segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Parabens MPLA - Sérgio Conceição



Luanda - Meu pai sempre foi do MPLA. Quando era mais pequeno lembro-me das inúmeras reuniões que passavam-se lá em nossa casa, aí junto à fábrica de pneu da Mabor.Estas reuniões eram chatas. Meu pai e seus amigos juntavam-se lá em casa e a maioria deles vestidos de camisas vermelhas lá sentavam eles e punham-se a rabiscarem nos inúmeros papeis que tinham em cima da mesa coisas que meu irmão e eu não percebíamos patavina de nada. Só sei que muitas vezes ouvíamos eles a citarem alguns nomes. Eram nomes de pessoas lá do bairro e dos bairros dos vizinhos. Não fazíamos ideia nenhuma do motivo que os levava a escreverem o que escreviam. Ouvíamos apenas e eu e meu irmão continuávamos a ver a TPA.

* Investigador em Ciência Politica
Fonte: Club-k.net

Chamavam-se Camarada. Era Camarada Biguá, Camarada Silva, Camarada Domingos, Camarada Jaime etc, etc. O meu pai que no dia – dia era chamado de Biguá, nos dias das reuniões era sempre Camarada Biguá. Não percebíamos nada. Não percebíamos também porque é que tínhamos lá em casa fotos do Camarada Presidente Agostinho Neto e do Camarada Presidente José Eduardo espalhados por quase todos os cantos de casa. Só sei que tínhamos, embora não tivéssemos fotos nenhumas nossas penduradas nas paredes.

Quando se aproximava um feriado nacional, as reuniões se intensificavam. Eram quase que diárias. Tinham que fazer concertações de ideias – diziam eles. Na estante só havia livros que falavam do COMUNISMO, UNIÃO SOVIÉTICA, CUBA LIBRE, COMBATER O IMPERIALISMO, O CAPITALISMO, ETC, ETC. Eram livros chatos. Eram mesmo livros chatos que nem uma imagem trazia. Meu irmão e eu nos perguntávamos porque carga de agua nosso pai lia “aquelas porcarias”. É que o homem lia mesmo, passava hora e horas, depois do trabalho, a ler aqueles livros.

O tempo foi passando, passando e cai o muro de Berlim, a União Soviética desmorona-se, o bloco do Leste desfaz-se. José Eduardo encontra-se com Savimbi em Portugal. Surge a paz. Finalmente. As reuniões SÃO CADA VEZ MAIS INTENSAS. Chega as Eleições de 1992. Meu pai e os seus “Camaradas” participam fervorosamente na campanha eleitoral e nos dizia “que agora é que vai ser”, ou então que “está no papo”. Eu obviamente que não percebia o que ele queria dizer com aquele “agora é que vai ser e está no papo”.

Lembro que um dia um amigo nosso foi para nossa casa com uma camisola da UNITA – era campanha e quem não queria uma camisola dos Partidos Políticos? Meu pai deu corrida ao “camba”…disse que era má influência para nós. Só neste momento fiquei a saber verdadeiramente que o meu pai afinal era do MPLA. E era frenética e fervorosamente do MPLA. Os anos foram passando. Meu pai continua a ser do MPLA. Só que já não é o único lá de casa. Hoje quando me lembro da minha infância, vejo que aquelas reuniões afinal influenciaram-me. Tanto assim é, que hoje também sou deste grande Partido que agora no dia 10 de Dezembro de 2012 completou 56 anos desde à sua criação.

Sim. Eu também agora sou do MPLA e é com orgulho que digo isto. E digo porque estou certo que o MPLA, embora tenha cometido inúmeros erros durante todos estes anos de governação, ainda é o melhor Partido para governar este país.Digo isto porque é minha convicção que o MPLA é o Partido que a maioria dos angolanos têm nos seus corações.

VIVA O MPLA.
VIVA ANGOLA.
PARABÉNS MPLA

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