segunda-feira, 15 de abril de 2013

Esperemos que o “caldo não se tenha definitivamente entornado”

 

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“Grandezas ocas” ofuscando a verde e perigando a paz
Por: Noé Nhantumbo
Esperemos que as escaramuças de Muxungue e Gondola tenham servido para refrear os ânimos e conduzindo os actores políticos para aquela realidade pertinente.
Há que repensar estratégias e redesenhar cenários.
Os cultores da forca militar ou policial foram tomados de surpresa? Houve erros na avaliação do que a Renamo poderia fazer?
As conclusões de Março de 2012 mostram-se diferentes.
Em terreno que lhe bem conhecido a Renamo foi capaz de dar uma resposta contundente.
Os factos falam por si.
Cada um proclama que está havendo intransigência da parte do outro mas a verdade pode ser bem diferente disso que os analistas políticos nos dizem. É fácil correr para os microfones e afirmar que o outro está atropelando a ordem democrática. Afinal qual é ordem democrática que está sendo interrompida?
O quotidiano moçambicano tem sido de atropelos contínuos. Existe uma constituição da república que está sendo lida e interpretada ao gosto do ouvinte ou do falante.
Quando se ouve coisas “nem salgadas nem doces“ da boca de articulistas que surgem comentando na televisão nacional, mostra-se claro que no fundo escondem algo. Quantos dos ilustres comentaristas não sabem que o cenário existente é fruto de uma génese orgânica manipuladora?
Quem pretende ignorar que as cartas são baralhadas e distribuídas de modo enganoso, inclinado e lesivo logo a partida a determinados concorrentes?
Quem chama a lei ou leis do País só quando lhe convém mas se esquece que a mesma lei e violada por elementos afectos ao seu partido politico esta no mínimo tendo comportamento estranho e não democrático.
Quando se invadem sedes de partidos políticos e se arreiam bandeiras de opositores sob as mais miseráveis justificações e intolerância que estão semeando.
Quem utiliza abusivamente meios do estado para fazer política e na prática orienta sua máquina administrativa e governamental para dificultar e impedir que os opositores se manifestem e exerçam seus direitos políticos que procura na verdade?
Dos altos escalões da Frelimo e do governo ninguém diz nada sobre a intolerância política reinante em Gaza e em Manica. Está documentado que estruturas da Frelimo e do governo perseguem e violam os direitos políticos dos opositores em vários lugares do País.
Quem organiza a máquina estatal para proceder a recrutamento de recursos humanos numa base de filiação partidária esta efectiva e concretamente agindo contra a democracia. Quem organiza os processos de alocação de créditos bancários e de outro tipo de benefícios financeiros com base na cor partidária não se pode chamar de democrata.
Senhores analistas moçambicanos, tenham a sensatez básica de falarem com algum sabor. Não ofereçam proclamações insonsas e inodoras aos moçambicanos.
Os cidadãos podem não ser letrados mas não se alimentam de plástico pois este não é comestível. Isolar um regime que se mostra avesso a crítica necessária e pertinente é perigoso e contraproducente na medida em que engana os políticos assessorados ou aconselhados.
Não se pode fazer apologia ao diálogo quando na verdade não há disposição de dialogar com honestidade.
O entendimento político actual, as acusações mútuas, as ofensivas mediáticas, os pronunciamentos de alguns actores conduziram subtilmente para os ataques recentes. Se havia duvidas quanto a capacidade de a Renamo reagir com fogo agora isso já esta esclarecido.
Não se pode construir concórdia nacional e os entendimentos mínimos sem falar-se frontalmente.
Especialistas em retórica não substituem e jamais substituirão aquela abertura que tanta falta faz em Moçambique.
Quem se esconde por detrás de legalismos e verbalizados discursos de aparência afável e urbana só adia o fundamental e essencial para milhões de pessoas.
Convenhamos que o cerne da questão e a justiça política e económica.
Os ataques de Muxungue dão-se e acontecem após o falhanço de um conjunto de encontros entre o governo da Frelimo e a Renamo.
O que terá falhado nesses encontros? Que nos digam os actores e de maneira clara sem subterfúgios.
Acolher as preocupações dos outros, explorar as vias do diálogo não é um favor que se faça aos outros mas uma necessidade concreta de todo um País e seu povo.
Há uma tendência política vigente que aponta para o endurecimento de posições e para a agudização de acções de força por parte dos que deveriam ser antes interlocutores, no âmbito do debate de ideias e diálogos.
A voz da intolerância está arrastando todo um País para o abismo político.
Que não haja dúvidas sobre a existência de gente interessada no descalabro de Moçambique.
Qualquer deslize do processo político moçambicano será aproveitado integralmente por aqueles que se sentem excluídos do banquete actual.
Que se mexam os políticos de proa da Frelimo e da Renamo no sentido de encontrar as vias de novo diálogo. Que se calem as armas num minuto de silêncio pelas vitimas da violência em Muxungue.
Aos moçambicanos não importa quem é o mais forte e quem é o mais fraco.
Impor um modelo manifestamente injusto, onde uns vivem a coberto de uma impunidade resplandecente e os outros se encontram excluídos do usufruto de seus direitos, só pode conduzir àquela violência que agora desponta.
Não de pode exigir rectidão a uns e agir-se contra todo edifício jurídico nacional no aproveitamento de posições governativas.
Há uma conjuntura favorável a violência que nenhum discurso a favor da paz eliminará sem que as forças políticas e sociais se entreguem a um novo estilo de diálogo.
Quando o destino de um País é entregue a conselheiros internacionais e políticos profissionais sem ter em conta os interesses nacionais corre-se o risco de perigar ganhos alcançados como a paz.
Não se advoga nem se pode impingir uma paz de circunstância distante daqueles pressupostos que conferem sustentabilidade ao modelo político adoptado.
Alguém falou de “paz podre” e é exactamente isso que os moçambicanos não querem…
Concertemos posições e coloquemos as cartas na mesa sem segundas intenções.
Duas décadas de enganos, jogo baixo, inconsistências e adiamentos construíram as condições para a emergência da violência em Moçambique.
Há ainda condições para que as partes em conflito entabulem negociações realísticas pois esse é o termo adequado.
O chapéu que uns pensavam que a Renamo iria aceitar sem limite temporal foi descartado. Os arranjinhos à socapa do povo, que iam adiando convenientemente os diálogos necessários esgotaram a sua utilidade.
A saída de cena ao nível do governo, de Joaquim Chissano, exacerbou aquilo que já eram relações problemáticas entre os protagonistas do AGP.
Desta vez temos na liderança governamental uma equipa de colaboradores do PR que não se tem prestado a incentivar o diálogo e face a um PR de igual postura temos em cena a relutância em negociar.
Ou não será isso que está acontecendo?
Afonso Dhlakama esgotou a sua capacidade de controlar a sua entourage insatisfeita com o desenrolar dos acontecimentos?
O tempo dirá…
Canal de Moçambique – 10.04.2013

4 comentários:

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