terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Primeiro dia da greve dos médicos com adesão de cerca de 90%

 
Governo não cede e assim faz com que o caos se tenha instalado na maior unidade hospitalar do país e nas diversas unidades de referência em Maputo. A direcção do Hospital Central de Maputo (HCM) recorreu a médicos militares para minimizar a confusão que se instalou na maior unidade hospitalar do País.
Governo limita-se apenas a apelos como única forma de convencer os médicos a voltarem ao trabalho. A Televisão de Moçambique (TVM) está a tentar de tudo para desacreditar a causa dos médicos e desdobrou-se ontem em entrevistas a directores provinciais leais ao regime que não aderiram à greve.
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Maputo (Canalmoz) – O esperado aconteceu. Depois de durante largos meses terem andado a dialogar com o Governo que se fez sempre surdo e mudo, os médicos moçambicanos afectos às unidades sanitárias do sector público no País iniciaram ontem, segunda-feira, a anunciada greve em que consegiram uma adesão de mais de 90% da classe em todo o país, até mesmo nos distritos.
Os médicos revindicando ao aumento salarial que os equipare a outros quadros com formação superior de outros sectores do Estado e equivalente melhoria das condições de trabalho, designadamente condições que lhes permita assegurar no dia-a-dia melhores serviços ao público.
O Governo que esbanja dinheiro em futilidades e na sua própria auto-promoção e conforto, apenas mantém a sua propaganda contra a greve dos médicos e vai continuando a alegar que não tem dinheiro para satisfazer as reivindicações dos médicos.
Os médicos querem apenas um salário que lhes permita enfrentar com o mínimo de dignidade o custo de vida elevado e que lhes permita essencialmente pagar uma renda de casa condigna.
Os médicos exigem ainda uma melhoria significativa das suas condições de trabalho que lhes permita em consequência passarem a prestar um melhor serviço ao público.
No primeiro dia de grave, a situação em algumas unidades sanitárias da cidade de Maputo visitadas pela Reportagem do Canalmoz era a esperada: longas filas e muitas horas de espera. Afinal, a maior parte dos médicos não foi ao trabalho. No Hospital Central de Maputo e Geral de Mavalane, por exemplo, sentiu-se o efeito da greve. Aliás, foi no HCM, a maior unidade sanitária do País, onde a greve teve maior impacto, visto que a maioria dos médicos aderiu à greve.
Governo recorre a militares para minimizar o caos no HCM
Para poder garantir os serviços mínimos nas urgências e nos outros sectores cuja vida dos doentes requer a presença permanente de médicos especialistas, o Governo teve que recorrer aos médicos do Hospital Militar, dado que já havia doentes com mais de cinco horas de tempo à espera de serem atendidos.
O mais estranho da greve é o optimismo forçado do ministro da Saúde, Alexandre Manguele. Apesar de ser visível o impacto da greve, o ministro diz que “a situação está controlada uma vez que todos os médicos especialistas não aderiram à grave”.
Enquanto isso a campanha de caça de “bodes expiatórios” continua. Na óptica do Governo, todos são culpados, menos o próprio Governo. Ontem, o ministro voltou a acusar a Associação dos Médicos de Moçambique (AMM) de coagir os médicos estagiários a participarem da greve.
Alexandre Manguele reuniu-se com a direcção-geral do Hospital Central de Maputo no sentido de avaliar o impacto do primeiro dia de grave. No final do encontro o ministro da Saúde voltou a apelar aos médicos que aderiram à greve para voltarem ao trabalho, uma vez que dão falta. Mas continuou a ignorar as reivindicações dos médicos cuja adesão à greve a nível nacional terá ultrapassado os noventa porcentro.
Pacientes nas filas durante cinco horas
O Canalmoz conversou com uma das pacientes que foram vítimas da arrogância do Governo perante as reivindicações dos médicos. Argentina de Castro disse ao nosso jornal ter chegado ao Hospital Central por voltas das 7:30 horas e até às 11:30 horas, altura em que foi interpelado pela nossa Reportagem, ainda não tinha sido atendida.
“Estou aqui para fazer uma consulta porque estou a sentir-me mal, mas estou a começar a ficar preocupada, uma vez que já passam sensivelmente cinco horas de tempo e ainda não fui atendida e pelo que estou a ver ainda vou ficar mais tempo aqui”, disse.
TVM em campanha pró Governo
Como era de esperar a televisão pública nacional, a TVM, esteve durante todo o dia empenhada a produzir Reportagens em que se tentava desacreditar a causa dos médicos, rotulando de irresponsável a atitude dos grevista.
Em nenhum momento a propaganda na Televisão Pública fez referência às condicções laborais e remuneratórias degradantes que o Governo tem vindo a oferecer aos médicos. Apesar do diálogo que dura há anos e em que os médicos vinham alertando o Governo e a pedir para que fossem revistas as condições nunca foram atendidos. O Governo sempre desprezou os apelos dos médicos.
Desde as primeiras horas até ao telejornal todos os serviços noticiosos da TVM mostravam hospitais provinciais onde as filas de utentes eram enormes. Foram entrevistando directores provinciais que de forma uníssona apelavam aos médicos que retornassem ao trabalho.
De notar que as avalanches de utentes nas unidades de saúde do País ontem, primeiro dia de greve, não foi muito diferentes do habitual em dias normais. Ficou assim provado que o caos existe com ou sem médicos no activo porque a raíz do problema está no desprezo a que o Governo tem votado o sector da Saúde.
Em Tete nenhum médico aceitou aderir à campanha da TVM contra a greve.
Nos distritos os administradores andaram atrás dos médicos na tentativa de os amedrontar e fazer com que furassem a greve.
Caso o Governo não recue na sua posição radical, o caos absoluto acabará por instalar-se.
O Governo acaba de conseguir ver aprovado pela Assembleia da República, onde o partido no poder tem maior qualificada, um orçamento de Estado em que atribui mais dinheiro à Defesa e Segurança, para lutar contra as reivindicações do cidadãos, do que para assegurar melhores serviços do Estado ao público. (Redacção)

1 comentário:

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