sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Os meus pequenos olhares a propósito do amadorismo crioulo…



Por Helena Fontes

Praia 18/01/2013

 

“Conseguir o desenvolvimento, o bem-estar que reclamamos não deverá ser resultado do capricho, mas do trabalho de todos nós, da sociedade inteira. Combater a intriga e a maledicência, meios perversos e ilegítimos para atingir objetivos, e que têm feito escola em Cabo Verde. Esses são métodos próprios de medíocres, inimigos da inteligência, do trabalho abnegado, da dedicação”

 

(Daniel Pereira, Historiador, no Fórum Por Amilcar Cabral, sempre! 19/01/2013)
 

A propósito do CAN 2013, da organização, do financiamento para a participação dos Tubarões Azuis e a transmissão em direto dos jogos da seleção, veio à baila a questão do amadorismo e mesmo a calhar!

 

De fato, regra geral @ caboverdian@, faz tudo sob joelhos e de forma reativa.

 

Constato ao longo do meu viver na tapadinha, que há um défice enorme em matéria de planeamento, antevisão/ antecipação, organização, controle e acima de tudo de profissionalismo, em todos os aspetos da vida quer laboral, económico, social e até mesmo familiar.

 

Vejamos, a minha perceção estribando-me a nível das organizações privadas e públicas, assente no meu conhecimento empírico, e não só, pois também possuo alguns conhecimentos académicos sobre a matéria.

 

Há tempos um banco da praça inaugurou a sua sede nacional com toda a pompa e circunstância.

 

Edifício arrojado, “xpto”, inteligente, amigo do ambiente, último grito a nível de arquitectura e engenharia hidráulica e não só.

 

Mas como andam as coisas internamente, quanto à distribuição do espaço, lay-out e condições de trabalho para os que aí labutam, e que dão a cara pela instituição e onde passam pelo menos 1/3 da sua vida diária?

 

Pois é, aqui que a porca torce o rabo! L

 

Antes de mais tenho para mim, que a produtividade depende em grande parte e talvez em 50% das condições de trabalho disponibilizadas, e do ambiente salutar, inteligente e que prime pelo conhecimento e pelo saber, criado acima de tudo pelo dirigente e com o concurso dos colaboradores.

 

Assim, as condições de trabalho a serem criadas depende do conhecimento exacto e técnico do que cada colaborador faz e necessita para o cabal cumprimento das suas tarefas e obrigações laborais. E isto é competência exclusiva (mais uma) de quem tem as funções de direcção, para poder reunir e garantir a criação das condições de trabalho e a disponibilização dos instrumentos de trabalho!

 

Pois...devia!

 

Mas, isso não aconteceu no sítio referido supra, e não acontece, igualmente, na maioria das organizações quer públicas quer privadas, infelizmente!

 

Para ser mais concreta, como se pode “entulhar” e confinar num espaço tão pequeno não mais que 4mX2m, contra todas as regras de segurança laboral, e aqui cadé a Inspeção Geral?, dizia três técnicos superiores, juristas que fazem cobrança de dívidas, sem condições de respeito para o cliente quanto à confidencialidade da sua situação, e tê-lo de se fazer essa tarefa à frente de outras pessoas? Qual o respeito pela dignidade do cliente?

 

O que falhou aqui numa das dimensões do dirigente???? Simples, o planeamento!

 

No entanto, a distribuição do espaço para as chefias, é feita conforme os seus gostos, manias e megalomanias, para que fiquem com a ideia e a perceção que são os que mandam… Tse, tse, tse!

 

Ou seja, exigem espaços bem grandes, grandes secretárias, computadores com écrans maiores, grandes cadeiras giratórias, plasma pendurada na parede, e talvez só falte um frigobar à maneira, para tão só ser caixa de correio, receber mensagens reencaminhá-las, e assinar as notas produzidas pelos escravos, ups…, colaboradores, só para constar formalmente que afinal, é ele o chefe.... Triste gó!

 

E isto não é mera coincidência, é a realidade!!!!

 

E pergunto isso é profissionalismo, ou amadorismo??

 

Pois, pois e isso remete-nos para uma questão recorrente, a saber: o perfil e os critérios de eleição ou nomeação dos chefinhos, chefes e chefões.

 

Eis o busílis da questão!

 

E como contornar esse grave problema de amadorismo na gestão e na direção das organizações????

 

Pois sim, passa pelo menos, e em primeiro lugar, para não se nomear ou eleger com amadorismos, amiguismos e compadrios associados, pessoas sem um pingo de perfil e de provas dadas, para esses lugares-chave.

 

Depois, julgo, que há que se fazer constantemente a monitorização aos que delegamos poderes e a quem confiamos objetivos a cumprir.

 

E, curto e grosso, quem não corresponder à missão deve ser “requalificado” para o lugar certo que lhe é mais adequado de acordo com as suas aptidões, saberes e capacidades.

 

Neste particular, há que se ser sábio e saber colocar a pessoa certa no lugar certo, sem demagogismos, favoritismos, nepotismo e outros ismos que vemos diariamente, por aqui!

 

E nessas situações recorrentes o que acontece quando as coisas dão para o torto, nomeadamente, quando não se cumpre (quase sempre…) com o contrato de gestão e os objetivos??? Simples! A culpa e a incompetência são dos outros…

 

Enfim…

 

Mas, esse status quo tem de acabar!!!! Ora bolas!

 

Temos de ser mais rigorosos, profissionais, primar pela qualidade e sermos exigentes e sérios connosco, e com a organização onde trabalhamos. Também, julgo de sublinhar a importância do respeito pela capacidade e competência dos colaboradores sem se pensar covardemente, que tentam tirar o lugar ou fazer sombra…

 

Acho triste quando deparo-me com chefias que “sacaneiam” de toda a forma e feitio os seus “inferiores hierárquicos”, procurando denegri-los junto às chefias “superiores”, só pelo fato de serem melhores e tentarem fazer o melhor a bem da organização.

 

Enfim, sinais e sintomas de amadorismo e infantilismo profissional que é de se pôr cobro o quanto antes.

 

Afinal amadorismo não combina com desenvolvimento, nem com eficácia, eficiência, efetividade, qualidade e produtividade.

 

Há que dar o salto qualitativo, crescermos como pessoas e civilizarmos os nossos comportamentos e atitudes, em especial, no campo laboral!!!

 

Helena Fontes

/Cidadã atenta/

 
P.S. Estes pequenos olhares vão dedicados diretamente para todos os “chefinhos” da tapadinha, que de chefe só têm o nome... :P

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