quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

SOBRE UM ASSASSINATO NA MEMÓRIA DE SÉRGIO VIEIRA

 
Por Barnabé Lucas Ncomo
A tese defendida por Sérgio Vieira no livro, “Participei, por isso testemunho”, sobre a morte de Eduardo Mondlane (pp 257-259) não é nova. Havia sido publicada no jornal DOMINGO nº 1412 de 8/2/2009, e não condiz com os factos apurados pela Polícia de Investigação Criminal tanzaniana (CID). Na altura, havíamos demonstrado em extenso artigo no ZAMBEZE (19/2/09, pp.4,5) que Vieira manipulava os factos em torno dessa morte. Hoje, volvidos um ano e poucos meses voltamos ao assunto porque importa dissipar alguns equívocos, uma vez que Vieira insiste na sua ofensa a inteligência dos moçambicanos no geral.
Songea ou Mbeya?
Em face do que se demonstrou no ZAMBEZE acima citado em relação a inviabilidade da fronteira de Songea para acções de clandestinidade da FRELIMO (entre o Malawi e a Tanzania), comparativamente a de Mbeya, num descuido que caracteriza muita má-fé, o autor do “Participei, por isso testemunho” reformula agora o seu texto inicial e, no lugar de escrever que “Orlando Cristina pediu ao Padre Pollet, que ia para Songea, que levasse o embrulho para essa fronteira...” conforme fê-lo no jornal DOMINGO acima citado, afirma agora no livro que “Orlando Cristina pediu ao Padre Pollet, que ia a Tanzania, que levasse o embrulho para a fronteira...”. Só que o descuido levou-o a não dar conta que o sentido inicial do texto continua inalterado no livro, pois nele afirma-se que o embrulho contendo o livro-bomba teria sido entregue por Orlando Cristina ao padre Pollet no Consulado de Portugal no Malawi, e que este clérigo depois a entregou a Samuel Rodrigues Dhlakama que com ele se encontrou “na fronteira de Songea”!
O erro de Vieira terá sido o de efectuar o “copy and past” antes de concluir a fuga para trás.



Invenção de factos
Chegado a Dar-es-Salam – afirma o autor do livro –“Samuel Rodrigues Dhlakama telefonou a Nhungu, que lhe marcou um encontro num quarto de hotel (não me recordo o nome) que ficava junto à representação do MPLA em Dar-es-Salaam. Dhlakama entregou o embrulho a Nhungu, que estava acompanhado por Simango.”
Afirma ainda Vieira (na página 259) que “Simango reconheceu os factos, embora tivesse declarado ao CC em Abril de 1969, que ignorava o conteúdo do embrulho entregue a Silvério Nhungu, na sua presença, no hotel.” Na página 261, porém, Vieira afirma ainda que “Simango, ao fim de três dias de sessão do CC, confessou que soubera da organização do assassinato de Mondlane, mas que não participara.
Surpreendentemente, embora o autor do “Participei, por isso testemunho” não escreva agora que “Simango e seus colaboradores reconheceram os factos...”, como fê-lo no jornal DOMINGO acima citado, não deixa de ser clara a sua intenção em continuar a implicar o Rev. Uria Simango e Silvério Nungu no assassinato de Mondlane. Vieira apenas afunila agora a lista dos seus acusados e escreve, na página 258:
De nenhum modo se pode afirmar que o padre Pollet, com quem ainda falei do assassinato de Mondlane, conhecesse o conteúdo e o objectivo do embrulho. Ele mencionou-me que Cristina lho entregara e o remetera a Samuel Rodrigues Dhlakama, que encontrara por acaso. Igualmente nunca se encontrara quaisquer dados sobre o envolvimento do cônsul Jaime Pombeiro de Sousa, que dirigia o consulado em Blantyre. (…). Samuel Dhlakama sempre insistiu nos depoimentos de que o pacote entregue a Nhungu lhe parecia muito maior do que a dum simples livro, ainda que volumoso. Pessoalmente, Samuel Dhlakama e Rosária, além de outras pessoas, confirmaram vários destes factos e a comissão de inquérito, que eu dirigi, constatou, por unanimidade, não haver qualquer indício que apontasse para o facto de eles não haverem agido de boa fé ou conhecessem o conteúdo do pacote antes do desfecho fatal, embora houvessem transmitido, depois dos eventos, suspeitas sobre o acontecido. A comissão considerou-os livres de qualquer suspeita e inocentes”.
Não obstante a “confissão” de Simango a que o autor se refere, e que terá sido feita perante a referida sessão do Comité Central, Simango continuou como membro da FRELIMO, inclusivamente como o coordenador principal do Conselho da Presidência que incluía Samora Machel e Marcelino dos Santos. A FRELIMO, recorde-se, só viria a expulsá-lo das suas fileiras em Maio de 1970, não pela razão da “confissão” em si, mas por ter denunciado, publicamente, através do documento “Situação Sombria na FRELIMO”, os desmandos que grassavam no movimento.
O que os documentos dizem:
De acordo com um documento “SECRETO” do Departamento de Estado Americano (Doc. 1) o oficial da CID tanzaniana, de nome Manikam, em conversa informal com um diplomata da Embaixada dos Estados Unidos em Dar-es-Salam no dia 12 de Fevereiro de 1969, forneceu uma série de detalhes e suposições adicionais sobre a morte de Mondlane. Manikam, que integrava a equipa de investigadores da CID envolvida no caso, declarou ao diplomata que “o vice-presidente da FRELIMO, Simango, lembra-se de ter rasgado parcialmente o papel que embrulhava o livro para ver o título. Quando descobriu que estava escrito em francês, língua que não sabia ler, voltou a colocar o papel de embrulho no lugar, doutro modo ele próprio teria aberto o livro.”
Esta revelação do oficial da CID da Tanzânia contraria a versão apresentada pelo autor de “Participei, por isso testemunho”. Na altura em que Mondlane morreu, o autor não se encontrava na Tanzânia. Se, de facto, Simango sabia da organização do assassinato de Mondlane, não faz sentido que tanto ele como Nungu circulassem, a vontade, no escritório da FRELIMO quando a encomenda-bomba lá se encontrava, pois se Mondlane aparecesse, o mais provável era ele abrir o embrulho causando assim a morte dos demais que lá estivessem. E não deixa de ser estranho que indivíduos como Simango e Nungu, a ocuparem cargos superiores de grande responsabilidade na FRELIMO, procedessem como Vieira imagina. Nada lhes custava deixar a encomenda-bomba por cima da secretária de Mondlane e, volta e meia, inventarem uma missão que lhes permitisse ausentar-se de Dar-es-Salam até que se confirmasse a morte do presidente (e, quiça, doutros da chamada “linha correcta” que eventualmente lhes davam dores de cabeça). Pois, com a encomenda sobre a sua secretária, mais dias ou menos dias Mondlane acabaria sempre por abri-la!
Além disso, tendo Simango presenciado a entrega da encomenda-bomba num quarto de hotel, como diz o autor, e depois “confessado” em reunião do Comité Central que soubera da organização do crime, como se explica que ele tivesse ido ao ponto de rasgar o papel que embrulhava a encomenda?
De acordo com um outro documento “SECRETO” do Departamento de Estado norte-americano (Doc. 2), a 24 de Março de 1969, um oficial da CID tanzaniana teve um encontro com Thomas R. Pickering, adjunto do embaixador dos Estados Unidos em Dar-es-Salam, a quem revelou que “havia sido encontrado um terceiro livro-bomba endereçado a Uria Simango, Presidente em Exercício da FRELIMO que se encontrava de visita a Nachingwea”. Como é que se justifica o envolvimento dum homem que ao que tudo indica, era igualmente visado pelos assassinos de Mondlane?
Diz ainda Sérgio Vieira no seu livro de memórias, referindo-se à encomenda-bomba, que esta “tratava-se de um volume, com a forma de um livro, embrulhado sobre a forma de pacote postal, com selos soviéticos e tanzanianos, e endereçado a Mondlane.”
De acordo com Manikam, citado no documento “SECRETO” do Departamento de Estado (Doc. 1), o embrulho continha o nome de Mondlane e o endereço da sede da FRELIMO escrito em inglês e franquias postais soviéticas de Moscovo.” Ou seja, Manikam não mencionou “os selos soviéticos e tanzanianos” a que o autor de “Participei, por isso testemunho” alega terem sido afixados à encomenda. A encomenda apenas continha “franquias postais soviéticas”, e não selos. E o autor não explica aos leitores como é que uma encomenda proveniente de Moscovo teria de conter selos tanzanianos.
Casimiro Monteiro
É preciso ir para além do que Vieira propala gratuitamente para desvendar alguns factos capazes de dar uma luz do que efectivamente se terá passado. No ponto 4 do documento que temos vindo a citar, afirma-se que “A polícia recuperou o papel de embrulho e um pedaço de fio que, segundo as testemunhas, envolviam o livro. Segundo se escreve ainda nesse documento, “Manikam acreditava que o papel de embrulho que envolvia o livro havia inicialmente servido para envolver material soviético enviado da URSS para a sede da FRELIMO, tendo aqui sido recuperado e voltado a ser usado”.
Por outras palavras, Manikan dava uma pista interessante que não se podia descurar naquela investigação. A bomba podia muito bem ter sido montada por um especialista dentro do próprio território tanzaniano, e sido usado um papel de embrulho então disponível casualmente nos próprios escritórios-sede da FRELIMO na Tanzania. Tal foi a suspeita da polícia que começou-se a pensar em vasculhar alguns armazéns da Frelimo, pois no ponto 5 do mesmo documento escreve-se:
Pelo menos três pessoas com conhecimentos de explosivos identificaram partes do detonador como sendo de um engenho militar. Manikam espera ir brevemente a Mtwara para examinar os detonadores que se encontram disponíveis nos estoques da Frelimo nessa localidade. “Especialistas” em explosivos disseram aos tanzanianos que a (carga?) era provavelmente um pequeno bloco de explosivo de plástico de cerca de 6x4x ¾ de polegada”.
Recentemente, num programa televisivo da RTP (A Guerra, de Joaquim Furtado, capitulo 13), José Monteiro, filho de Casimiro Monteiro, o homem que se supõe ter sido o especialista que montou a bomba que matou Mondlane, afirma que o pai deslocou-se pessoalmente a Tanzania para efectuar a operação. Havia preparado cinco bombas para cada um dos dirigentes máximos da FRELIMO. Todavia, por ordens superiores, Monteiro acabaria levando consigo apenas uma, que mataria Mondlane. Segundo ainda José Monteiro, Casimiro introduziu essa bomba nos escritórios-sede da FRELIMO com o apoio de alguém ligado ao movimento, usando-se um saco de viagem para o efeito. A ser verdade isto, a teoria da trajectória da bomba de Vieira fica seriamente chamuscado.
E mesmo que os detractores de Simango ou Nungu imaginem que Casimiro Monteiro teve-os como directos colaboradores durante a sua estada em Dar-es-Salam – já que invocar nomes como o de Joaquim Chissano como recentemente o fez um ex-PIDE não passaria duma “provocação” aos olhos dos defensores da “linha correcta”, e uma vez que Chissano era um dos santos da casa” – essa imaginação, em si, dificilmente resistiria a um teste de coerência, pois tanto Simango, Nungu, ou mesmo Chissano se quisermos, tinham muita forma de conduzir a bomba para a casa do próprio Mondlane, e não aos escritórios-sede onde eles próprios corriam o risco de morrerem ou sairem feridos caso um incauto, muito curioso – e havia muitos na FRELIMO, diga-se de passagem – mexesse com o embrulho como exactamente viria a acontecer com Vicente Saide a 23 de Junho de 1970, a quem lhe explodiu dentro da sede da FRELIMO uma outra encomenda-bomba nas mãos, que lhe deceparia os membros superiores e cegando-o. Certamente que não foi por amor a Janet Mondlane e aos filhos do casal que os assassinos evitaram mandar a encomenda-bomba para a residência do presidente. Sabiam onde se podia apanhar a “corja toda” com uma única cajadada!
A desonestidade do autor
Pouco antes da sua morte, o conceituado escritor moçambicano José Craveirinha, com uma certa ironia, havia caracterizado o autor do “Participei, por isso testemunho” como “simplesmente um bom nadador” que dificilmente se afundava. Era suposto então que nos trouxesse em forma de livro teorias que não afundam, e não um conjunto de mentiras sistematizados atabalhoadamente. A tese da trajectória da encomenda-bomba de Vieira não colhe por muitas outras razões, dentre as quais o seguinte:
1. O padre Pollet havia sido expulso do território moçambicano na sequência da sua simpatia com o movimento de libertação de Moçambique. Era um inimigo declarado da PIDE e dificilmente aquela polícia política podia confiar-lhe o transporte duma encomenda tão sensivel, como uma bomba para matar Mondlane. Para além do padre Pollet ter poucos motivos para frequentar um Consulado dum país que acabava de expulsá-lo, nem sequer era parvo para não desconfiar de Cristina e dum volumoso embrulho entregue num Consulado que representava o regime que os destinatários da encomenda combatiam de armas na mão.
2. Sérgio Vieira não estava no território tanzaniano aquando da morte de Mondlane, pois havia sito preso pelas autoridades tanzanianas e expulso daquele país em Junho de 1968 por suspeita de colaboração com a PIDE. Só regressaria ao território tanzaniano em 1971 depois de Marcelino dos Santos ter, efectivamente, tomado e consolidado o poder.
3. As maldosas afirmações de Vieira no que concerne a “confissão” de Simango lançam a ideia de que os seus camaradas então membros do Comité Central, reunidos em Abril de 1969, eram um bando de doidos varridos muito embriagados, pois, só um grupo de desiquilibrados mentais permitiria a manutenção num cargo superior dum membro seu que confessasse ter tido conhecimento do plano do assassinato do seu presidente sem, contudo, que provasse o que fez para evitar a consumação do crime. Para só vir a expulsá-lo um ano depois por um motivo completamente diferente!
4. Quando o autor do livro escreve que “Samuel Dhlakama sempre insistiu nos depoimentos de que o pacote entregue a Nhungu lhe parecia muito maior do que a dum simples livro, ainda que volumoso...”, e que ele (Dhlakama) e Rosária confirmaram isso, está a mentir grosseiramente. Vieira quer agora vender a ideia de que as outras duas encomendas-bombas então desactivadas pela policia tanzaniana chegaram no mesmo embrulho com a que exlodiu no colo de Mondlane, cabendo a alguém (certamente a Nungu ou Simango – imagina cabeça do autor) a missão de separá-las dentro do território tanzaniano. Ora, isso também não pode colher porque Rosária não assistiu o acto da entrega do “embrulho maior” à Nungu no hotel conforme afirma o próprio Vieira. Rosária não podia então confirmar que “o pacote entregue a Nhungu lhe parecia muito maior do que a dum simples livro, ainda que volumoso”, pois apenas viu e entregou um único pacote que se suspeita ter sido do livro que explodiu no colo de Mondlane. Este – supõe-se – embrulhava um livro do tamanho mais ou menos idéntico ao do livro do próprio Vieira, com cerca de 800 páginas e em nada “parecia muito maior, ainda que volumoso”!
5. Jamais existiu uma Comissão de Inquérito na FRELIMO logo depois do assassinato do presidente, pois a FRELIMO confiava plenamente nos serviços da polícia tanzaniana. A ter existido uma Comissão de Inquérito que ouviu Samuel Dhlakama sobre a morte de Mondlane conforme escreve Vieira na página 258 do seu livro, essa comissão só pode ter sido montada as pressas 10 anos depois da morte de Mondlane, já no território moçambicano independente, pois o SNASP mandou prender Samuel Dhlakama pouco antes da transladação dos restos mortais dos heróis em Fevereiro de 1979 na sequência duma grande disputa no seio da FRELIMO sobre quem dos sepultados na Tanzania, durante a Luta Armada de Libertação Nacional, devia ser transladado para repousar eternamente no panteão então acabado de construir em Maputo. Fazendo ele parte da comissão encarregue de construção de tal panteão, e da preparação da transladação dos restos mortais de Mondlane e outros, insistentemente, Samuel Dhlakama achava que Jaime Rivaz Sigauke, o primeiro membro do Comité Central a morrer por acção directa do inimigo (contando-se a partir da data da fundação do movimento), devia fazer parte dos heróís a serem transladados para a cripta em Maputo. Para calarem-lhe a boca prenderam-no sob acusação de ter colaborado no assassinato de Mondlane. Isto acabaria por levantar alguma bronca e mal-estar entre alguns membros e simpatizantes da FRELIMO. Chateado com a acção, o tanzaniano coronel Ali Mahfud (então residente em Maputo), que no dia 3 de Fevereiro de 1969 participou activamente nas primeiras investigações no terreno logo depois do deflagrar da bomba que matou Mondlane, acabou por procurar Samora para lhe dizer algumas verdades amargas na cara, tendo até proferido ameaças que, de certa forma, viriam a impedir que Dhlakama acabasse morto na cadeia, pois já os esbirros à mando da “Ponta Vermelha” afiavam as facas!
Sobre a Presidência Interina
Na verdade, o autor do livro brinca mal com coisas sérias. Insulta até a inteligência dos membros da própria FRELIMO de hoje. Em nenhum momento Uria Simango proclamou-se, as pressas, Presidente Interino depois da morte de Eduardo Mondlane como o afirma Vieira na págima 259 do seu livro. A Sessão Extraordinária do Comité Executivo reunida a 11 de Fevereiro de 1969, na sequência da morte do presidente, decidiu, ela própria, que Simango era o Presidente em Exercício em cumprimento do artigo 40 de Regulamento Geral Interno da própria FRELIMO, que rezava, e de forma inequívoca, que “o Vice-Presidente é o substituto legal do Presidente”. Se jamais existiu nos Estatutos da FRELIMO a figura de Presidente Interino conforme escreve Vieira nas suas memórias, muito menos o figurino de Colégio Presidencial, então imposto sob fortes ameaças e intimidações à todos, se previa documentalmente tanto nos Estatutos como no Regulamento Geral Interno do movimento que aqui se alude. Esse regulamento fixava em detalhe as normas de funcionamento da FRELIMO. Havia sido elaborado pelo Comité Central, aprovado pelo Conselho Nacional e ratificado pelo II Congresso do movimento em Matchedje. A ter existido um bandido que violou a norma então estabelecida por três órgãos do movimento, certamente que o bandido não se chamaria Uria Simango, quando muito “linha correcta”!
Nota do autor: Os dois documentos citados neste artigo são da colecção do autor do livro Mozambique:The Tourtuous Road to Democracy. Foram obtidos no âmbito da politica americana do direito a informação (Freedom of Information Act) e são igualemente citados várias vezes na obra do autor deste artigo, Uria Simango-Um homem, uma causa.
Veja aqui os documentos a que o texto se refere:
Download Eduardo Mondlane DOC 1
Download Eduardo Mondlane DOC 2

2 comentários:

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