sábado, 13 de abril de 2013

CHEIAS DEVASTADORAS E IRRESISTÍVEIS

A Perdiz - edição nº 17

                   
O Governo moçambicano assiste ciclicamente as calamidades que afectaram Moçambique, sendo o país constantemente assolado por inundações. O excessivo enchimento das albufeiras e barragens provocado por chuvas intensas que caem no pais e nos países vizinhos como Malawi, Zimbabwe, Zâmbia e África do Sul, têm levado a abertura progressiva das comportas dos empreendimentos, que chegam a lançar vários metros cúbicos de água por segundo, galgando as já frágeis margens dos rios, desgastadas pela erosão. Consideremos que nas inundações lentas ou de planície, as águas elevam-se de forma paulatina e previsível; mantêm-se em situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente; Normalmente, as inundações são cíclicas e nitidamente sazonais. Exemplo típico de periodicidade ocorre nas inundações anuais com as chuvas que caem normalmente entre os meses de Novembro a Março. Ao longo de anos de observação verifica-se que, no nosso pai, na imensa maioria dos anos, o pico das cheias ocorre neste período. No tocante a inundações em cidades ou alagamentos, as águas são acumuladas no leito das ruas e nos perímetros urbanos, por fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem deficientes. Nos alagamentos, o extravasamento das águas depende muito mais de um sistema de drenagem deficiente, que dificulta o escoamento das águas acumuladas, incluindo a das precipitações locais. O fenómeno relaciona- se com a redução da infiltração natural nos solos urbanos, devido a compactação e impermeabilização do solo; degradação da pavimentação de ruas e construção de passeios com muitos buracos escavados por diversas empresas desleixadas, que em conluio com um Município cúmplice e igualmente desleixado, reduzem as bermas das valas de drenagem e outros de areia que é arrastada à primeira chuva que cai e acto continuo, até a chegada das grandes enxurradas. A construção adensada de edificações, que contribuem para reduzir o solo exposto e concentrar o escoamento das águas; o fechamento de mangais; o desmatamento de encostas e assoreamento dos vales que se desenvolvem no espaço urbano; a acumulação de detritos em galerias pluviais, canais de drenagem e cursos de água; a insuficiência da rede de galerias pluviais. É uma calamidade consciente. Estamos a assistir inaptos a morte de muitos concidadãos nossos, vítimas de inundações. Outros perdem o património familiar adquirido com muitos anos de trabalho e esforço. É notória a combinação das enxurrada e alagamento em áreas urbanas acidentadas, e infelizmente são tantas, para não dizer que todo o canto sofre disso. Das várias cidades e vilas que conhecem o rigor das cheias, apenas mencionaremos Chokwe. Na verdade, no passado não muito distante, esta cidade era cercada de diques que a protegiam da invasão das águas. Tais diques, eram mantidos em forma sempre que se aproximasse a época chuvosa, como forma de proteger as pessoas e seus bens. É de esperar que alguma voz de um leitor crítico sussurre: eles faziam isso para a protecção dos colonos e assimilados! Não sabemos se assim alguém pode contrapor... Nós também podemos dizer: se assim era, o que custa também aos governantes e assimilados de hoje, salvarem suas peles, prestigio, famílias, bens e mais?
Lembrem-se que aquelas obras de diques erguidas naquela altura eram resultado do trabalho de nossos compatriotas, mas devido a euforia da independência, ninguém valorizou o essencial. Mesmo depois da chamada de atenção com as cheias de 1977 os governantes não despertaram das fragilidades do sistema de protecção. Ainda estava em alta o hino: “ a himalavi a mapau ni ma bolo ya nwina, hi tadla a mihambu, hitadla mintsumbula”, que diz o seguinte não queremos os vossos pães e bolos, levem para a vossa terra, nós comeremos mandioca e batata-doce... Enquanto o mal avança, os governantes vão discutindo qual e o sexo dos anjos! Veja que nessa altura de grande euforia e ódio, ninguém produzia nem mesmo a mandioca e batata-doce, enfim, até hoje parece que continua-se nessa euforia de que a gente não precisa fazer nada para melhorar a situação dos pais em várias áreas, principalmente a área das calamidades naturais, precisamente as inundações, que vão fazendo vítimas. O mesmo problema é igualmente notável a nível das grandes cidades. Falemos do nível da capital do país: Por que não elaborar o Plano Director de Desenvolvimento Municipal, onde sejam identificadas as áreas de risco e estabelecidas as regras de assentamento da população? Isso tudo deveria ser feito com seriedade e não para os “boss” ganharem mais “mola”. O Município podia com seriedade, implantar a colecta do lixo domiciliar com regularidade e abandonar para longe as justificações do mau pagador. Da mesma maneira, devia-se evitar construções em áreas inseguras. Ainda, o Município devia criar a protecção civil para intervir nestes casos que já são constantes na grande cidade de Maputo. Contudo, já que estes serviços não existem, por que não imprimir folhetos de educação aos cidadãos sobre vários aspectos da segurança, higiene e protecção? Sim é importante mesmo. Veja que ninguém está educado quanto ao que fazer no momento e depois das inundações. Lembrem-se que como resultante do processo de urbanização acelerado ocorreu não só como consequência da guerra, mas também originado pelas assimetrias regionais de desenvolvimento a invasão de muita população nas urbes e sem infra-estruturas. Tal pressiona todo o aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgotos cloacais e até drenagem pluvial. Governo moçambicano, Autoridades locais, Sociedade Civil e Partidos Políticos, por favor, vamos repensar o desenvolvimento real e visível para Moçambique. Vamos vencer esta vulnerabilidade as inundações.

A Perdiz - edição nº 17

CHEIAS DEVASTADORAS E IRRESISTÍVEIS
O Governo moçambicano assiste ciclicamente as calamidades que afectaram Moçambique, sendo o país constantemente assolado por inundações. O excessivo enchimento das albufeiras e barragens provocado por chuvas intensas que caem no pais e nos países vizinhos como Malawi, Zimbabwe, Zâmbia e África do Sul, têm levado a abertura progressiva das comportas dos empreendimentos, que chegam a lançar vários metros cúbicos de água por segundo, galgando as já frágeis margens dos rios, desgastadas pela erosão. Consideremos que nas inundações lentas ou de planície, as águas elevam-se de forma paulatina e previsível; mantêm-se em situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente; Normalmente, as inundações são cíclicas e nitidamente sazonais. Exemplo típico de periodicidade ocorre nas inundações anuais com as chuvas que caem normalmente entre os meses de Novembro a Março. Ao longo de anos de observação verifica-se que, no nosso pai, na imensa maioria dos anos, o pico das cheias ocorre neste período. No tocante a inundações em cidades ou alagamentos, as águas são acumuladas no leito das ruas e nos perímetros urbanos, por fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem deficientes. Nos alagamentos, o extravasamento das águas depende muito mais de um sistema de drenagem deficiente, que dificulta o escoamento das águas acumuladas, incluindo a das precipitações locais. O fenómeno relaciona- se com a redução da infiltração natural nos solos urbanos, devido a compactação e impermeabilização do solo; degradação da pavimentação de ruas e construção de passeios com muitos buracos escavados por diversas empresas desleixadas, que em conluio com um Município cúmplice e igualmente desleixado, reduzem as bermas das valas de drenagem e outros de areia que é arrastada à primeira chuva que cai e acto continuo, até a chegada das grandes enxurradas. A construção adensada de edificações, que contribuem para reduzir o solo exposto e concentrar o escoamento das águas; o fechamento de mangais; o desmatamento de encostas e assoreamento dos vales que se desenvolvem no espaço urbano; a acumulação de detritos em galerias pluviais, canais de drenagem e cursos de água; a insuficiência da rede de galerias pluviais. É uma calamidade consciente. Estamos a assistir inaptos a morte de muitos concidadãos nossos, vítimas de inundações. Outros perdem o património familiar adquirido com muitos anos de trabalho e esforço. É notória a combinação das enxurrada e alagamento em áreas urbanas acidentadas, e infelizmente são tantas, para não dizer que todo o canto sofre disso. Das várias cidades e vilas que conhecem o rigor das cheias, apenas mencionaremos Chokwe. Na verdade, no passado não muito distante, esta cidade era cercada de diques que a protegiam da invasão das águas. Tais diques, eram mantidos em forma sempre que se aproximasse a época chuvosa, como forma de proteger as pessoas e seus bens. É de esperar que alguma voz de um leitor crítico sussurre: eles faziam isso para a protecção dos colonos e assimilados! Não sabemos se assim alguém pode contrapor... Nós também podemos dizer: se assim era, o que custa também aos governantes e assimilados de hoje, salvarem suas peles, prestigio, famílias, bens e mais?
Lembrem-se que aquelas obras de diques erguidas naquela altura eram resultado do trabalho de nossos compatriotas, mas devido a euforia da independência, ninguém valorizou o essencial. Mesmo depois da chamada de atenção com as cheias de 1977 os governantes não despertaram das fragilidades do sistema de protecção. Ainda estava em alta o hino: “ a himalavi a mapau ni ma bolo ya nwina, hi tadla a mihambu, hitadla mintsumbula”, que diz o seguinte não queremos os vossos pães e bolos, levem para a vossa terra, nós comeremos mandioca e batata-doce... Enquanto o mal avança, os governantes vão discutindo qual e o sexo dos anjos! Veja que nessa altura de grande euforia e ódio, ninguém produzia nem mesmo a mandioca e batata-doce, enfim, até hoje parece que continua-se nessa euforia de que a gente não precisa fazer nada para melhorar a situação dos pais em várias áreas, principalmente a área das calamidades naturais, precisamente as inundações, que vão fazendo vítimas. O mesmo problema é igualmente notável a nível das grandes cidades. Falemos do nível da capital do país: Por que não elaborar o Plano Director de Desenvolvimento Municipal, onde sejam identificadas as áreas de risco e estabelecidas as regras de assentamento da população? Isso tudo deveria ser feito com seriedade e não para os “boss” ganharem mais “mola”. O Município podia com seriedade, implantar a colecta do lixo domiciliar com regularidade e abandonar para longe as justificações do mau pagador. Da mesma maneira, devia-se evitar construções em áreas inseguras. Ainda, o Município devia criar a protecção civil para intervir nestes casos que já são constantes na grande cidade de Maputo. Contudo, já que estes serviços não existem, por que não imprimir folhetos de educação aos cidadãos sobre vários aspectos da segurança, higiene e protecção? Sim é importante mesmo. Veja que ninguém está educado quanto ao que fazer no momento e depois das inundações. Lembrem-se que como resultante do processo de urbanização acelerado ocorreu não só como consequência da guerra, mas também originado pelas assimetrias regionais de desenvolvimento a invasão de muita população nas urbes e sem infra-estruturas. Tal pressiona todo o aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgotos cloacais e até drenagem pluvial. Governo moçambicano, Autoridades locais, Sociedade Civil e Partidos Políticos, por favor, vamos repensar o desenvolvimento real e visível para Moçambique. Vamos vencer esta vulnerabilidade as inundações.

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