quarta-feira, 27 de março de 2013

Não é piada: a Igreja Católica podia dar igrejas a outros cristãos

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Não é piada: a Igreja Católica podia dar igrejas a outros cristãos

Henrique Raposo
7:43 Quarta feira, 27 de março de 2013

A ideia é do meu Papa austríaco, e nasce de uma análise fria: em relação a 1945, Viena tem mais paróquias, mas menos católicos; em meio século, a cidade perdeu metade do seu rebanho. Neste sentido, Christoph Schonbörn colocou em cima da mesa uma solução completamente fora da caixa, aliás, a solução está fora da caixa, fora da mesa, fora de tudo: oferecer as igrejas vazias a outras Igrejas Cristãs, como a Igreja Ortodoxa Sérvia ou a Igreja Ortodoxa Copta. Ao invés do catolicismo, estes ramos do cristianismo estão em crescimento, logo Schonbörn acha que a Santa Madre Igreja devia ceder os seus espaços aos camaradas cristãos. Nas palavras do meu Papa, não faz sentido fechar igrejas quando é possível mantê-las abertas sob orientação de outras claques do Senhor.
Isto podia ser aplicado a Portugal? Não sei se a Igreja portuguesa tem rins para semelhante golpe de asa, mas sei que as igrejas vazias de Viena têm muitas parentes em Portugal. No meu bairro, por exemplo, a igreja costuma estar vazia, até porque tem um padre que é a melhor campanha de marketing dos jacobinos. Mas, ao lado, existem dois templos protestantes instalados em caves hediondas. E as caves, ao contrário da igreja, estão cheias ao domingo. Num acto de caridade, a Igreja Católica podia fazer um trespasse teológico. Não, não pensem em derrota, pensem em comunhão.
Da série "És a minha fé"

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Aborto e baptismo: a hipocrisia criticada por Francisco I

Henrique Raposo
8:00 Terça feira, 26 de março de 2013

Parece que o novo Papa anda a partir a loiça protocolar do Vaticano. Isto atraiu a atenção dos jornalistas, mas os camaradas faziam bem em olhar para a loiça substantiva, loiça mesmo, que Bergoglio partia quando era apenas o Arcebispo de Buenos Aires. Por exemplo, Bergoglio criticava esta imensa hipocrisia: de manhã, a Igreja anti-aborto incita as jovens a assumirem a gravidez; à tarde, a mesma Igreja recusa baptizar as crianças que nascem fora do casamento. A imagem escolhida por Bergoglio fala por si: uma rapariga solteira e pobre resiste à tentação do aborto, tem a coragem para dar à luz, mas depois anda numa verdadeira peregrinação de paróquia em paróquia à procura de alguém para baptizar o seu filho; e esse alguém não aparece, a rapariga só encontra portas fechadas e narizes empinados. Bergoglio estava a falar para a Igreja argentina, mas julgo que o barrete é aplicável à Igreja em geral.
Bergoglio cunhou esta tremenda cara-de-pau de "gnosticismo farisaico". Se não sabem, ficam a saber que a palavra Fariseu e suas variantes são insultos sérios no mundo cristão; "és um ganda fariseu" é o topo da insultologia cristã. Ora, dentro dos seus poderes de chefão da Igreja das pampas, Bergoglio exigiu que o clero argentino parasse com esta hipocrisia, porque a Igreja não pode impedir que as pessoas encontrem o caminho da salvação só porque não preenchem três ou quatro alíneas dum qualquer código de conduta. Os sacramentos não podem ser elementos de chantagem.
Esta tomada de posição do novo Papa é de uma coragem tremenda. Põe em causa a hipocrisia de padres, bispos e de boa parte da comunidade católica. Põe em causa a própria hierarquia da Igreja que, por vezes, usa os sacramentos para impor um certo modelo fechado e penteadinho de família. E este fechamento é, segundo Bergoglio, a deturpação do espírito de Cristo. Jesus Cristo, de facto, nunca negaria abrigo a uma jovem pobre e com um filho nos braços. Vem na Bíblia.

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Camilo ainda explica o ódio a Cavaco

Henrique Raposo
8:00 Segunda feira, 25 de março de 2013

A Tempo e a Desmodo - Camilo ainda explica o ódio a Cavaco
Mergulhados nesta agitação permanente, vamos esquecendo o que está antes do PIB, da dívida, do Euro e demais bugigangas do economês, vamos esquecendo que um país, antes de ser um PIB aflito, é uma memória. Não, isto não é conversa da treta, não é lamechice a pingar no abstracto. Dou já dois exemplos concretos. Primeiro, poucos ficaram incomodados com o fim do feriado de 1 de Dezembro, um factor de unidade histórica, ao invés do 5 de Outubro. Segundo, o desaparecimento de Camilo Castelo Branco das escolas também não causou ondas. E, confesso, este desprezo por Camilo não me passa pelo estreito. Alguém decidiu que o grande escritor português não cabia no ensino da língua portuguesa e, na resposta, não houve uma Maria da Fonte literária a varrer a nação. O que fazer perante este silêncio? Bom, é continuar a escrever sobre Camilo, é continuar a dizer que os livros de Camilo têm a beleza das coisas inúteis, é continuar a dizer que os seus romances ainda explicam muita coisa.
Neste Os Brilhantes do Brasileiro, por exemplo, o bardo de Seide oferece-nos uma das suas mulheres terminais, uma daquelas nortenhas vai-ou-racha: Ângela de Noronha de Barbosa. Filha de general aristocrata, Ângela é cortejada por Hermenegildo, "brasileiro" rico que lhe oferece um coral de diamantes como presente de noivado. Mas, claro, Ângela está apaixonada por Francisco, um "mal-nascido" filho de cozinheiro e, quando Francisco precisa de dinheiro para ir estudar medicina, Ângela transforma o seu colar numa bolsa da FCT. Quando esta jogada financeiro-amorosa é descoberta, Ângela morre socialmente, porque naquelas cabeças ela está a cometer uma espécie de pré-adultério. A honra macha do seu noivo (o pré-cornudo) e do seu pai está comprometida. Ângela acaba no convento, a sala de pânico da honra familiar. O resto fica para o leitor descobrir.
A par da estória assente na típica heróina camiliana, Os Brilhantes do Brasileiro tem muita História. Por portas travessas, Camilo foi um grande historiador. Para começar, temos o impacto do "brasileiro" na sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX. O "brasileiro" era o emigrante que regressava do Brasil, abalando a nossa sociedade com o seu dinheiro e com a sua moral tropicalizada. O impacto social desta figura de Oitocentos deve ter sido semelhante ao impacto do "emigrante" e do "retornado" no século XX. A par do "brasileiro", Camilo oferece-nos a figura da beata que deixa fortunas ao padre para que este lhe edifique um T2 lá no céu. Mas, ao lado, também vemos personagens que deixam antever um desprezo pela religião na sociedade portuguesa ("compadre, a religião é uma patranha"). A outro nível, encontramos a cicatriz camiliana da "onda revolucionária" francesa e da posterior guerra civil. Para terminar, podemos ainda observar as entranhas de uma rigidez social que, bem vistas as coisas, chegou até nós. D. Beatriz, a guardiã da hierarquia, diz que a filha de "Simão de Noronha", o "décimo oitavo senhor do Paço de Gondomar", não pode estar apaixonada pelo "neto do cozinheiro"; essa relação é um "insulto" a uma "das mais distintas famílias". Quando lemos as memórias de Alçada Baptista, por exemplo, percebemos que esta snobeira chegou intacta ao século XX. Aliás, ainda mexe no século XXI: é só olhar para a repulsa que muita gente sente por um certo filho de um gasolineiro de Boliqueime.
Série "O literato envergonhado"

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Dia do pai? É ir para a cama às nove e meia

Henrique Raposo
8:00 Sexta feira, 22 de março de 2013

Pré-pais confirmados e pais wannabe têm feito a pergunta fatal, "então, o que muda na vida de um gajo depois de ser pai?". Quando era eu a fazer a pergunta, a maioria prometia-me uma revolução caseira, uma reviravolta absoluta que deixaria tudo de pantanas, ui, ui, pá, deixas de ter tempo, nem o Benfica vais conseguir ver. Tenho a dizer que este apocalipse doméstico não se concretizou. É verdade que a relação com o tempo é a grande afectada, mas é afectada num bom sentido. Sim, parece que tenho mais tempo desde que a minha filha nasceu. Sim, meu caro leitor, não vale a pena adiar a paternidade por causa do "medo de ficar sem tempo". Isso é um mito urbano.
Como é que tenho mais tempo apesar das fraldas decoradas com instalações pós-modernas, dos choros que perfuram tímpanos, das matinés de carinho, das noites mal dormidas, das idas diárias à creche, das festinhas da creche, da presença reforçada dos avós, das idas à pediatra, das idas à urgência e, claro, das idas ao supermercado para sacar todas as fraldas Dodot em promoção? É simples: o tempo rende mais. Usando a linguagem do economês, diria que a minha produtividade subiu. Um filho, meu caro leitor, é a coisa mais disciplinadora do mundo. Um filho é o melhor antídoto contra a dispersão. Agora não pode haver distracções, não há tempo para bater um papinho, porque o horário de trabalho (o tempo em que Ela está na creche) tem mesmo de render. Resultado? Faço mais coisas do que antigamente, e nem preciso de trabalhar à noite. Portanto, meu caro leitor, se anda angustiado com a sua tendência para a dispersão, faça lá o favor de ter um filho. A sua carreira, a segurança social e a produtividade da nação agradecem.
E a mudança temporal não se fica por aqui. Por artes mágicas, o dia recua várias horas, tudo começa e acaba mais cedo. Às nove da noite sinto o cansaço que sentia às onze, ou seja, a meia-noite chega às nove e meia. Porquê? O jantar da criança é às sete, o banho às sete e meia e o Vitinho aterra às oito, porque é preciso dormir bem e acordar cedo. "E depois?", pergunta o meu caro leitor. Ora, depois das oito voltamos a estar livres para a vidinha de antigamente. Continuamos a fazer as mesmas coisas mas com duas ou três horas de antecipação. Moral da história? Se conseguir uma adaptação ao horário do bebé, se consumar este acto de renúncia, vá, cronológica, você não terá de fazer aquelas grandes renúncias que colocam a paternidade em conflito com a vidinha boa. Afinal de contas, atrasar o relógio um par de horas não é um drama. Drama é ver bebés adaptados ao velho horário dos pais. Aliás, agora percebo porque é que há tanta criança a viver numa espécie de birra perpétua.
Série "Daddy blog é filosofia"

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A democracia é sagrada, o Euro não

Henrique Raposo
8:00 Quinta feira, 21 de março de 2013

A sobrevivência do Euro não pode justificar o injustificável, isto é, o resgate do Euro não pode ser feito sobre o cadáver da democracia. Mas, infelizmente, começamos a ver um padrão na gestão desta crise: o fanatismo europeísta ultrapassa os limites anti-democráticos com demasiada facilidade. Quando Papandreou colocou a hipótese de um referendo sobre a manutenção da Grécia no Euro, surgiu logo a chantagem anti-democrática feita em nome da estabilidade do projecto europeu. Em Itália, a eurocracia cozinhou uma solução tecnocrática e, agora, temos este episódio no Chipre. Aqui entre nós, alguém precisa de colocar um post-it no frigorífico bruxelense: "o Euro não é sagrado, a democracia é que é; o Euro deve servir as democracias, e não o inverso".
Não tenho dúvidas sobre o carácter off-shorístico do sistema financeiro do Chipre, e até admito que esta é uma modalidade de resgate a ter em conta. Talvez sim, não sei. Mas sei outra coisa: um dos dramas desta crise (desde 2008) tem sido o domínio da linguagem técnica do economês sobre a linguagem política. Seja qual for a acuidade técnica e económica daquela modalidade de resgate, a questão central é só uma, só podia ser uma: uma decisão deste tipo não pode ser tomada por uma camarilha de técnicos em Bruxelas ou Berlim, só pode ser tomada pelo parlamento nacional; alguém tinha de perguntar o seguinte aos cipriotas: "olhem, perante o nosso problema, onde é que querem o murro? Na cabeça - resgate normal - ou na barriga - resgate através de 10% dos depósitos?". Este respeito pelos preceitos institucionais das democracias não resolve os problemas económicos, mas as decisões económicas que desrespeitam estas regras serão sempre ilegítimas mesmo quando são eficazes. E, no mesmo sentido, acrescento outro ponto político: uma decisão pode ser legítima apesar de ser ruinosa (ex.: Chipre a dar o sim à bancarrota e à saída do Euro). A política está à frente da economia.
Quando se fizer a história da crise do início do século XXI, esta será uma semana crucial. De um dia para o outro, os cipriotas acordaram num sítio onde as contas bancárias podiam ser sugadas por uma entidade situada a milhares de quilómetros. Este desprezo por uma democracia nacional é chocante, pois revela a mentalidade anti-democrática de uma série de camarilhas técnicas que orbitam em redor da UE e do Euro. Esta malta acha mesmo que a legitimação democrática dos planos de resgate é um mero pormenor. No fundo, os senhores do Euro acham que a democracia é da Joana.

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Alemães impõem tróicas a outros alemães

Henrique Raposo
8:00 Quarta feira, 20 de março de 2013

Fala-se pouco do assunto, o que é uma pena: dentro da federação alemã, diversos estados liderados pela Baviera forçaram o estado de Berlim a assinar uma espécie de memorando da tróica interno. Portanto, ninguém pode ficar surpreendido com as exigências dos alemães em relação aos países do sul da Europa. Se estados alemães apertam (e com razão) outros estados alemães, a Alemanha só poderia fazer exigências duras no contacto com Portugal, Grécia e afins. Afinal de contas, é o dinheiro dos contribuintes alemães que está em jogo. Nós, quando emprestámos dinheiro aos madeirenses, também fizemos exigências que os madeirenses consideravam ofensivas e não sei quê. Pois, pois, mas eu não admitia pagar o buraco da Madeira sem o fim de muitos privilégios dos madeirenses. Com isto não estou a defender o caso específico do assalto às contas bancárias do Chipre (a malta do Eurogrupo anda a fumar porros enquanto faz algoritmos?). Estou apenas a dizer que ninguém pode ficar surpreendido com a firmeza alemã.
Mas, ó Henrique, é bom ficarmos nesta dependência do dinheiro e das exigências da Alemanha? Não, não é. É por isso que defendo austeridade na despesa pública e um modo de vida que nos liberte do vício do crédito (para nós) e da dívida (para o Estado).

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O caso do fascista que não sabia que era fascista

Henrique Raposo
8:00 Terça feira, 19 de março de 2013

Não, não estou a falar do meu caso. Como toda a gente sabe, eu sou mesmo fascista, reacionário (um fascista de armário), neoliberal (um fascista que aposta na bolsa) ou simplesmente estúpido. Estou a falar, isso sim, de Giorgios Katidis, o jogador do AEK que comemorou um golo com uma celebração fascista. Como é óbvio, a federação grega reuniu de imediato e baniu o jogador, uma das grandes esperanças do futebol helénico.
Após o jogo, Katidis afirmou que "nunca teria feito tal coisa se soubesse o que significava". O que dizer sobre estas declarações? A reação mais segura passa por afirmar que Katidis é um tangas homérico, mas eu não colocaria de parte a hipótese da ignorância. Katidis tem vinte anos, faz parte da geração que não tem a mínima noção de tempo e/ou espaço. Devido a uma série de factores que não cabe nesta coluna, a história e a geografia desapareceram do mapa mental dos mais novos. Têm falado com miúdos de 15 ou 20 anos? Eles até podem saber linguagem de código informático, mas ficam à nora perante um mapa-mundo e acham que 1945 fica no período cretáceo. "Jogar aos países" não é com esta malta.
Paolo di Canio, sim, sabia que era fascista. Nasceu em 1968 e jogava na Lazio, não há que enganar. Ao invés, este miúdo grego nasceu e cresceu em pleno fim de história (1989-2008). Esta cultura ahistórica, a nossa, fabricou miúdos que conseguem operar este milagre da lógica: fazem algoritmos com a pretensão de explicar a totalidade das relações internacionais e, ao mesmo tempo, desprezam as relações internacionais do passado, isto é, a história. Ou seja, acham que podem adivinhar o futuro através dos métodos quantitativos que fazem gala do seu desprezo pelos métodos qualitativos da história e das humanidades. O manguito fascista de Katidis pode ser apenas a manifestação boçal e inconsciente desta cultura amnésica glorificada por muitos.

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Têm mesmo de fazer manifs à hora de ponta?

Henrique Raposo
8:00 Segunda feira, 18 de março de 2013

Já sabíamos que os sindicatos do funcionalismo público vivem noutro planeta, sobretudo os afectos àquela marquise da URSS chamada CGTP. Já sabíamos que continuam a defender direitos adquiridos insustentáveis e, acima de tudo, injustos (pensões da CGA superiores às pensões do regime normal; exclusivo da ADSE, etc, etc.). E também já sabíamos que este sindicalismo chega mesmo a entrar numa espécie de twilight zone humorística. Sim, Ana Avoila & Cia pediram aumentos salariais para este ano. Isto é o mesmo que ver os sócios do Sporting a exigir a conquista do campeonato.
Ora, na sexta-feira ficámos a saber outra coisa em relação a este funcionalismo humorístico: não tem qualquer respeito pelo dia-a-dia do resto da população. Nós, os outros, a escumalha que não vai à manif, somos meros figurantes na cabeça destes profissionais da propaganda. Na sexta-feira, as frentes e frentinhas da CGTP deixaram Lisboa de pernas para o ar. De repente, tornou-se impossível ir ao médico ou passar pela creche para ir buscar o garoto. De repente, milhares e milhares de pessoas que têm de lutar diariamente pela sobrevivência das suas empresas foram impedidas de trabalhar por um conjunto de pessoas que tem emprego vitalício. Aliás, isto tem sido uma cena habitual: quem tem emprego ultraprotegido faz manifs ou greves que impedem os outros de chegar aos seus trabalhos não-protegidos. Tudo muito bonito, muito justo, tudo muito de esquerda e ao gosto do repórter indignado.
Mas quem é que se lembra de marcar uma manif para a hora de ponta de uma sexta-feira? Quem faz isso tem noção dos estragos e atrasos que causa? Não podiam marcar a manif para sábado? Tudo aquilo não passa de teatro-para-televisão-filmar, logo o dia da semana é uma irrelevância para os efeitos televisivos e propagandísticos da manif, até porque ao sábado também há repórteres indignadinhos nas TVs. Então, porque é que marcam manifs que bloqueiam a vida de milhares e milhares de pessoas? Porquê? Na forma como fala e pensa dentro da sua bolha, na maneira como faz exigências e manifs lunáticas, este sindicalismo tem feito todos os possíveis para ser odiado pelo resto da população.

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O Papa que abriria a porta ao casamento dos padres

Henrique Raposo
8:00 Sexta feira, 15 de março de 2013

Gosto da coragem explícita do novo Papa, mas hoje queria falar da coragem implícita do cardeal austríaco. Aliás, há dias, quando perguntaram pelo meu Papa, respondi que o cardeal austríaco Christoph Schonbörn era uma personagem interessante. E explico já a minha queda pelo homem de Viena. O catolicismo austríaco está a ser varrido por uma sublevação de padres que exigem, entre outras coisas, o fim do celibato obrigatório. Dos 2000 padres da Igreja austríaca, 400 já assinaram este manifesto. Não é brincadeira, e muitos observadores já falam de um cisma no catolicismo germânico. É que este manifesto austríaco já tem ecos na Alemanha. Não espanta: em 1970, um tal de Joseph Ratzinger defendeu um debate em redor da obrigatoriedade do celibato.
Christoph Schonbörn não aceita a proposta dos 400 padres de forma clara, mas também não a recusa de forma absoluta. O cardeal de Viena tem mantido uma certa ambiguidade em relação ao padres sublevados e alguns até dizem que Schonbörn já deu pistas no sentido da aceitação da figura do padre casado. Temos, portanto, o seguinte cenário: no mínimo, Schonbörn acha que este assunto deve ser debatido; no máximo, concorda silenciosamente com o fim do celibato obrigatório. Seja qual for a resposta, o facto é que Schonbörn recusou lançar uma contra-reforma imediata contra estes 400 Luteros. E isso diz-me que esta é uma personagem que interessa. Como defendo o fim do celibato obrigatório na Igreja que me baptizou, só posso ficar contente com a ambiguidade de Schonbörn. E, acima de tudo, só posso estar contente com a presença destes 400 padres austríacos. Afinal de contas, tenho bros de batina na Igreja.

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O Benfica é o D. Sebastião em chuteiras

Henrique Raposo
8:00 Quinta feira, 14 de março de 2013

A TV do Glorioso tem um segmento espiritual que faz lembrar a literatura de auto-ajuda. É sobre a mística, e está cheio de vozes que cantam as habituais loas: "o Benfica é o maior", blá-blá, "isto nasce connosco", pois, pois, "nós sentimos de maneira diferente", ui, ui, "a mística não se explica". Em todo o seu esplendor, ali está o sebastianismo que deu cabo do Benfica. Perdido o império real (início anos 90), os benfiquistas refugiaram-se nesta espécie de Quinto Império com cachecol, gorro e almofadinha pra bola. Em vez de enfrentarmos as fraquezas concretas do clube, inventámos uma grandeza sebastianista que invoca um direito divino à vitória. Somos os maiores, porque sim, porque sentimos de maneira diferente, porque, ora essa, a mística não se explica, é uma chama eterna.
Nos anos negros, andámos num corrupio de treinadores, porque pensávamos que bastava trocar de míster para que a grandeza regressasse. A mística, essa força que escapa ao entendimento, ao trabalho e ao mérito, só precisava de um intérprete que falasse sebastianês. Se encontrássemos o treinador certo, a mística desceria das brumas e entraria no campo através do corpo do treinador escolhido. Com um "treinador em condições" voltaríamos a ultrapassar o Porto, "este ano é que é, este gajo novo é que sabe, o Porto está lixado". O efeito final deste rodopio foi a eleição de um bandido para a presidência. Mas, verdade seja dita, a paranóia sebastianista não terminou com a saída de Vale e Azevedo. Trocámos Mourinho por Toni. Porquê? Ao que parece, Toni era um D. Sebastião de bigodinho; o génio que hoje assombra a Pérsia tinha a magia inexplicável da "chama imensa" e, por isso, desprezámos a competência de Mourinho. E há mais. No verão de 2007, Vieira despediu Fernando Santos logo após a primeira jornada. No dia seguinte, li coisas como "Camacho vai acordar o Benfica". Parece impossível, mas chegámos a ver D. Sebastião num espanhol.
"A mística não se explica", diz a malta. Lamento, mas não é assim. A mística explica-se, sim senhora. A mística começa num treinador com tempo para pensar e acaba num balneário com históricos. No fundo, a mística precisa de tempo e de trabalho. A nossa mística passou da geração do Eusébio para a geração do Shéu e acabou na geração do Paneira. Quando Artur Jorge despediu os últimos dos moicanos (Paneira, Isaías, etc.), a mística perdeu-se, ou seja, o balneário do Benfica passou a ser uma tabula rasa. Incapazes de compreender esta coisa tão simples, nós não tivemos calma para voltar a construir um balneário. Querem exemplos? Robert Enke chegou a ser capitão com apenas dois anos de clube. Felizmente, o clube recuperou o tino e, hoje, temos um treinador com anos de casa e um plantel com um número aceitável de brasonados. E, mais importante, Maxi, Luisão, Cardozo e Aimar estão a passar o facho a uma nova geração (André Gomes, André Almeida, Matic). Portanto, não me venham com pressas e fezadas sebastianistas. A mística é trabalho.
Da série "O benfiquista terminal"
Lançar OPA sobre jogadores do Sporting

16 comentários:

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