quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ex-membros do SISE acusam PGR de abafar seus casos

 
“Para nós há indícios bastantes de corrupção generalizada envolvendo o Ministério dos Combatentes, Ministério do Interior e o SISE e a PGR não se manifestam”, acusam ex-membros do SISE em carta enviada à PGR
Maputo (Canalmoz) – Depois de acusarem o ex-estadista moçambicano, Joaquim Chissano e o actual PR Armando Guebuza, de lhes estarem a desgraçar, os antigos operacionais do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) viraram agora suas baterias para o Ministério dos Combatentes, Ministério do Interior, o próprio SISE e a Procuradoria-Geral da República.
O envolvimento da PGR no caso surge em sequência de uma carta enviada àquela instituição pelos ex-operacionais, solicitando à Procuradoria que mandatasse uma unidade Anti-corrupção para investigar o caso.
Os ex-operacionais reclamam o facto de em 2004 terem sido chamados pelo presidente da República Armando Guebuza, aquando da sua subida ao poder para o quartel da CMO (Escola de Condutores Militares) sem uma explicação clara e para oito anos depois receberem a informação do director nacional de assistência social do Ministério dos Combatentes, segundo a qual deviam regressar para as respectivas casas onde deviam aguardar pelas pensões.“Rejeitamos essa medida porque não fomos chamados para tratar da pensão, mas, sim, prometeram-nos dinheiro resultante do nosso contributo na defesa da independência, integridade territorial e soberania nacional”, lê-se na carta.
A outra questão que levou a que pedissem a intervenção da instituição dirigida por Augusto Paulino prende-se com o facto de o Ministério do Interior ter gasto muito dinheiro com pessoal médico e outros que estiveram envolvidos no processo de inspecção médica, custeado mais de 4 centenas de homens em Matalane durante 3 meses de reciclagem (uniforme, alimentação o e subsídio de treino), para no fim dizerem que não há reintegração nem compensação.
“Quer dizer, há dinheiro para gastar com despesas supérfluas, não planificadas e nem aprovadas pela Assembleia da República e não há dinheiro para pagar aos homens que deram tudo de si e sua juventude em defesa da pátria, dos dirigentes e governantes durante todo o conflito armado?”, indagam na carta enviada ao PGR.
“Desde que a carta foi depositada na PGR no dia 30 de Março de 2012, nem água vem, nem água vai. A instituição não se manifesta”, acusam os seus autores.
Em conversa telefónica com a Assessora Jurídica da PGR, a pessoa que recebeu ordens do PGR para tratar do assunto, confirmou ter recebido a carta, mas disse que o assunto ainda está em andamento, uma vez que envolve várias instituições e que mais não podia dizer porque se encontrava de férias. Entretanto encaminhou-nos ao Gabinete de Comunicação da PGR, onde nada de novo nos foi dito. Apenas voltaram a confirmar que a carta realmente deu entrada.
Aquele gabinete da PGR, através do seu assistente, Joaquim Lemos, prometeu-nos que entraria em contacto com a assessora do PGR com intuito de recolher dados. Prometeu ligar-nos logo que possível. Já lá se vão 7 dias que a nossa equipa espera pela chamada de esclarecimento deste caso.
“O caso tem contornos políticos”
Entramos novamente em contacto com Joaquim Lemos que nos disse que a assessora jurídica não se mostrou disponível para falar à nossa reportagem. “Acabo de falar com o director do Gabinete do PGR, e diz que o processo está em andamento, para além de que assumiu contornos políticos”. Assim sendo, segundo Lemos, só podemos tratar do assunto com a assessora jurídica. Lavaram todos as mãos e o caso continua sem esclarecimentos tendendo para um dia destes a situação se agravar por falta de diálogo com quem tem as preocupações manifestadas por escrito e até agora sem qualquer resposta.
Em conversa com os ex-membros da Segurança do Estado ficámos a saber que Mateus Kida e Luís Mondlane, ministro dos Combatentes e do Interior, respectivamente, estiveram directamente ligados ao processo de reciclagem dos ex-SISE e suspeitam os interessados que o valor que lhes é devido e foi prometido não foi aprovado pela AR e agora está nesta situação. (André Mulungo)

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