçambique é um país muito extenso, com mais de 128 distritos rurais. No momento em que escrevo não tenho em mente o número de Postos Administrativos. Atendendo a que a intenção do Chefe de Estado é escalar, em cada ano, mais de 44 distritos deste vasto Moçambique, quanto tempo levaria a faze-lo? Sem dúvida que todos concordaremos que levaria bastante mais tempo se pretendesse faze-lo de carroça ou de burro. E que o meio mais rápido de faze-lo, sem prejudicar outros aspectos da governação que lhe estão acometidos, é usar meios aéreos. É um simples problema de economia de tempo. E haveria que avaliar o que é mais barato. Se ir de carroça ou ir de helicóptero. Provavelmente, o que se poupasse no aluguer dos helicópteros seria gasto na relativamente mais longa estadia usando burro ou viaturas mais modernas.

Mas mesmo que todos concordássemos que é mais barato usar meios aéreos fica um aspecto por esclarecer: É importante o Presidente ir aos distritos e Postos Administrativos e, lá, interagir com os líderes tradicionais, líderes comunitários, Conselhos Consultivos Locais e com a população reunida em comícios? Podemos estender esta pergunta, para incluir os ministros, vice-ministros e outros dirigentes do Estado. Devem eles visitar os distritos e postos administrativos, ou isso é basicamente gasto irresponsável de dinheiro que o país não tem, como diz Elísio Macamo?

Creio que é preciso olhar para o país para responder esta pergunta. Provavelmente, em países onde há uma grande circulação de informação os dirigentes precisem menos de visitar povoações e postos administrativos. Os cidadãos têm acesso aos jornais, todos possuem rádios ou televisores. Grande parte das pessoas tem acesso às diversas plataformas das tecnologias de informação. Por essa via podem deixar transparecer os seus anseios, as suas angústias e as suas exigências. Ademais, nesses países o sentido de cidadania está mais desenvolvido e as pessoas possuem vários canais para se fazerem ouvir pelos decisores. É essa a realidade de Moçambique?

Poderíamos dizer que os governantes deveriam usar os órgãos do Estado para canalizar os anseios das populações. Todavia, esta fórmula enferma de duas insuficiências. Para entender a primeira insuficiência era preciso conhecer como funcionam os órgãos de base do Estado. Grande parte das Secretarias das localidades e dos Postos Administrativos não têm, ainda, um edifício formal. Uma esmagadora maioria não possui energia eléctrica, não possui telefone, não possui nem viatura nem motorizada. O que estas entidades podem fazer para canalizar as preocupações, anseios e exigências do povo é ainda muito pouco. Mesmo os governos distritais só recentemente ganharam algum fôlego, com as políticas de descentralização (leia-se desconcentração) impulsionadas pelo Presidente Guebuza. A quase totalidade das sedes distritais já possui energia eléctrica e telefonia móvel. Mas muitos de nós ainda nos recordamos quando, há meros dez anos atrás, qualquer chefe de ONG no distrito tinha mais prestígio que o administrador do distrito. Este é o preço da nossa pobreza.

A segunda insuficiência tem a ver com o sentido de cidadania. Com o sentido de participação. Mesmo que o desenvolvimento institucional das secretarias de localidade, dos postos administrativos e dos distritos fosse o desejável, não sanaria esta insuficiência. O sentido de cidadania e de participação no nosso país carece de ser impulsionado. E quando falo disto não me refiro às ONG's parasitárias que pululam nas cidades. Refiro-me, sim, a instituições cívicas que congreguem e expressem a grande vontade de participar na vida pública que está latente na mais longínqua aldeia do nosso vasto Moçambique. E não creio que caiba dúvida de que todos os Presidentes que Moçambique já teve até agora foram grandes impulsionadores do espírito de cidadania. Através de um exercício de pedagogia cívica que, em minha opinião, deve continuar. E as Presidências Abertas se inserem nesta perspectiva de despertar a mais ampla participação dos moçambicanos na vida nacional. Um caminho que o Presidente Guebuza identificou foi o dos Conselhos Consultivos Locais. Quem vai aos distritos e às localidades pode testemunhar a crescente vitalidade destes fóruns de cidadania em embrião.

Não tenho pois dúvida de que o que se convencionou por chamar de governação aberta, modalidade que preconiza a presença sistemática dos governantes nas localidades é um modelo essencial de interacção com o povo. Principalmente tendo em conta as condições económicas, sociais, políticas e culturais do nosso país. A minha experiência de governação me diz que, se ficasse encerrado aqui no Maputo, no meu gabinete de trabalho, não teria como tomar conhecimento real dos problemas do nosso povo. Fracassaria inexoravelmente nas minhas responsabilidades. E muitos dos críticos deste modelo apressar-se-iam a criticar o isolamento dos dirigentes numa torre de marfim.



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  • Manecas Tiane Caríssimo, acredito que o texto será largamente discutido, até porque o tema em si levanta muitos elementos ou subtemas, desde os intrisecamente relacionados com o trabalho de um PR num país bem caraterizado, de gestão até aos conceitos de eficácia e eficiencia. Pessoalmente dou meu SIM a esta forma de trabalhar....acredito que ajuda ao PR a perceber melhor entre o que lhe chega e o que efetivamente testemunha.....por outro lado eu gostaria de ver melhorado o impacto da presença ou passagem do PR por um distrito, há que ser objetivo destas visitas não apenas a vinda do alto Magistrado, mas a criação de uma história e legado em toda vida do distrito ou localidade no sentido de ir dilacerando as fragilidades que aponta ao longo do texto. Por exemplo senti muito isso(ainda que em Planificaçao porque depois nao monitorei) a quando do Conselho de Ministros de Angoche. Por outro lado há que ouvirmos como outros perspectivam o exercicio....(eventualmente dizer-se claramente que o PR nao gasta tanto como muitos temem - ainda que seja informaçao/dados que podem fragilizar outros elementos de logistica), a ver se encontramos um ponto óptimo.

  • Mitolas Chrineyka Percorrer o país é um dever do PR. Ele não foi eleito para governar apenas a partir de Maputo. Avante presidências abertas.

  • Miller Martin Blá blá blá promessas blá blá blá. O povo não come DISCURSOS pre-fabricados, amigo Muthisse.

    Okay, vamos ao texto antes que corra o risco de ser um desses críticos que, de um modo ou de outro, acabaria lançando injúrias. durante essas visitas o "povo deixa transparecer as suas angústias", o que se faz depois? Vou lhe dar o exemplo de Namapa, em que sendo a terra natal do nosso primeiro ministro - e este obviamente que constantemente visita, como ele próprio reconheceu na recente entrevista concedida ao J. Savana - a estrada principal está como estava desde a era do Agostinho Trinta. Portanto, tenho para mim que não basta apenas dar passeatas e receber cabritos e galinhas e patos daqueles que deveriam estas coisas receber. E ademais, podíamos pedir ao PM ( com algum incentivo claro, a auscultar os problemas reais. O mesmo aplicar-se-ia ao vice-ministro aquando uns lazeres lá em Manjakaze. Não haveria necessidade de lá ir o PR a não ser que este seja o messias.

    "postos administrativos têm insuficiências de recursos humanos e materiais, não ha electricidade etc, dizes, e eu pergunto, de quem êh a culpa?

    Portanto, para mim e para que não me compreendas mal, o problema não está em o PR usar ou não helicóptero mas que após a sua visita a coisa deva melhorar. Vou postar para si a foto parcial da estrada única da vila de Namapa.

  • Eusébio A. P. Gwembe Caro Gabriel, um dos problemas é pensar que vivendo na cidade podemos pensar em nome dos que vivem no campo ou, na melhor das hipóteses, que o nosso pensamento é igualzinho ao do povo que enfrenta a dificuldade de como fazer chegar as suas preocupações ao chefe do Estado. O pior de tudo, é este imediatismo financeiro, no qual tudo é visto em função de gasto sem olhar para os ganhos dai advenientes enquanto fruto de um projecto com projecção a médio e longo prazos. Por vezes corremos o risco de não acompanhar as dinâmicas sociais quando mantemos a crítica. Algumas pessoas daqui do Facebook estão há 10 anos com esta crítica de que as presidências abertas são o esbanjamento desnecessário. O que mudou foram as dinâmicas enquanto elas estão estagnadas na sua crítica porquanto nunca foram no terreno (o mesmo, diga-se) para ver in loco as dinâmicas ai operadas ao longo desta quase uma década. Sentadas no seu comodismo de sempre e passando-se por vítimas, denunciam sem cessar aquilo que para muitos representou uma conquista desta administração.

    Entre 2009 e 2010 trabalhei nas províncias do norte, na recolha de testemunhos orais, para vermos se a UP elabora um programa sobre o Currículo Local. O tema sobre as presidências abertas fazia parte do nosso leque de questionário. Recolhemos as respostas. Hoje, 2013, voltei para alguns dos mesmos locais (Mitande, Ribaue, Lalaua, por exemplo) e tive a sorte de encontrar algumas das pessoas de outrora. Fiquei impressionado pela evolução das próprias respostas em relação ao mesmo tema, quando comparadas às dadas naqueles anos. Por exemplo, um caso paradigmático, a pergunta sobre «como considera o trabalho do chefe do posto?»; se em 2009 dizia «é mau trabalho, estamos a espera do Presidente para apresentarmos a nossa queixa, hoje dizem «está a trabalhar..., deve ser por causa do medo das presidências abertas». Daqui vê-se o abandono de um conceito assente num presidente que pune, de quem se deve ter medo, para abraçar o conceito de um presidente que exige e que há de vir fiscalizar. Bom, para um leigo em ciências sociais, esta evolução de respostas pode não significar nada, mas eu, por ser coisa da área, considero que a mudança da percepção ou da resposta feita pelo mesmo indivíduo em diferentes momentos é indicador de alguma coisa por explorar. É importante saber que a expansão das Escolas Secundárias foi graças às presidências abertas. Se antes o povo pedia uma EPC, hoje é comum pedir até Univrsidades.

  • Gabriel Muthisse Manecas Tiane, concordo contigo. Dizer apenas que ha legados que se podem ver de imediato e ha aqueles de que so nos apercebemos deles quando avaliamos o "antes" e o "depois", alguns anos depois. Entre os legados imediatos poderia indicar uma nova escola ou um sistema de abastecimento de agua, que se constroem a pedido da populacao. Entre os outros legados poderia indicar a mudanca paulatina da face de um distrito, imperceptivel no dia a dia, mas que no somatario das multiplas mudancas, constata-se no final que o distrito progrediu muito. Pode ate ser que este tipo de legado seja mais importante que os legados imediatos. Estamos juntos.

  • Gabriel Muthisse Mitolas Chrineyka, estamos juntos nisso.

  • Gabriel Muthisse De quem eh a culpa da nossa pobreza, Miller Martin? Pode ser que, para ti, o culpado da pobreza secular de Africa e de Mocambique seja Guebuza. Ou a FRELIMO. Ou as Presidencias Abertas. Pouco poderia eu fazer para mudar essa percepcao. O nosso Hino Nacional fala de construir "Pedra a Pedra" a nossa Patria Amada. Ninguem tem a formula magica, para encher de uma so vez este paiis das estradas de que necessitamos ou da energia electrica que falta. Ainda bem que estas coisas nao acontecam por magia! Ademais, se tivessemos ficado aa espera de que Mocambique tivesse todas as coisas de que precisa para se converter em paiis, ainda hoje seriamos colonia. Ainda bem que eu tenho esta rara possibilidade de juntar uns graos de areia nos tijolos que constroem a nossa nacao. Acredito que as Presidencias Abertas nao se efectuam para inventar, por magia, estradas ou outras infra-estruturas onde elas nao existem. Se a tua espectativa eh esta, eh justo que te sintas frustrado. Mas que os nossos distritos mudaram muito nestes ultimos 8 anos so um desonesto pode mudar. A propria capacidade orcamental dos governos distritais para intervirem, a varios niveis, no seu territorio, mudou muito. E a governacao aberta de Samora, de Chissano e de Guebuza contribuiu muito..

  • Miller Martin Era previsível a tua resposta, Muthisse. Nao podem encher o país de estradas mas podem encher os VOSSOS bolsos de dinheiro. Entendi.

  • Gabriel Muthisse Eusébio A. P. Gwembe, no meu post falo do despertar do espirito de cidadania e de participacao civica. Este empreendimento vale todos os gastos!!! Porque o que o paiis, em troca, ganha eh incomensuravel. E as melhorias a que tu justamente te referes nao se esgotam na resposta do Governo aas preocupacoes das populacoes. Deve-se tambem contabilizar o desperar da capacidade de realizacao e de auto-superacao das pessoas. Quando a capacidade empreendedora dos mocambicanos eh despertada e induzida o paiis, no seu todo, ganha. Quanto custa isso? Algum dinheiro eh demais para conseguir esse resultado? Concordo contigo em que NAO!

  • Manecas Tiane ...Compreendo Muthisse e é bom que existam esse tipo de casos e sinais, porque dão outro sentido de escrita da história local (esta escola foi oferecida....pedida etc) juntando com o que Eusébio destacou, "por os gestores locais a trabalhar ainda que sob supervisão teleforçada". Por outro lado com a mudança nos ultimos dias dos centros de planificaçao (do centro à periferia) é capaz de as visitas de outros dignatários do governo ganhem mais responsabilidade e talvez o lobby sugestivo que o Miller Martin indica pode fazer mais sentido....porque o chefe poderá mesmo perguntar...porque nao planificam isto e aquilo para vos ajudar neste e naquele sentido. Vamos trabalhar!

  • Eusébio A. P. Gwembe Miller Martin, o distrito de Angónia (Tete) há 6 anos atrás ainda utilizava energia do Malawi. Mas hoje, HCB está lá. Penso que Mandimba também, Milange; etc. Enquanto isso, Changara usava gerador. Que mágico pode negar os progressos ai registados com a chegada da corrente da Rede Nacional? Dei esses exemplos, para mostrar as distâncias quilométricas que separam HCB destes locais. Quanto as estradas de que fala, temos problemas, sim, mas que estão sendo resolvidos com grande sacrifíco, é um facto. Deixando a estrada, não haverá em moma algo que melhorou nos últimos anos?

  • Miller Martin Eusébio A. P. Gwembe, fui específico também. Não afirmei que Angonia estivesse desprovido de vossas ajudas. Pus fotos aqui e descrevi o fenómeno. Vide!

  • Eusébio A. P. Gwembe Eu, honestamente falando, Gabriel Muthisse, vejo mais vantagens do que desvantagens nestas presidências abertas. É um dinheiro que se gasta mas que tem tido resultados, mesmo que os outros finjam não ver. Moçambique de há dez anos difere muito do actual. Miller Martin, está a insinuar que há sítios preferidos, ou que a sua terra natal está a ser vítima do regime?

  • Miller Martin Estou a afirmar e não insinuar.

  • Miller Martin Você Eusébio eh muito maníaco. Ou vai fingir que nao conhece as condições dos distritos da província onde vc mora?

  • Eusébio A. P. Gwembe Está bom, se estivesses na presidencia aberta´era só apresentar esta questão ao chefe do Estado.

  • Miller Martin Como se nao soubesses que as perguntas também são ensaiadas. Eusébio pá! Ok. Percebo-te.

  • Raul Novinte Não é com Presidências abertas que se edifica um país. Os problemas que enfrentamos precisam de todos nós. Eles serão resolvidos a partir da base( localidades, municípios, províncias ....) Não precisam de um passeio presidencial. Essa dita presidência abertas catalisa a centralização e só mais nada! Para um problema ser resolvido numa aldeia, não precisa uma deslocação de um Presidente. O que é preciso entender é que o poder governamental e publico só pode ser glorioso caso seja descentralizado e só isso. Parem com esse negocio de passeios do Presidente!

  • Miller Martin E a extorquir galinhas e cabritos! Vê se pode...

  • Eusébio A. P. Gwembe Essa é a contra-informação, Miller Martin. Eu tive a sorte de participar das melhores presidências, de que há memória. Numa delas, o PR teve que sair juntamente com o chefe do posto. «Ou leva, ou não volte mais aqui». Só para dizer que não dou fé nos ensaios das perguntas. Experimentar participar de uma das reuniões e tirar conclusões e não suposições, seria a melhor coisa. Nunca é tarde.

  • Claudio Chivambo Senhores permitam-me antes concordar que muito tem se feito ao longo dos anos em várias vertentes por este governo hoje "severamente contestado". De facto, houve/há mudanças desde o indivíduo em si até a localidade. Porém, existem as particularidades que têm sido tomadas a parte para julgar o todo, isto é, as necessidades crescem a um nível elevado em relação aos feitos. Pessoalmente, condeno quando Guebuza recorre ao Helicoptero para ir até Xai-Xai, Chokwé,...Penso que se a ideia é nos sacrificarmos pelo pais, ele devia ser o primeiro a demonstrar tal vontade. Guebuza não é culpado de nada e sim é culpado por ser o chefe máximo no meio de uns e outros imcopetentes. É minha opinião e visão pessoal.

  • Gabriel Muthisse Miller Martin, sabes que nunca me furto a debater contigo. Mas ha o minimo, nao eh?!?!

  • Miller Martin Nem eu, Gabriel Muthisse. Mas, o facto é vocês negarem o obvio. Se reparares, entrei delicadamente a comentar e até a sugerir soluções. Voce amigo, como me tem como um da oposição, foi me vilipendiando com hinos e tal. E isso eu também vejo como sabotagem.

  • Edgar Kamikaze Barroso Eu vou escrever sobre isso amanhã.

  • Raul Novinte Esse é o problema grave no nosso lindo Moçambique. Todos aqueles que aparecem com ideias ao contrario com as do governo no poder é visto como um da oposição. Humm, mas porquê?

  • Gabriel Muthisse Sim, Claudio Chivambo, ele poderia ir a Chokwe e a Xai-Xai de carro. Mas tens a certeza de que seria mais barato? Barato em termos de tempo, seguranca, acompanhantes, combustivel, comida, ajudas de custo dos acompanhantes...? Nem sempre o que parece eh, meu amigo. So para te dar um exemplo. Se eu vou de carro para Xai-Xai (um simples vice-ministro), tenho que levar motorista e seguranca. No entanto, quando vou a uma provincia de aviao vou sozinho. Encontro o motorista laa. Sem ter feito contras, acho que a minha viagem a Xai-Xai eh mais cara em varios sentidos. Pensa nisso.

  • Eusébio A. P. Gwembe Estás na defensiva, oh, Edgar Kamikaze Barroso? Qual é a sua posição? Vale a pena ou não tem um presidente que interagem com o povo que o elegeu? Será que o problema é a interacção em si ou as despesas a ela relacionadas? Mas Gabriel Muthisse já avança as implicações de andar de «cavalo». Miller Martin, talvez estejas apenas a pensar nisso, de que a reacção de uns é em função do que pensem que vc é. Pode não ser isso mermão. E, é um exercício em que todos nós nos devemos empenhar: libertar os preconceitos que nos comovem. Eu nunca agi em função de posição ou oposição. Por vezes, para evitar fogo amigo fico calado

  • Gabriel Muthisse Raul Novinte, veja os argumentos colocados no post e debata-os. De que paiis concreto e com que condicoes estamos a falar? Portanto, dever-se-ia deixar os Postos Administrativos, as localidades e as povoacoes (nas actuais condicoes de subdesenvolvimento institucional) sem Assistencia, em nome dos problematicos criterios de descentralizacao que coloca?

  • Nairo CJ Mabote parece que o sr eusebio é mto proximo do regime... pf, nao obriguem ninguem a participar nos vossos comicios. É tudo. Obrigado

  • Miller Martin Está bem Eusébio A. P. Gwembe. Empurremos essas "desavenças" para lá. Importa aqui eh Moçambique.

  • Nairo CJ Mabote despachei o texto. é sabido por todos que as presidencias abertas sao de caracter obrigatorio para os funcionarios publicos desse local. o meu pedido é que deixem de obrigar os mesmos funcionarios a parar o seu trabalho pra ouvir algo que talvez nem lhes diz nada

  • Miller Martin Voltando à vaca fria: E se aparece um outro presidente - que também da Frelimo - e julgar que dispendiosas e supérfluas essas passeatas, o Eusébio, Mitolas, Manecas e, finalmente, Muthisse, irão à rua manifestar?

  • Gabriel Muthisse Nao te vilipendiei Miller Martin. Pode ser que nao tenhas gostado da colocacao mas, se fores a ver, eu estava a discutir um argumento teu. Nem sequer nunca te vi como da oposicao. Em nenhum comentario meu, actual ou recente, te liguei aa oposicao. Ja, sim, liguei outros porque eles proprios o declararam, implicita e explicitamente. Nos comentarios deste post nao te visei como pessoa. Tu sim, o fizeste! Verifica bem, meu amigo

  • Raul Novinte Meu querido Gabriel Muthisse continuo dizendo que não precisa uma Presidência aberta para resolução desses problemas. Afinal de contas porque temos lá os Administradores e prefeitos? kkkkkkk

  • Claudio Chivambo Meus caros amigos, estamos aqui a sugerir que a vida na sociedade devia ser estática ou então olhamos com desdém as dinámicas da convivência vs globalização. Nairo CJ Mabote, sem querer polarizar o debate gostava de saber se usas o termo obrigar no seu sentido literal ou o tomas gratuitamente? É preciso antes ter a noção do que implicam as presidências abertas onde estas são efectuadas e para que servem. Quem é vigilado com estas, o Povo ou o servidor Público?

  • Raul Novinte Caro Gabriel Muthisse, eu não concordo que para um problema ser resolvido nas localidades possa a precisar a deslocação do Presidente paras as respetivas localidades. Isso se chama falta de confiança aos subordinados. Ou digamos existe uma fraca e pobre administração formal. Porquê? Então aí esta o problema, deixa andar.....

  • Edgar Kamikaze Barroso Estava a trabalhar, Eusébio. Terei tempo de matutar um pouco sobre isso e postar a minha opinião sistematixxxada apenas amanhã. Estou física e psicologicamente desgastado agora. Nem almocei hoje. Aliás, sabias que fui de txopela, com custos próprios, para participar de uma reunião para a celebração de uma parceria entre a instituição onde nós dois trabalhamos e o Ministério dos Recursos Minerais, para a introdução de um curso de licenciatura em Geociências?

    A Direcção de Património não tinha carro disponível para "acompanharem o Edgar", o encontro de concertação da comissão de coordenação conjunta era inadiável e eu sou avaliado em função da minha produção e produtividade.

    Mas o país tem dinheiro para alugar helicópteros em que cidadãos como o Muthisse vão faxxxer turismo governamental nos distritos...

  • Manecas Tiane Dizerem desnecessário é abismal.....podiam discutir sobre outras perspectivas...periodicidade, porque um projecto, e neste caso concreto um Manifesto Eleitoral e respectivo Programa de Governaçao não deve ser monitorado(controlar e avaliar) pelo seu proponente sénior?

  • Eusébio A. P. Gwembe Será que faz sentido, Nairo CJ Mabote, um presidente no Posto Administrativo e o mesmo em funcionamento? A não ser que seja hospital. Não se esqueça que estamos em Moçambique, e falamos de sítios onde algumas das visitas se efectuam pela primeira vez desde há quase 4 décadas. Edgar Kamikaze Barroso, bom descanso, meu chefe! Até amanhã, e o país ganha mais com este teu pequeno gesto!

  • Claudio Chivambo Não me diga que o amigo Edgar Kamikaze Barroso estava numa presidência aberta, pois, helicoptero é só para aquelas.

  • Manecas Tiane Eu trabalhei numa escola, até nem era director da mesma....mas descobri que er importante percorre-la, ver o jardim, usar a mesma WC dos alunos, ver os quadros além das salas nas quais leccionava...e recordo-me com alegria nos dias que transferia meu gabinete para a Secretaria Geral...quando o director nos convidava aos seus encontros eu falava de coisas que vivia, além dum forte carisma que tinha com os meus alunos....e porque não o PR?

  • Gabriel Muthisse O paiis eh concreto e as suas instituicoes sao especificas e sao grosso modo as que descrevi. Com as suas gritantes carencias. Neste paiis imenso apenas temos 43 autarquias. Porque nos restantes locais a capacidade de contribuir e o espirito de cidadania estao no seu mais baixo nivel. Eh este paiis e sao estas instituicoes que o Raul Novinte acha que nao deveriam ser assistidos no terreno? No nite se lembra quantos licenciados havia nas provincias ha uns 10 anos atras? O paiis se faz passo a passo, tijolo a tijolo, meu grande amigo..

  • Mitolas Chrineyka Parabéns pelo profissionalismo Edgar Kamikaze Barroso, abrindo parentis, acho que devias cololocar o problema com o vigor que o assunto merece aos superiores hierárquicos, não faz sentido que um funcionário (presumindo que se trata da função pública) use recursos próprios para levar a cabo uma missão incumbida pela instituição.

  • Gabriel Muthisse Nao sei qual eh a tua categoria e quais sao as tuas funcoes na UP, amigo Edgar Kamikaze Barroso. Eu ja fui tecnico no Banco de Mocambique e no MOPH, sem cargos de chefia. Tambem ja fui Oficial de Programas na UN-WFP. Nessas categories todas eu nao comparava as minhas prerrogativas com as dos Ministros ou com as do Coordenador Residente. Tinha nocao clara da minha posicao na hierarquia. Eh por isso que na vida nunca fui frustrado. Desfrutei cada conquista profissional que fui obtendo.

  • Edgar Kamikaze Barroso Amigo Gabriel, sou simples (e modesto) Técnico Superior N1 de Relaçoes Internacionais e Cooperação. Não tenho obviamente direito a viatura protocolar ou de serviço. Existe a Direcção de Património que gere o parque de viaturas. Há serviços essenciais ao funcionamento normal da instituição e os meios circulantes são para todos, incluindo os de apoio. Regra geral, os meis circulantes são exíguos e, invariavelmente, ou não há combustível, ou não há viatura disponível, ou não há motorista (e só estes estão autorixxxados a conduxxxir os carros).

    Aí é que são elas: deixar de faxxxer o meu trabalho e arcar com as consequências no "conselho consultivo" do gabinete só porque não há transporte ou bancar o "super-herói" e sacrificar a mola do meu próprio bolso para o almoço e o chapa semanal, realixxxando competentemente os compromissos institucionais sob minha responsabilidade... Se torrar o meu próprio dinheiro em nome do serviço enquanto testemunho mandatários do povo a esbanjar o erário público em passeios de helicóptero é frustração então sou mesmo um frustrado.

  • Gabriel Muthisse Faz o teu trabalho, entao! Nao compares as tuas dificuldades com a maneira como os "Muthisses" sao transportados. Provavelmente tu nao saibas as dificuldades que tiveram que ultrapassar quando eram tecnicos! Eh que a maneira como "falaste" dava a impressao de que te incomodava a maneira como os "Muthisses" sao transportados! Deixe-os! Segue o teu percurso.

  • Gito Katawala Li este texto e me convenço que o amigo Gabriel traz à ribalta um assunto genuíno. Não se trata de encenação e não há pretensões nem pretextos como de uns outros escribas que trazem assuntos para discutir para em seguida distanciar-se das suas intenções primárias. Ora começa ele dizendo que: “Havendo várias opções para o Presidente fazer as Presidências Abertas o que fez com que se escolhesse a via aérea? Poder-se-ia ir a essas longínquas localidades de viaturas. Poder-se-ia ir de burro ou de carroça. Ou mesmo de bicicleta. Porque a equipa logística que organiza estas viagens escolheu os helicópteros? “ - eu considero isto lançar areia nos olhos do adversário, ou levantar a poeira para distrair a audiência e obriga-la a sair do recinto onde se realiza a dança. Porque é que tem que descer do helicóptero para o burro ou carroça. Devia ter dedicado mais tempo a explorar a opção das viaturas, que até dessas gozais da opção de tê-las super luxuosas.

    Outro aspecto a ter em conta, as visitas presidenciais não mudam em nada o modelo de governação, a não ser uma limpeza de fachada. Varem-se as ruas, tapam-se os buracos, pintam-se as árvores e pedras ou tijolos de enfeite na vila ou sede de distrito com cal. Fica tudo bonito e colorido por aqueles dias e quando o dignatário vai embora, volta tudo à “normalidade”. Mas também é verdade que ocasionalmente um cidadão pede a intervenção do Chefe de Estado para ajudar a resolver um assunto emperrado na burocracia tipica do “jour”; ou pedir a demissão de um administrador, coisas desse tipo que criam um sensacionalismo publico. Quando isso acontece, a imprensa assume como um grande feito.

    “Poderíamos dizer que os governantes deveriam usar os órgãos do Estado para canalizar os anseios das populações. Todavia, esta fórmula enferma de duas insuficiências. Para entender a primeira insuficiência era preciso conhecer como funcionam os órgãos de base do Estado. Grande parte das Secretarias das localidades e dos Postos Administrativos não têm, ainda, um edifício formal. Uma esmagadora maioria não possui energia eléctrica, não possui telefone, não possui nem viatura nem motorizada. O que estas entidades podem fazer para canalizar as preocupações, anseios e exigências do povo é ainda muito pouco. Mesmo os governos distritais só recentemente ganharam algum fôlego, com as políticas de descentralização (leia-se desconcentração) impulsionadas pelo Presidente Guebuza. A quase totalidade das sedes distritais já possui energia eléctrica e telefonia móvel. Mas muitos de nós ainda nos recordamos quando, há meros dez anos atrás, qualquer chefe de ONG no distrito tinha mais prestígio que o administrador do distrito. Este é o preço da nossa pobreza.”
    Caríssimo, neste parágrafo acima devia sair a sua ou a vossa declaração de “Mea Culpa”. Já lá vão quantos PQs e PES? Quantos “mil do 7 mil” foram gastos nesses locais? Ok, discontemos o period que vai de 1975 a 1995, concentremo-nos no que foi feito desde 1996 ate hoje. Quantas sedes distrititais não deviam ter condições para estabelecer um mecanismo de comunicacao e informacao? Receberam montes de dinheiro para alimentar o ICS e criar rádios comunitárias; Tiveram professores, polícias, enfermeiros para contribuirem na (in)formação do cidadão e da cidadania. Mas falharam. Falharam porque os vossos desejos e vossos projectos não eram genuinos ou genuinamente elaborados para levantar o cidadão da pobreza. Falharam porque a atrofiada mensagem do sosialismo científico nao previa a contradição com a vossa própria forma de compreensão sobre a propriedade privada e o bem comum ou público. Ainda continuam a falhar porque na vossa miopia não vêem a tamanha hipocrisia que o portador da estandarte da vossa mensagem sobre o combate a pobreza, é um senhor que insulta a inteligência dos seu concidadãos. É nesse ponto que concord em relação ao preço da nossa pobreza.

    Também concordo na íntegra com a caracterização da segunda insuficiência. São factos que eu pessoalmente vivi quando vivi em Lichinga, Mandimba e Lago. Entretanto, não se dê culpas inteiramente a instituições cívicas locais. Estas até se esforçam em interpretar fielmente o seu papel. Duvido que o caro amigo Gabriel saiba até que ponto a intervenção ou ingerência do Estado exerce nelas. As isntituições cívicas aos olhos do Estado sao adversarias, disputam o mesmo espaco e protagonismo. Disputam os mesmos recursos, e como o Estado assume a sua prepotência (através do indivíduos que o representa) o conceito de participação é corrompido e contaminado por interesses pessoais. Posso encontrar muitos paralelismos com o acesso ao FDIL ou a criação de associações ou agremiações locais. Há muito pano para manga.
  • Manecas Tiane Há realmente desafios ...e alguns apontados por Katawala residem na tradução/interpretação que os macroplanos encontram ao nível local(seja distrito, Posto ou localidade)....outro dia cheguei a pensar num daqueles cenários de formação em exercício, em que os nossos Administradores, Chefes de Posto e Localidade, fossem obrigado a fazer em paralelo formaçao de aprimoramento para a função(hipoteticamente via ISAP)....porque ás vezes mesmo nao é a plataforma que nao está boa, mas sim os recursos humanos implementadores.
  • Gabriel Muthisse estou na ma vida. depois reajo
  • Gabriel Muthisse Caro Gito Katawala ontem, como te disse, fui a má vida e por isso não reagi ao teu comentário. E hoje, quando entrei no facebook havia outros assuntos que pensei que este já estivesse ultrapassado. Ao falar da carroça não o fiz para lançar areia aos olhos dos adversários como sugeres. Foi tão somente um recurso estilístico (ironia) para apimentar um pouco o árido texto. Considero, amigo Gito, que os resultados das visitas presidenciais podem ser avaliados a dois níveis. O nível imediato, quando em resposta às preocupações das populações levantadas nos comícios, surge uma escola ou um posto sanitário. Ou quando um administrador ou Chefe de Posto é substituído. O outro nível eu o consideraria mediato, que são os resultados diferidos e induzidos. Aqueles de que só nos apercebemos muito tempo depois, e que tomam forma na melhoria substancial do nível de vida das pessoas (negócios, casas melhoradas, gente melhor vestida...). Do mesmo modo, Gito, as visitas presidenciais não devem ser avaliadas APENAS em função daquilo que o Estado faz. Há coisas que os indivíduos fazem e que resultam da indução destas visitas (Plantar árvores, iniciar negócios, embelezamento das residências, vida mais plena, MAIOR ESPÍRITO DE CIDADANIA). Considero, Gito, que um Chefe de Estado'faz a pedagogia destas coisas destas. Há muita gente que diz "Essas visitas se repetem, mas as estradas continuam de terra batida, os postos administrativos continuam sem energia...". Os que dizem isto não perceberam o espírito das Presidências Abertas. Elas não se propõem, por magia, disseminar essas infra-estruturas em todos os locais. O país não se constroi por magia, por virtude de uma Presidência Aberta. Aliás, a construção do país é um empreendimento colectivo. Sobre a cidadania concordo com alguns pontos que colocas. Todos nós, Gito, estamos num processo de aprendizagem. Viemos todos de um sistema em que o Estado era o único actor. É esperar muito supor que todos os ministros, todos os vices, todos os administradores, todos os chefes de posto, todos os líderes partidários (incluindo os da oposição) vão saber, numa assentada, ajustar-se ao surgimento e disputa de espaço de outros actores sociais não estatais.

1 comentário:

Jossefa Magwendere disse...

Oh Mutisse, li o seu texto por engano e peco muitas desculpas, nao gosto de perder tempo com coisas futeis. Mas que o casal Guebuza passe o tempo em presidencias e primeiras-damas abertas, convenhamos.
Para mim isso mostra o interesse pessoal do PR em ser visto como Messias e tambem mostra que os Ministos, Vice-Ministros e outros Mutisses nao sao valorizados devidamente pelo proprio PR, pois poderia e muito bem mandatar aqueles que ele mesmo nomeiou para esses locais e, justificando-se, ele tambem ir visitar este ou aquele lugar. O resultado negativo destas coisas eh que o PR ao inves de ser tomado como Messias, simplesmente ficou mais conhecido e exigindo-se dele o que da sua boca fala, sendo que na falta de resposta eh riscado e as populacoes correm em massa para o MDM e outros. No lugar de se popularizar, o PR vulgarizou-se.
Magwendere.