sábado, 20 de abril de 2013

Detesto a neutralidade

Elisio Macamo
Vou fechar o meu ciclo de "masturbação mental" (estou a citar) com o texto que se segue. Afinal, o problema do comprimento dos textos é também um problema técnico. Para quem o lê em telefone celular pode ser uma tortura à vista ou à bolsa. Infelizmente, não consigo breve. quem quiser que lhe envie uma versão PDF tem que me contactar no in-box.

Detesto a neutralidade

Esta não vai ser fácil porque... não há maneira de tirar benefícios políticos pessoais. Mas o assunto é sério. Nos meus últimos três textos fiz algo que na nossa esfera pública não é visto com bons olhos. Isto é, não é visto com bons olhos quando ela é feita por académicos. Com efeito, na nossa esfera pública existe a expectativa de que o académico seja uma pessoa sem preferências políticas. Ele apenas analisa friamente os assuntos, distribui culpas, propõe soluções e depois fica à espera de ver se as coisas correm bem ou mal para de novo distribuir culpas. Enganei-me. Vou ter que re-escrever a frase. Na verdade, a coisa não é bem assim. A expectativa na nossa esfera pública é que o académico seja uma pessoa neutra, a não ser que se trate de criticar o governo e o partido que governa. Aí o académico é engajado, comprometido com a causa do povo, justiça social, etc. Se ele insistir na neutralidade quando devia criticar o governo, é considerado traidor da causa da justiça social. Se não encontra matéria para criticar o governo, então é pior, pois nessas circunstâncias ele é considerado como um oportunista que se cala convenientemente para não comprometer as possibilidades de tirar proveito pessoal do seu conluio com os maus.
Eu detesto a neutralidade, para variar. Mas não a detesto pelas mesmas razões que alguns usam para criticar a postura académica nacional. Detesto-a porque cria confusão desnecessária na mente de pessoas e contamina o debate público de ideias. O problema, na verdade, está numa confusão que se faz entre, por um lado, a neutralidade e, por outro, a objectividade. Usamos estas duas palavras como se fossem sinônimas. Não são. A neutralidade define uma posição que não é a favor de nenhuma de duas alternativas. Mas, logicamente, é uma posição impossível, pois quem não opta, vamos lá, por duas posições morais ou éticas, não o faz por razões morais e éticas. Logo, não pode ser neutro. Não alinha simplesmente com as alternativas que lhe são dadas. A objectividade, por seu turno, define o interesse pelos méritos duma questão. Logicamente, o que o compromisso com a objectividade faz é obrigar os indivíduos a encontrarem formas de abordar um assunto, cuja plausibilidade não dependa do seu posicionamento moral e ético, mas sim, repito, dos próprios méritos da questão. Por exemplo, sou neutro quando não me junto ao côro de vozes que condenam ou apoiam a festa de aniversário do Chefe de Estado, mas objectivo quando perante os argumentos apresentados por uns e outros considero certos critérios mais fortes do que outros exigindo um posicionamento mais claro da minha parte sob pena de, ao não fazê-lo, entrar em contradição comigo próprio.
Porque é que fazemos esta confusão em Moçambique? Como em muitas outras coisas, somos vítimas do legado marxista que colocou todo o compromisso com a objectividade sob suspeita. Como o quadro marxista partia do princípio de que a sua visão do mundo era a única certa, a objectividade ficou refém do discurso político. Pior ainda do que isso foi que algumas pessoas chegaram mesmo a pensar que todo o indivíduo que insistisse na análise fria das coisas estivesse apenas a protelar a revolução. Do ponto de vista prático, esta atitude teve consequências desastrosas para a política, pois criou um ambiente em que as pessoas ignoravam factos que não se coadunassem com o discurso político. Aquelas Ofensivas Políticas e Organizacionais que Samora Machel fazia não tinham outro objectivo senão corrigir erros que tinham a sua origem principalmente na mentira que as pessoas eram obrigadas a praticar em nome dos objectivos da transformação socialista de Moçambique. Para bem dizer, a suspeita em relação à objectividade não se circunscreveu apenas ao campo político delineado pelo marxismo. Mesmo no contexto da discussão sobre teorias do conhecimento na filosofia, houve vários autores – e continua ainda a haver – que eram de opinião que a objectividade era impossível. Só que o debate que é feito nesse campo tem outras bases que não são políticas, mas sim filosóficas no sentido em que se questionam sobre os pressupostos da fala, sua legitimação e validação. A rejeição da objectividade em filosofia da ciência é assunto bem objectivo, ao contrário da rejeição no campo político!
Nos dias de hoje, assistimos de novo a esta confusão, desta feita, porém, promovida principalmente por quem busca na indignação – justificada ou não – a sua razão de ser. Exige-se neutralidade do académico quando se trata de não apontar problemas na crítica que se faz ao poder e desconfia-se de todo o apelo à objectividade com a suspeita segundo a qual seria um apoio implícito aos que fazem mal ao povo. Todo o pronunciamento que não alinhe no diapasão de quem critica o poder fica, deste modo, ferido de parcialidade e convoca o apelo à neutralidade. Nestas circunstâncias, a neutralidade passa a ser uma arma de silenciamento e um instrumento totalitário que desencoraja o pensamento. Não é à toa que muitos pseudo-debates no Facebook, mas também nos jornais, não passam de palmadinhas nas costas sem profundidade intelectual. O Amosse Macamo criticou uma vez a tendência que se tem de comentar quase tudo com a expressão “país do pandza” que, bem vistas as coisas, representa justamente a rejeição e recusa de pensar, a nós mesmos, mas também a todos os outros.
Neste momento corre a história da detenção aparentemente arbitrária pela polícia em Maputo dum jornalista por cinco horas de tempo. Li a história numa reportagem do MediaFax e fiquei estupefacto com a sua baixa qualidade. Está cheia de insinuações sobre as motivações da polícia – silenciar jornalistas “independentes” críticos ao governo e próximos da oposição – mas é muito circunspecta em relação ao que realmente aconteceu. Escreve que as perguntas do “interrogatório” eram de “tortura psicológica”, mas não diz que perguntas foram para o leitor perceber em que sentido a expressão “tortura psicológica” é usada. Tenho a certeza de que um artigo tão pobre como este é suficiente para pôr muita a gente na crença de que a Frelimo está numa perseguição de jornalistas. Pode estar, mas o artigo (pelo menos este artigo) não nos proporciona elementos suficientes para tirarmos essa conclusão. É parasitário na medida em que joga com aquilo que “toda a gente sabe” (sobre este governo malvado) para forçar interpretações tendenciosas (por enquanto e na ausência de mais dados) dum evento que, infelizmente, no nosso país é perfeitamente normal. A nossa polícia, lamentavelmente, não respeita o cidadão. Em Outubro do ano passado também fui detido na companhia de colegas estrangeiros que participavam comigo numa conferência em Maputo e só depois de muito tempo e complicação é que nos deixaram ir. Será que eles não sabiam que tenho o hábito de lamber botas e que, portanto, não havia necessidade de me “silenciarem”?
Enfim. Há muitos anos fui convidado pela escola de jornalismo em Maputo para dar algumas aulas. Uma das coisas que disse aos estudantes foi que não havia incompatibilidade entre ser intelectual – e jornalista é intelectual – e ter preferências políticas. Disse-lhes, para o que me pareceu ser a surpresa de quase todos, que o problema não era ter convicções políticas e torná-las públicas. O problema era ser crítico em relação às próprias convicções, algo que custa muito a muitos intelectuais e académicos. Mas esse é um problema essencialmente de integridade profissional. Se sou jurista e vejo o meu superior hierárquico a violar uma norma não me posso calar só porque essa violação é no interesse do que é bom para a causa que partilhamos. Estas coisas não acontecem apenas no governo. Acontecem também na esfera pública do debate onde muita gente aparece a defender posições indefensáveis só porque defendê-las é bom para a nossa causa. Pouca gente tem consciência de que serve melhor a sua causa primando pela objectividade, isto é pelo tipo de coisas que são plausíveis independentemente do nosso posicionamento político. Não admira, na verdade, que o debate de ideias entre nós seja sempre uma oposição entre branco e preto. Ou está tudo mal, ou está tudo bem. No meio, nesse espaço onde se constitui a nossa cidadania, não há nada, é terreno baldio que nem crianças usam para jogar a bola porque alguém andou propositadamente a partir garrafas de coca-cola (não é publicidade escondida). Está bem, no interesse do “Made in Mozambique”: garrafas de Manica ou 2M.
É por estas razões que detesto a neutralidade, a neutralidade tal e qual ela é entendida por algumas pessoas na nossa esfera pública. Sou fã de Guebuza. Admiro Dhlakama. Não tenho paciência com relatórios de estudos mal feitos sobre a nossa madeira, ainda que reconheça que temos um problema sério nessa área. Não vejo nenhuma incompatibilidade entre essas preferências e o meu papel de intelectual. Antes pelo contrário, expondo as razões que me levam a ter essas preferências é ensejo para que alguém me apresente outras razões que me deviam dissuadir e levar a rever as minhas preferências. As preferências em si não são nada. As razões que tenho para as ter, sim. São essas razões que devem constituir tema de debate, é isso que temos de discutir e não se estou bem de cabeça (até porque isto pode ser discutido, embora possa desde já adiantar que nem eu próprio tenho certeza disso...), nem se fui comprado ou espero ser recompensado pela Frelimo (que na sua enorme magnamidade vai me recompensar). É discutindo essas coisas que introduzimos mais sentido e mais razão no debate público de ideias. Na verdade, até é minha convicção que o principal problema deste país não é o governo que temos. É, sim, a qualidade da crítica que é deplorável e de muito péssima qualidade, sobretudo quando vem de alguns jornais que se consideram “independentes” fazendo confusão entre serem privados e não gostarem da Frelimo, por um lado, e simplesmente não terem nenhum alinhamento político concreto. Essa crítica é que faz mal ao país. Prontos, desabafei.
Resumindo: a minha tese é de que este país precisa de melhor qualidade na crítica. A minha principal premissa é de que existe confusão entre neutralidade e objectividade que impede o desenvolvimento dum raciocínio isento e íntegro. É resumo de resumo. Se alguém quiser criticar isto vai ter que reconstruir o argumento melhor do que o fiz agora. Só depois disso é que pode criticar. Objectividade é isso também!
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  • Felix Da Esperança Outra grande masturbação mental esta.
  • Livre Pensador Excelente prosa sr. Professor Elisio Macamo pelo diagnostico perfeito da "neutralidade". Mas ate Deus se equivocou quando confiou o Paraiso a Adao. Nada e valorizado se nao resultar da necessidade em conquista-lo. Ela e que faz o engenho. Logo, facam os academicos o seu dever de falar do engenho, sem que com isso, tenham de vestir a capa de inquisidores dos bons ou mais pensamentos. Aprendam a escutar e a dialogar com os cidadaos. Brainstorming e a chave de qualquer bom projecto...Mas ficou-me uma questao por vos colocar: - Se por ca vivesse e desse aulas numa academia como a UEM, que cor politica assumiria independentemente do resto?
  • Cremildo Bahule Depois dos três textos (...) cheguei a conclusão que me sinto um ser neutro perante muitos assuntos de Moçambique. Neutro por duas razões: (i) apesar de muito se "dialogar para..." (palavra de ordem nos últimos dias em Moçambique), nada muda; (ii) todos falam dos mesmos assuntos, os debates são os mesmos, os académicos ou analistas (não sei se o que se faz em/para Moçambique são análises ou simples gingares de títulos) que escrevem os diversos argumentos são os mesmos. Ou seja, apesar dos bons e maus argumentos que se fazem ou se omitem para o bem de Moçambique, a arrogância daqueles a que os comentários são dirigidos continua a mesma. No meio deste debate todo o melhor é ficar neutro porque ser neutro, também é uma escolha e as escolhas devem ser respeitadas. Ser neutro é como encontrar na urna um voto em branco. Objectivamente: sou neutro e prefiro me fechar em mim mesmo e dialogar com a minha existência. Agora, professor Elísio Macamo: não deves ficar assustado com "maus argumentos" que encontras na nossa, também tua, sociedade moçambicana porque cada geração deve prover a sua própria crítica e que os seus olhos de lince sociológica conseguem ver é essa realidade de argumentos "mal efectuadas" (coloco entre aspas porque não argumentos suficientes para concordar com a tua opinião). Para terminar: a visão de uma parcela da sociedade (jornalística, por exemplo) é reflexo da mentalidade do seu povo. Acredito que a tua visão é o reflexo da sociedade (!) onde está inserida. Enfim: gostava de partilhar as tuas visões (com plenitude e fidelidade), mas me custa porque a minha realidade e as circunstancias que me moldam em Moçambique me obrigam a ser neutro, pois no dia que estiver do lado onde estás (ou na Amazónia, lugar de anseio) talvez vou perceber que é melhor não ser neutro e vou pedir para ser "neutralizador das guerras (não apenas bélicas, mas também de argumentos) que existem em Moçambique". Paz.
  • Armando Junior Grande verdade.
  • Isaac Paxe Professor Elisio Macamo , sempre a "abanar as estruturas" alheias. A reflexão toca uma das lições que tenho aprendido com muitos intelectuais brasileiros. Dizer mais o que, a não ser ganharmos consciência para este tipo de exercícios para o bem de nós próprios. Quanto aos textos longos, a sua leitura leva menos tempo do que uma telenovela da globo ou um jogo de futebol.
  • Elisio Macamo Paxe, obrigado. estarei aí em agosto a dar aulas nos vossos novos cursos de mestrado e doutoramento. vamos conversar. caro Livre Pensador, deus existe? e confiou mesmo o paraíso a adão ou os homens que o interpretaram é que inventaram essa história? brincadeira. já dei aulas em moçambique como professor visitante e continuo a fazê-lo ainda que de forma esporádica. acredito seriamente na ideia de que o docente deve ser objectivo, isto é proporcionar aos estudantes os elementos que precisam para formarem a sua opinião, mas uma opinião abalizada. a cátedra não é um púlpito. na prática é difícil, mas não tenho a impressão de que um estudante meu tenha saído da aula com a impressão de ter sido indoctrinado. caro Cremildo Bahule, acho que uma neutralidade baseada na incapacidade de avaliar os méritos duma posição é melhor do que uma parcialidade cega e ideológica. eu não espero desenvolver o país a partir da reflexão. se pela reflexão conseguirmos continuar a dialogar, tanto melhor para mim. o país, esse, vai se desenvolver. ou não. abraços.
  • Cremildo Bahule Acredito que as reflexões desenvolvem o país, poderá não ser como o desenvolvimento que se espera com o carvão ou com a de carros em segunda mão. Se pela reflexão dialogamos, acredito que é a partir do diálogo que construiremos novas pontes para acabar com futuros "nadas". Como digo aos meus amigos a brincar: a arma de unificação maciça é a palavra; e a palavra é fruto do diálogo; e o diálogo constrói. Espero ter construído bem meu silogismo, pois se for uma falácia, vou me penitenciar nos próximos tempos. Abraços.
  • Elisio Macamo então, cremildo bahule, não tem nenhum motivo para desesperar. coragem!
  • Cremildo Bahule Kanimambo. Mas, o meu agradecimento é de ablução académica. Um dia também farei artigos longos para ver acendo outros argumentos. Estamos juntos. Aquele abraço. Paz.
  • Ana Sitoe Sempre encantador e transmissor de grandes ensinamentos. E' dificil ser objectivo no pais em que vivemos,ainda sabendo que, quando alguns tentam o ser em muitos casos tem sofrido represalias sabe-se la de quem, sendo assim, o que nos e' plausivel fazer e' ser neutros, ver as coisas passar, esse tem sido o lema dos mocambicanos. Mas,pergunto ao Dr.,estando os mocambicanos entrelados numa escolha entre a neutralidade e objectividade e sabendo que eles nao podem ou nao querem optar por uma ou por outra, que Mocambique o Dr. ve para daqui a 10 ou mais anos?
  • Elisio Macamo xii, Ana Sitoe, fazer prognóstico é assunto de economista... eu sou uma pessoa honesta. eu acho que seria interessante que alguém fizesse um estudo sobre as represálias. estamos a falar de forma algo descuidada deles. deve haver diferenças na forma como elas acontecem, quando, com quem e em que circunstâncias. se calhar estamos a exagerar o problema. contudo, não há dúvidas que cada um de nós tem de fazer uma escolha. em alguns casos já acontece. por exemplo, os médicos que entraram em greve fizeram isso. pode ser que a dificuldade de o estado acomodar toda a gente que é subserviente crie essa pressão. nao sei. mas não creio que possamos partir do princípio de que as pessoas não vão fazer nenhuma escolha. vão, só que para sabermos em que condições tínhamos que saber como as represálias se manifestam. essa é uma questão empírica. cumprimentos.
  • Stélio Matusse Hum hum, Eu prefiro usar o Prof. Elisio Macamo, peço para abordar com maior profundeza, os conceitos Neutralidade e Objectividade, visto que temos compatriotas, Letrados, analfabetos,e outros (outros é vago Prof) caregados de cegueira, cataratas ideologicas sem estrutura que n desejam libertar se das categorias de pensamento instituidas, ja foi dito que n é "nosso" pela minha abordagem das coisas de uma forma crua,casuistica no espaço de debate, o importante é a verdade cientifica que deve ser ilucidada de forma sistematica, Kanimambo   
  • Ernst Habermas Como resposta ao texto do Prof. Elisio Macamo eu digo, o ensino e de filosofia e os filósofos tem a sua responsabilidade na reestruturação da funcionalidade da crítica em Moçambique!
  • Juma Aiuba Mais do que dizer a verdade me convenceu bastante. É isso ai!
  • Alberto Salomao Cumbi Parabéns por esta aula de epistemologia
    Sem comentário …é excelente e gostoso o testo. Na verdade já teria dito em meus comentários anteriores que ser objectivo não é ser neutro. Objectividade é mobilizar argumento a favor de uma preferência. Mas só
    uma pergunta Prof. Não acha que foi muito duro e de alguma forma espantou do debate aqueles que por limitações dos seus recursos intelequituais ou académicos não conseguem melhor defender as suas ideias? Não acha que é papel dos esclarecidos procurar na fraqueza dos argumentos mobilizados pelos “deficientes intelectuais” algo que preze para o debate?
    Vou lhe dar um exemplo: Imaginemos um Juiz diante de dois réus. Prontos vamos supor que o primeiro réu é o Elísio Macama e o segundo é o Alberto Cumbi. O Elísio Macamo para além de ser mais intelectual (capacidade de argumentação com coerência e de uma forma convivente) que o Alberto Cumbi, é detentor de um bom capital económico e simbólico capaz de comprar um bom advogado para lhe defender. O Alberto também sabe argumentar mas por vezes cai em incoerências. Para além disso ele não consegue em muitos casos escolher melhores elementos de prova, défice de capital intelectual. Para além disso o seu capital económico e simbólico é limitado. Não consegue pagar um bom advogado para lhe defender (é lhe atribuído um advogado do IPAZ). O que acha que o juiz deva fazer: a) soltar o Elísio Macamo e prender o Alberto que lhe enche a paciência? b) Procurar na incoerência do discurso de Alberto algumas verdades e procurar algumas inverdades na coerência do discurso do Elísio para poder fazer justiça?

    Abraços
  • Herminio De Almeida Lipanga Boa noite Professor E.Macama, primeiro agradecer por ter aceite o meu pedido, é bom ser amigo dum intelectual como o professor, para dizer que ja leio os artigos do professor no Jornal Notícias, os quais sempre fiz cópias e os arquivei, pós são grandes reflexões , só tenho a agradecer a Escola de Jornalismo que me fez participar em algumas aulas proferidas pelo professor, e por poder trilhar aqui nessa rede social os artigos desse professor, Kanimambo.
  • Zandie Ubisse O' mathusse
  • Vasco Antonio Meus cumprimentos ao Professor Elisio Macamo. Mais uma vez tentei ler o seu escrito e a reacção de vários leitores que partilham esta rede, com uma certa atenção especial. Penso que dessa forma, vou a tempo de aprender alguma coisa com a minha leitura atenta (acredito). Achei interessante a forma como aborda sobre o papel do intelectual. Ao ler este texto, fui cair no pensamento de Focoult na sua análise sobre a microfísica do poder. Nessa percepção reconheço a importância de ser crítico em relação as nossas próprias convicções, acima de tudo, sobre as razões que estão por detras dessas convicções. Mas ao mesmo tempo, confesso que a minha percepção começa a ficar com dúvida quando professor Elísio Macamo diz que o problema deste país não é o governo que temos, mas sim a qualidade da crítica, sobretudo quando vem dos jornalistas que se consideram independentes, sem alinhamento político concreto. Primeiro gostaria de saber de que problema considera que é deste país e que não está no governo? Penso ser importante na minha percepção termos em mente o objecto que estamos a tratar e cada um reflectir sobre o mesmo, construindo os seus argumentos e discutirmos. Nessa perspectiva e nessa rede, a nossa discussão pode ser furtífera, não necessariamente por chegarmos a um acordo, seja com quem for, mas sim por compreendermos as diferentes perspectivas analíticas de cada um. Se estamos a falar do papel do intelectual, nessa perspectiva, o tema passa a ser transversal e a sua análise remete para as dimensões da vida política, social, económica e cultural, pois o intelectual, enquanto produto de/para sociedade. Nessas dimensões da vida, o intelectual e a sua ferramenta de trabalho (a crítica) eles se encontram e vivem dentro deste sistema (sociedade e o seu governo). Com isso quero dizer, se o problema é o intelectual e a sua crítica, então ele não pode ser localizado simplismente num subsistema (comunicação social), mas também dentro do proprio governo, que também é produto de “intelectuais e a sua ferramenta, a crítica”. O jogo aqui está na compreensão dos argumentos do outro e na sua forma de pensar. Os intelectuais junto coma sua crítica (um olhar atento e curioso), (penso) eles jogam tanto no governo assim como em qualquer área de intervenção, onde buscam observar e escutar atentamente e de forma curiosa e constroem seus argumentos que podem beneficiar a elite ou os outros (não elite). A construção dos argumentos dos jornalistas independentes, se Professor concordou que eles são inletectuais, então, penso que é importante compreender os seus argumentos. Na minha opinião, a questão de fundo, não é simplesmente dizer que a sua crítica é de péssima qualidade, mas sim seria interessante compreender as razões e as motivações que estão por detras dessa crítica. Quem são esses jornalistas independentes? claro, essa é uma questão que remete para um exercicio empírico. Talvez alguém possa sorteiar aqui alguns temas para sua pesquisa. Nessa perspectiva, ariscaria a dizer que é nessa busca que pode se localizar o tal “alinhamento político”. Sim, o problema do país que não é do governo! de quem será? Claro, não estou a busca do culpado. Espero que seja compreensível a minha posição!
  • Rildo Rafael Prezado professor, interessante leitura sobre neutralidade!

    Caro Elísio macamo, mediante a escala de validade objectiva podemos ter uma crítica com base na legitimidade intrísica da autoridade convocada a legitimá-las, neste primeiro ponto a autorida
    de do crítico pode estar baseada em premissas que nao correspondem a verdade (concepção do mundo no eu da autoridade). Poderemos também ter maior ou menor consistência lógica entre a autoridade legitimadora e o conteúdo da crítica, no segundo caso, a dedução elaborada mesmo de uma fonte fidedigna pode não obedecer a coerência lógica e não ser suficientemente válida. Portanto ninguém pode afirmar que tudo o que diz é objectivo, pois dentro de um texto objectivo há sempre um homem muito subjectivo. Devemos aceitar a possibilidade de pensar Moçambique sem o recurso a fatalismo (país do pandza tal como Amosse Macamo sugere) mas ao mesmo tempo também devemos pensar o mesmo Moçambique sem tomar as ideias contrárias as nossas sejam as dos “contras” e as ideias favoravéis sejam a dos “prós”. É preciso aprender a discutir os méritos das questões com argumentos plausíveis e não o contrário. No debate público prevalece muito a ideia de que só se comenta aquilo que realmente interessa, ou seja, aquilo que não se mostre oposto a um certo posicionamento grupal e ou individual e fica-se “neutro”, ou em silêncio para aquilo que vão contra ao posicionamento do grupo ou individual, sobretudo quando se descobre que os argumentos apresentados são plausíveis.

    No debate “prós e contra” existe muita dificuldade de se assumir o outro como um ser capaz de produzir argumentos plausíveis, daí resultar deficiências para reconhecer os argumentos e ou parte dos argumentos dos outros como coerentes. “Inventar” falsos argumentos apenas para prestar serviço ao seu grupo sem um base plausível é um risco para a maturação do debate das ideias. Evitar discutir os méritos e os deméritos das questões optando por produzir expressôes setenciadoras do estilo “país da marrabenta”, país do pandza é também perder a oportunidade de pensar

    Há um provérbio na língua sena que diz o seguinte ndzerumbawiri: o bom juízo é o de duas pessoas (literalmente quer dizer que o juízo são dois) este provérbio pretende referir que uma pessoa sozinha engana-se. É preciso contrastar opiniões, consultar e ouvir os outros. A palavra e sabedoria de varias pessoas merecem atenção respeito-contrariamente a mentalidade de sabe tudo.

    Num livro de Pierre Jaccard com o titulo “introdução às ciências sociais”, o professor Irving L. Horowitz propõe que se coloque de lado o falso dualismo ciência e valor, objectividade e interesse humano. Pois para Jaccard a objectividade excessivamente assumida tende a proporcionar, em decorrente do seu próprio vazio, dependências sem consciência a doutrinas de pensamento ou a resignações que nada ostentam de científico

    Da mesma forma que Max Weber no principio do século XX glorificava a Prússia sem querer ao fazer o elogio da disciplina. Ninguém esta isento da influencia dos preconceitos da classe, nação, grupo politico, religião a que pertence. Entre o dogmatismo revelado por uns e o parcialismo omitido de outros, há espaço para uma ciência do homem na medida em que se reconheça as suas possibilidades e os seus limites. O professor Macamo se refere a isto afirmando que não podemos ter o monopólio da objectividade, e eu digo que muitos intelectuais são imperialistas da subjectividade, ou seja, apenas sabem acusar os outros de subjectivos. Tem dificuldades de olhar para os seus próprios pronunciamentos, ou seja, os seus preconceitos são objectivamente explicados a luz de um tal ciência pura, estes devem assustar aos intelectuais que ainda reconhecem que são humanos, que tem a objectividade não como um príncipio em si, mas sim como uma meta a chegar, estes estarão mais atreitos a procurar tentar ser objectivo do que os que já ostentam o apelido de objectivos.

    Enquanto a condição humana fazer parte de um dos pressupostos bastante influenciadores dos nossos posicionamentos, somos todos objectivos e subjectivos em diversos momentos, mesmo que muitos de nos aposte significativamente numa ciência objectiva como um ideal superior, enquanto não recusa da influência dos preconceitos, como ponto de partida para roptura epistemológica.
  • Momade Ali Totalmente de acordo: "o principal problema deste país não o governo que temos. É, sim, a qualidade da crítica que é deplorável e de muito péssima qualidade.
  • Nietzsche Bin Mindu Resumo o textinho em estas palavretas: o problema da neutralidade e objectividade não deve ser confundido, por duas razões: a neutralidade remete à imparcialidade e, a objectividade remete à clareza dos factos. Neste sentido, estas duas dimensões aparentemente sinónimas, são usadas desesperadamente por bailarinos da ignorância, ao ponto de confundirem ambos termos, sendo apenas problema da validação e legitimação, em que ambas são filhas da objectividade e neutralidade. O que está em causa é
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  • Ivone Soares Perfeito! Agora, preciso mesmo de óculos de vista. Ler-te a partir do telemóvel não é oficio simples.
  • Bayano Valy Elisio cereja no bolo, como sói dizer. com tempo volto com algumas questões.
  • Ivone Soares Bayano Valy! Coloca lá as questões e depois voltas! Lol... Prefiro ler-te, já que nao tenho nada a fazer.

1 comentário:

Anónimo disse...

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