domingo, 10 de fevereiro de 2013

Para o envio de uma força militar à RDC

Para o envio de uma força militar à RDC
SADC aguarda apenas a autorização da ONU
- Somente três dos 14 chefes de Estado e do Governo dos países da SADC estiveram em Maputo
Maputo (Canalmoz) - A capital moçambicana, Maputo, foi palco, na sexta-feira passada, de uma Cimeira Extraordinário dos Chefes de Estado e do Governo da Comunidade dos Países para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), cuja agenda única foi o conflito armado na República Democrática do Congo (RDC).
Trata-se de uma cimeira convocada pelo chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, na qualidade de presidente em exercício da SADC e que tinha como único ponto de agenda analisar a actual situação política na República Democrático de Gongo (RDC), face ao agravamento do conflito armado nos últimos dias no leste daquele país membro desta organização, onde os rebeldes do “Movimento 23 de Março”, vulgarmente conhecido por “M23”, têm multiplicado os seus ataques na cidade de Goma.
Com a duração de um dia, a cimeira contou apenas com a presença de três chefes de Estado, nomeadamente: Armando Guebuza, de Moçambique, Jakai Kikueto, da Tanzânia, e Josephe Cabilá, da RDC, e os restantes países estiveram representados pelos seus ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
No final do encontro, os participantes decidiram pôr em marcha o plano de envio de uma força militar à RDC no sentido de restabelecer a paz, segurança e defesa da soberania daquele país considerado como um dos mais ricos a nível do continente africano em termos de abundância de recursos minerais tais como: o ouro, diamantes, petróleo, gás natural, carvão mineral e urânio, e que neste momento está a ser afectado por um prolongado conflito armado envolvendo o governo e o “M23”, que lutam pelo controlo das zonas potencialmente ricas em recursos.
No encontro da passada sexta-feira, 14 países membros da SADC voltaram a defender a necessidade urgente de cada país membro enviar uma força militar para lutar ao lado das forças do governo de Josephe Cabilá, para combater os rebeldes do “M23”, tal como tinha sido aprovado na cimeira realizada em Agosto do ano passado em Maputo.
O referido plano, de acordo com o Secretário Executivo da SADC, o moçambicano Tomaz Salomão, que preconiza o envio de uma força conjunta para RDC tal como é recomendado ao Conselho de Segurança quando se trata deste tipo de situações, já foi submetido à União Africana (UA) e à ONU para sua apreciação e aprovação.
E neste momento, ainda de acordo com o Secretário Executivo da SADC, aguarda-se apenas pela autorização da ONU, uma vez que a UA já deu o seu aval nesse sentido.
“Há necessidade de a ONU autorizar a nossa intervenção militar para que a mesma não seja considerada como uma invasão”, explicou Tomaz Salomão, para depois acrescentar: é por isso que até ao momento ainda não intervimos militarmente apesar de a situação estar a piorar a cada dia que passa na cidade de Goma, onde o “M23” voltou a atacar depois de se ter retirado em Novembro passado.
Todos os países da SADC já manifestaram a sua disponibilidade de apoiar militarmente o governo de Josephe Cabilá no combate aos rebeldes
Questionado pelos órgãos de comunicação social se a SADC já tinha datas do início da intervenção militar, caso a ONU autorizasse imediatamente o pedido, Tomaz Salomão disse que neste momento está a se ultimar os preparativos da operação a nível de cada país membro, uma vez se tratar de um processo complexo em que todos os aspectos devem estar acautelados.
“Num processo desta natureza, há muita coisa que deve ser acautelada antes de se avançar ao terreno”, sublinhou Tomaz Salomão para depois explicar: “tratando-se de uma operação tão complexa como esta em que estão envolvidos militares de diferentes países em que podem perder a vida, há aspectos que devem ser acautelados de modo que se isso vier a acontecer não haja dificuldades na transladação de corpos para terra de origem. Então, são esses tipos detalhes que parecem não ser importantes que neste momento estamos a acertar para que no futuro não sejamos encontrados em contra pé”, sustentou Tomaz Salomão.
Intervenção da SADC visa evitar desastre humano
O chefe de Estado moçambicano disse na sua intervenção durante a cimeira que a intervenção da SADC, na RDC, visa, primeiro, o restabelecimento da paz, segurança e defesa da soberania daquele país membro desta organização e, por outro lado, evitar uma catástrofe humana, dado que a guerra está a deixar muitos cidadãos da RDC sem abrigo, comida e água.
“Como é de conhecimento de todos, as consequências de um conflito armado são nefastas porque para além de destruição de infra-estruturas socioeconómicos, provoca a perda de muitas vidas humanas, daí que a SADC não pode ficar alheio a esta situação”, sublinhou o chefe de Estado moçambicano para depois acrescentar: “então a nossa missão é de garantir que a RDC tenha paz, condição sine qua non para desenvolver a economia e sociedade de qualquer país e que é defendido também por todos membros da SADC e é neste contexto que a presidência moçambicana na SADC tem-se desdobrado na procura de soluções para o restabelecimento da estabilidade política e militar na RDC e na região em geral, explicou o presidente da República de Moçambique.
Refira-se que este é o segundo ano que a SADC reúne em cimeira extraordinário para debater o dossier RDC, dado a sua cumplicidade e o seu impacto negativo na estabilidade da região. (Raimundo Moiane)

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