quinta-feira, 11 de abril de 2013

Esclarecimento

 

 Por volta das 12 horas de hoje quinta-feira fui detido pela Polícia da República de Moçambique acusado de ser "agente de reconhecimento" por ter tirado fotografias ao edifício da 18 esquadra da PRM na cidade de Maputo.

Tirei as fotografias quando o carro em me fazia transportar parou no semáfro da brig...ada.
Continuamos a marcha e quando chegamos na terminal da junta ouvimos sirenes da polícia com agente a mandar encostar todos os carros. Como não sabiamos do que se tratava reduzimos a velocidade. Eis que o carro da polícia com sirenes activas bloqueia o carro em que me fazia transportar. Os agentes me tiram do carro e sou "capturado" em condições humilhantes em plena luz do dia na junta e com direito a sirenes como que de um criminoso do mais alto escalão se tratasse. Aliás enquanto era arrastado para o carro da Polícia ja se ouvia entre as pessoas que ali estavam e que cercaram o espectáculo: "pegaram o bandido".
Ja na viatura da Polícia confiscam todos os meus telemóveis e desde aí fiquei incontactável.

Fui estranhamente levado até ao posto Policial da Malanga onde fiquei num cubico inóspito por mais de duas horas. Aqui sou interrogado para se apurar os factos. Nenhum dos agentes que me "capturou" estava no interrogatório. Foram pessoas estranhas ao acontecimento que até me acusaram de ser um "espião vindo de Gorongosa que estava fazer reconhemento para depois atacar a esquadra" palavras do agente que liderou o interrogatório. Não me foi dado sequer tempo para dizer que estava a fazer algo legal. Mostrei o meu cartão de serviço e disseram me que era falso porque "nestes dias não se confia em ninguem". Fiquei la com um jovem a quem pedi que mandasse uma mensagem aos meus próximos. Duas horas depois sou transferido sem explicações para a 18a esquadra. No carro as acusações de espionagem repetem-se. Chegados na 18a esquadra junto a brigada (local da foto) um agente à paisana entra pra me interrogar de novo sobre a espionagem e diz-se formado "em filosofia e conseguia ver as minhas ideias". De pergunta a pergunta e ameaça de porrada por parte de uma agente, eis que os telemóveis voltam com um outro agente que me diz para introduzie código em ambos telemóveis. O fiz. Saiu e voltou com o Comandante da Esquadra. Abrem o celular que tinha a fotografia e retiram o cartão de memória que é imediatamente introduzido e tiram no computador da Polícia. Abrem todos os ficheiros depois me ordenam para localizar as fotos. O fiz. Transferiram as fotos para o computador da Polícia. Abertas as fotos a acusação muda de enquadramento: um agente me pergunta porque o carro dele (estacionado na esquadra) aparecia na foto (da esquadra)? "Queres me matar"? Respondi-lhe que o carro aparece na foto porque estava estacionado na esquadra que fotografei. "Bandido, mafioso " assim dirigiu-se a mim o agente dono do carro que logicamente apareceu na imagem. Depois me obrigam a apagar as fotos da esquadra e só ai, por volta das 16 e 21 sou solto, com o aviso: não fazer mais! Mas fiquei a saber que cá do lado de fora ja havia demarches junto das instituições de Legalidade e superiores da polícia para se resolver o "caso". Mas fica aqui a novela. Não sai de mim o momento em que o carro da polícia com sirene activada bloqueia o nosso carro e daí sou arrastado pra trás da viatura da mesma polícia e vozes de "apanharam o bandido" entre os populares!

Pedi o número do processo ou ocorrência e me deram um papelinho assinado e carimbado pelo Oficial Adjunto com o número: 427/18a/2013.

Um abraço a todos!
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