terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tropas do ZNA terão sido desdobradas ao longo da fronteira com Moçambique

 
Pretória (Canalmoz) - A imprensa zimbabweana tem vindo a noticiar que efectivos do Exercito Nacional do Zimbabwe (ZNA) foram enviados para diversos pontos da fronteira com Moçambique para alegadamente impedir que um eventual conflito entre a Renamo e o regime da Frelimo cause instabilidade no território zimbabweano.
De acordo com o jornal Daily News, há receio de que um conflito entre a Renamo e o regime da Frelimo possa afectar o oleoduto Beira-Feruka, ao longo do corredor da Beira e vital para as importações de crude, para além da exploração de diamantes em Marange, envolvendo figuras militares zimbabweanas.
A notícia da movimentação de tropas do ZNA não foi oficialmente confirmada em Harare. O Coronel Overson Mugwisi, porta-voz do ZNA, escusou-se a comentar a notícia. O ministro da defesa, Emerson Mnangagwa, estava ‘incontactável’, segundo a fonte, que adiantou carecer de confirmação se o desdobramento de tropas terá sido feito a pedido do governo moçambicano.
Unidades do ZNA, incluindo a 5 Brigada, foram desdobradas em território moçambicano durante a guerra civil entre a Renamo e o regime instalado em Maputo. Treinada por instrutores militares da República Democrática Popular da Coreia, a 5 Brigada notabilizou-se pela onda de massacres perpetrados na província zimbabweana da Matabelelândia. Estima-se que mais de 25,000 civis terão sido chacinados pela 5 brigada nessa região do Zimbabwe, por ordens do regime de Robert Mugabe.
Em território moçambicano, a 5 Brigada repetiu atrocidades do género, em particular durante a Operação Cabana que decorreu de Agosto de 1982 a Março de 1983. No âmbito dessa operação, unidades do ZNA estacionadas em Gonarezhou, apoiaram em meios logísticos a criação de uma ‘zona de morte’ limitada pela fronteira de Gaza com o Zimbabwe, estendendo-se de Pafuri a Massangena. Populações civis foram evacuadas da referida zona para onde as tropas coligadas das FPLM-ZNA, assessoradas por especialistas da Spetsnaz (forças especiais soviéticas) pretendiam encurralar guerrilheiros da Renamo que vinham sendo assediados em Manica, Gaza e Inhambane. A Renamo furou o cerco montado pelas tropas coligadas, alastrando a sua acção de guerrilha para sul, o que culminou com a abertura da frente de Maputo em princípios de 1984.
Unidades pára-quedistas zimbabweanos, comandados pelo mercenário Lionel Dyke, participaram no massacre de populações civis em Muxamba, como prelúdio do assalto de Casa Banana em Setembro de 1985. Conhecido por ‘Duque’, o mercenário viria a ser pessoalmente homenageado pelo então chefe do regime instalado, Samora Machel, depois das tropas por ele dirigidas terem massacrado mais de 200 civis em Muxamba. O Coronel Lionel Dyke foi responsável pelo desdobramento de unidades ‘Fireforce’ em Manica, Sofala, e Zambézia. Criadas pelo regime de Ian Smith, a unidade ‘Fireforce’ fazia-se transportar por heli-canhões e cuja missão era ‘limpar’ o terreno para permitir o avanço de forças terrestres. O regime de Harare apoiou ainda as forças militarizadas do SNASP, conhecidas por GLCB (Grupos de Luta Contra Bandidos), instruindo-as na prática de envenenamento de poços de água. No âmbito desta guerra bacteriológica, o SNASP, sob a direcção do Coronel Sérgio Vieira, foi responsável pela propagação da bactéria gonococci causadora da gonorreia, em zonas de influência da Renamo na Província de Inhambane.
A partir do território zimbabweano, o Reino Unido viria a treinar e equipar tropas especiais do regime da Frelimo no âmbito do programa BMATT com sede em Nyanga. Soldados britânicos foram destacados para Moçambique sob a capa da DSL (Defense Systems Limited), no âmbito de esforços visando travar a luta da Renamo pela instauração de uma ordem democrática no nosso país. Durante a luta pela democracia, a Inglaterra, assim como os Estados Unidos e Espanha ainda não haviam introduzido no seu léxico diplomático termos como ‘primavera’, muito em voga no norte do nosso continente um quarto de século depois. (Redacção)

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