quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cidade de Chókwè fustigada pelas cheias

Cidade de Chókwè fustigada pelas cheias

Chokwe-cheias-01x13x625x230Desde a madrugada de ontem.
Nas próximas 24 horas, as cidades de Chibuto e Xai-Xai poderão também ficar inundadas. A direcção Nacional das Águas avisa para a saída de todas as pessoas que se encontram nas zonas do baixo Limpopo. As populações de Chókwè já se encontram refugiadas em Xihaquelane e na vila sede da Macia, distrito do Bilene... para já, ainda não há informações oficiais, mas já há relatos de vítimas mortais.
O distrito de Chókwè já está a ser fustigado pelas cheias, desde as primeiras horas de ontem, quarta-feira. Casas inundadas, estabelecimentos comerciais afectados e circulação comprometida caracterizavam o drama.
Até ao meio dia, a água estava na altura das janelas de algumas casas, ao mesmo tempo que algumas (casas) já estavam totalmente submersas. As estradas estavam intransitáveis. Todos os estabelecimentos comerciais afectados, serviços encerrados, nada funcionava.
A circulação era feita através de barquinhos do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
Toda a população teve que se refugiar nas zonas mais seguras. O povoado de Xihaquelane, a sensivelmente 40 quilómetros da cidade de Chókwè, foi um dos pontos escolhidos. O INGC fixou no local um centro de acomodação temporário.
Mas a maioria das populações preferiu fazer 60 quilómetros para a vila sede da Macia, no distrito de Bilene, local que oferece melhores condições de segurança, tanto de ponto de vista de bens e serviços, como de acomodação.
Até ao fecho desta edição, não havia ainda nenhuma informação oficial sobre a situação da cidade de Chókwè, mas, dados em nosso poder, indicavam que pelo menos duas pessoas perderam a vida vítimas das inundações.
A direcção nacional de águas diz que todas as pessoas que se encontram nas zonas baixas do limpopo devem retirar-se, sob risco de serem afectadas nas próximas 48 horas.
Neste momento, todas as bacias hidrográficas da zona sul do país estão em alerta máximo.
As inundações que se registam nas bacias hidrográficas do sul estão a ser provocadas não só pelas chuvas, mas, sobretudo, por causa duma onda gigante proveniente da África do Sul, em direcção ao oceano Índico. Assim, nas próximas 24 horas, o distrito de Chibuto e a cidade de Xai-xai, capital de Gaza, serão afectados.
Teremos inundações graves este ano no sul e centro do país
Alberto Vaquina, primeiro-ministro, que está a visitar as regiões afectadas pelas chuvas e inundações, lançou um aviso na tarde de ontem: “a dimensão do problema que temos e teremos nos próximos dias, em consequência das chuvas e inundações nas regiões sul e centro, é muito grave. Para quem está na sua casa, onde não está a chover, ou anda de carro ou motorizada, ou ainda a pé, não tem a percepção do problema que vem aí. Quando se vai de helicóptero, como tive a oportunidade de sobrevoar algumas regiões inundadas e em risco, é que se vê o volume de água que vem aí”.
O primeiro-ministro apontou, como exemplo, uma situação que viveu na rodovia que liga o distrito de Mopeia, província da Zambézia, à estrada Nacional número um.
“Na última terça-feira, sobrevoei aquela área e a estrada estava transitável. Hoje (ontem), na mesma rodovia, há vários cortes e a água está a mais de um metro de altura e a transitabilidade é nula, numa região onde não choveu praticamente nada. Portanto, como podem ver, temos que estar preocupados e atentos, pois ainda vem mais água, tendo em conta que está a chover a montante dos rios Zambeze, Púnguè, Búzi, Save, Limpopo e Incomáti. A situação não é boa”.
Face a isso, Vaquina, que se encontra a visitar as regiões afectadas pelas inundações e em risco, na região centro e sul do país, lançou ontem apelos a toda a nação no sentido de ser solidária para com as vítimas das chuvas deste ano.
O dirigente, que está desde a última segunda-feira a percorrer as províncias de Zambézia e Sofala, acredita que só uma solidariedade interna poderá, em tempo recorde, minimizar “a dor dos nossos compatriotas vítimas das enxurradas”.
O governante afirmou que tem plena consciência de que o nível de vida dos moçambicanos não é de luxo, daí que apoiar um compatriota poderá exigir, de cada um, um grande esforço.
“Será um esforço merecido se tomarmos em linha de conta que a pessoa que estamos a ajudar vive na terra onde eu nasci e cresci. Temos irmãos que perderam os seus parcos haveres e na sequência disso estão a ter imensas dificuldades nos últimos dias. Temos crianças que necessitam de apoios e somos todos chamados a dar uma mão no sentido de amainar o sofrimento de todos”. Vaquina dirigia-se assim, na manhã de ontem, à população dos distritos de Marromeu e Caia, norte de Sofala, onde os níveis do rio Zambeze já estão a mais de um metro e meio acima do nível de alerta.
Aquele dirigente lembrou que já foi lançado o alerta vermelho institucional nas zonas sul e centro do país, “indicação clara de que somos todos chamados a estar atentos para ajudar a quem necessita de ajuda. Não podemos ficar de braços cruzados à espera de apoios externos para apoiar as actuais vítimas e as próximas. O apoio externo pode demorar uma eternidade e este facto pode deteriorar a saúde das vítimas e perderem vidas. Não podemos permitir isso. Vamos apoiar com aquilo que podemos”.
O PAÍS – 24.01.2013

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