Líder da oposição da Tunísia morto a tiro à porta de casa

 

 

 

O líder de um movimento da oposição tunisina, Patriotas Democratas, Chokri Belaid, foi hoje morto a tiro, em Tunes. O Presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, denunciou hoje perante o Parlamento Europeu o "odioso assassínio" do líder da oposição de esquerda e antecipou o regresso ao país.

Marzouki anunciou que vai regressar à Tunísia, logo após a intervenção no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. O líder do Ennahda, partido islâmico no poder na Tunísia, Rached Ghannouchi, também denunciou o assassínio de Chokri Belaid, e considerou que os assassinos querem "um banho de sangue" no país.

"Querem um banho de sangue, mas não vão conseguir", declarou à agência noticiosa francesa AFP. Vários partidos da oposição e sindicatos acusaram as milícias pro-islamitas de orquestrar confrontos ou ataques contra opositores ou sedes partidárias ou sindicais.

Em declarações à à rádio Mosaique, a mulher de Chokri Belaid confirmou que o marido foi atingido por duas balas quando saia de casa. O irmão de Chokri Belaid, Abdelmajid Belaid, acusou de imediato o partido fundamentalista islâmico Ennahda, que lidera o Governo tunisino, de ser responsável pela morte.

Chokri Belaid, figura da oposição de esquerda e crítico do atual Governo tunisino, tinha aderido a uma coligação de partidos, a Frente Popular, que se apresenta como uma alternativa ao poder instituído.

O primeiro-ministro tunisino, Hamadi Jebali, do Ennahda, classificou o assassínio como um "ato de terrorismo" contra a Tunísia. "É um ato criminoso, um ato de terrorismo, não apenas contra Belaid, mas contra toda a Tunísia", declarou à rádio Mosaique, prometendo fazer tudo para que o assassino seja detido rapidamente.

"O povo tunisino não está habituado a este tipo de coisas, é uma viragem grave (...) o nosso dever, de todos, enquanto Governo e enquanto povo, é mostrar sabedoria e não cair na armadilha do criminoso, que visa mergulhar o país na desordem", declarou.

Chokri Belaid foi morto com três balas, disparadas à queima-roupa por um homem que usava um manto tradicional, em lã, com um capuz pontiagudo.

Atualmente, a Tunísia assiste a um aumento da violência, alimentada pelo descontentamento político e social, mais de dois anos depois da chamada "primavera árabe" e que levou à deposição do antigo ditador Zine El Abidine Ben Ali.

Vários partidos da oposição e sindicatos acusaram as milícias pro-islamitas de orquestrar confrontos ou ataques contra opositores ou sedes partidárias ou sindicais.

Milhares em protesto

Milhares de pessoas estão concentradas em frente ao Ministério do Interior em Tunes a protestar contra o homicídio do opositor Chokri Belaid, de acordo com a agência noticiosa francesa AFP.

Os manifestantes gritam palavras de ordem contra o partido islamita Ennahda, no poder, e cantavam o hino tunisino, na avenida Habib Bourguiba, um dos locais emblemáticos da revolta popular de 2011.

Em Mezzouna, perto de Sidi Bouzid, em Gafsa, no centro do país, manifestantes atacaram e incendiaram escritórios do Ennahda.

Em Sidi Bouzid, Kasserine, Béja e Bizerte, centenas de pessoas saíram à rua para denunciar o homicídio de Chokri Belaid.

Holland condena o assassínio

O Presidente de França, François Hollande, condenou "com a maior firmeza" o assassínio de Belaid e expressou a preocupação de Paris perante "o aumento da violência política" na Tunísia, de acordo com um comunicado do palácio do Eliseu.

"Este homicídio priva a Tunísia de uma das vozes mais corajosas e mais livre", acrescentou Hollande.

Com Lusa

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