sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Israel impõe controlo da natalidade a judeus etíopes

 

Pela primeira vez, Israel admitiu que tem estado a administrar contracetivos injetáveis para controlo da natalidade a judias etíopes imigrantes, sem o conhecimento prévio ou consentimento das mulheres.
Maria Luiza Rolim
Até 2014, os últimos judeus etíopes que ainda vivem na Etiópia deverão estar em Israel
Até 2014, os últimos judeus etíopes que ainda vivem na Etiópia deverão estar em Israel
Getty Images
Judeus etíopes em Gondar, Etiópia, vêm a data agendada para serem levados para IsraelGetty Images Judeus etíopes em Gondar, Etiópia, vêm a data agendada para serem levados para Israel
Depois de ter negado durante anos que estivesse a fazer o controlo da natalidade a judias etíopes imigrantes, sem o conhecimento prévio ou consentimento dessas mulheres, o Governo israelita acabou por admitir que isso era, de facto, uma prática corrente.
As suspeitas, agora confirmadas, foram levantadas há seis meses por uma jornalista, Gal Gabbay, que entrevistou 35 mulheres vindas da Etiópia, numa reportagem televisiva.
De acordo com o jornal "The Independent", que cita uma reportagem publicada no passado sábado pelo "Haaretz" (diário israelita), a droga em questão é o Depo-Provera, contracetivo hormonal de longa-duração considerado muito eficaz, o qual é injetado a cada três meses.

Ministério da Saúde manda suspender a prática


O diretor-geral da Saúde israelita, Ron Gamzu, já ordenou aos ginecologistas que deixassem de aplicar essas drogas contracetivas a mulheres falashas, judias que viviam na Etiópia e foram levadas para Israel no âmbito da Operação Dove's Wings (Asas de Pomba).
Numa carta enviada pelo ministério da saúde aos centros de saúde que administram as drogas, a que o jornal israelita teve acesso, Gamzu orientava os médicos a "não renovar as prescrições de Depo-Provera para mulheres de origem etíope se, por alguma razão, houver indícios de que elas não compreendem as consequências do tratamento".
A decisão foi tomada na sequência de um pedido da advogada Sharona Eliahu-Chai, da Associação de Direitos Civis de Israel, em nome das mulheres e dos grupos de imigrantes etíopes. Essa ONG defendeu a abertura de uma investigação sobre a administração de drogas contracetivas sem o conhecimento prévio, por parte das mulheres em questão, dos seus efeitos.
De acordo com Eliahu-Chai, o caso "é extremamente preocupante e levanta questões sobre o perigo de políticas de saúde com implicações racistas e que violam a ética médica".
O Governo de Israel está a ser acusado de "esterilização forçada" e poderá vir a responder por violação de convenções da ONU .

Taxas de natalidade dos judeus etíopes caíram drasticamente


Segundo o "Haaretz", a jornalista de investigação Gal Gabbay entrevistou 35 mulheres vindas da Etiópia, numa reportagem para a televisão, para descobrir por que as taxas de natalidade dessa comunidade de imigrantes caíram tão drasticamente.
Gabbay disse que pelo menos 40% das judias etíopes receberam Depo-Provera.
De acordo com a reportagem, algumas mulheres foram forçadas ou coagidas a receber as injeções em campos de refugiados para imigrantes etíopes.
"Diziam-nos (a equipa médica) que eram vacinas. Nós fazíamos essa medicação a cada três meses, apesar da nossa oposição", afirmou uma das entrevistadas.
Desde a década de 80, quase 100 mil etíopes mudaram-se para Israel ao abrigo da Lei do Retorno, depois de terem sido reconhecidos como judeus. O seu judaísmo, porém, tem sido questionado por alguns rabinos.
Recorde-se que em 2012 - ano em que o Governo israelita começou a Operação Dove's Wings, destinada a levar para Israel os últimos 2200 falashas que ainda vivem na Etiópia - , o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a entrada de imigrantes ilegais procedentes de país africanos "muda a configuração da população e rouba postos de trabalho aos israelitas", pelo que, considera, "ameaça alterar o carácter judaico e democrático do Estado".
"Temos de travar as imigrações ilegais para proteger o nosso futuro", concluiu Netanyahu durante uma conferência na cidade de Eilat, no sul de Israel, depois de visitar a cerca que o Exército israelita está a levantar na fronteira com o Egito.
A cerca de arame farpado que está a ser levantada entre Israel e o Egito, para evitar a entrada de imigrantes e mercadorias ilegais procedentes de África, terá 5 metros de altura e 230 quilómetros de extensão, devendo ficar concluída dentro de dois meses.



1 comentário:

Anónimo disse...

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