domingo, 6 de janeiro de 2013

O Ano Novo da crise síria: Voz da Rússia

4.01.2013, 12:35, hora de Moscou
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Síria, Assembleia Geral, Onu, conflito, governo, oposição
© Colagem: Voz da Rússia

Durante este ano houve quem agourasse várias vezes o fim do atual regime da Síria. Mas Bashar al-Assad preferiu ignorar as profecias, enquanto a oposição procurava levá-las a cabo. Os insurretos têm o apoio por parte de alguns países ocidentais e árabes.

A Rússia dispunha de informações sobre o fornecimento de armas à Síria. Inicialmente, a mídia ocidental punha esta informação em dúvida levando evidentemente a água ao moinho dos inimigos de Assad. Porém, mais tarde ela publicou informações sobre o fornecimento de bazucas, metralhadoras e mísseis antiaéreos portáteis.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia Serguei Lavrov e o antigo chefe do Estado-Maior-General Nikolai Makarov declararam que os oposicionistas sírios dispunham de mísseis antiaéreos portáteis Stinger, de produção americana. No Conselho de Segurança da ONU muitas pessoas continuam a insistir em que, para pôr fim ao conflito da Síria é preciso seguir a via já trilhada. Esta organização por pouco não qualifica a operação líbia como o melhor modelo de regularização de conflitos. Mas Moscou declarou reiteradas vezes que não admitirá a repetição do roteiro líbio. Os vizinhos próximos e longínquos da Síria devem ajudar este país a sair da crise mas eles não têm o direito de determinar o seu futuro, ressaltou o ministro das Relações Exteriores da Rússia Serguei Lavrov. Agora são raros os encontros internacionais em que não se discute este tema.
"São os próprios povos que devem determinar o destino dos seus países. Os jogadores externos devem proceder com o máximo de cuidado, devem estimular o diálogo e renunciar a tentativas de impor as suas próprias receitas. Sob este ponto de vista, a crise líbia e o padrão líbio não representam de maneira alguma um modelo para nós."
A Rússia e a China bloquearam três vezes as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, cujos membros insistiam na aplicação de novas e novas sanções e na intensificação da pressão sobre o presidente Assad. A posição de Moscou e de Pequim continuava inalterada – não se podia admitir uma atitude unilateral e atribuir a culpa pelo derramamento de sangue somente ao poder sírio. Porém, a objeção principal era outra: de acordo com a estimativa dos dois membros permanentes do Conselho de Segurança, os documentos propostos preparavam o terreno para a intervenção militar direta.
A Rússia recorreu ao direito de veto, o que lhe valeu críticas e, inclusive, acusações de protelação do conflito e de apoio a Assad. “Por que razão apoia a Rússia um regime sanguinário?” Esta questão, dirigida a Moscou, foi feita reiteradas vezes. Moscou respondeu também reiteradas vezes. O presidente Vladimir Putin explicou novamente na sua conferência de imprensa do fim do ano que a Rússia está preocupada não com o destino de Assad, mas com o desenrolar de acontecimentos no caso do seu derrubamento.
"Simplesmente não queremos que a oposição de hoje venha a ser o poder e inicie a luta contra o poder de hoje, que ficará então na oposição, e que isto continue eternamente. Estamos interessados, certamente, na posição da Federação Russa nesta região. Porém, o que nos preocupa mais que tudo não são os nossos interesses, que não são tão grandes assim, – é sabido que Assad visitava Paris e outras capitais europeias muito mais frequentemente que Moscou. Somos a favor de uma variante de solução do problema que livre a região e este país do desmoronamento e da incessante guerra civil."
A missão do enviado especial da ONU e da Liga dos Estados Árabes, encarregado da solução do conflito na Síria, consiste em impelir as partes, implicadas no conflito, a encetar o diálogo. Este cargo surgiu em fevereiro de 2012 e foi ocupado pelo antigo secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
O plano elaborado pelo enviado especial da ONU não foi cumprido. Este plano compreende cinco pontos, em particular, a cessação da violência armada por todas as partes, o início de conversações entre as partes em confronto na Síria e a prestação da ajuda humanitária às vítimas. O plano de Kofi Annan foi apoiado unanimemente pelo Conselho de Segurança da ONU.
Ao mesmo tempo, a própria oposição não era coesa. Eram poucos os fatores que uniam os oposicionistas, além da decisão de derrubar Assad. Em resultado, todos que estavam contra ele acabaram por formar a Coalizão Nacional das Forças Revolucionárias e Oposicionistas da Síria. Os EUA, a União Europeia e a Liga dos Estados Árabes já a reconheceram “representante legítimo do povo sírio”. Lakhdar Brahimi, antigo ministro das Relações Exteriores da Argélia, substituiu Kofi Annan no seu posto de enviado especial da ONU na Síria. Ele também reconheceu que os acordos de Genebra não têm alternativa. Todavia, o Ocidente e os países árabes fazem novamente prognósticos a respeito do tempo que Assad pode permanecer no seu posto. Ao mesmo tempo, um número cada vez maior de peritos concorda na opinião de que mesmo no caso da sua saída, a situação no país não será normalizada em breve.

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