segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O próximo destino do gás natural de Angola (Angola vs EUA) – Paulo L. Soares

 

Luanda – As reservas naturais de petróleo e gás de Angola ainda podem ir mais longe que 30 anos, se os projectos em curso forem bem geridos e negociados, contrariamente ao que sugerem alguns analistas internacionais, devidos as descobertas nos últimos anos de reservas de petróleo e gás nalguns países potenciais importadores do produto Angolano. O ano de 2012 foi mais um ano em que a gestão do petróleo, gás, energia e outros recursos minerais angolanos mereceram atenção nacional e internacional.

Fonte: Club-k.net

O Projecto Angola LNG não viu ainda este ano realizado o seu plano de exportação do gás natural de Angola. Este projecto ambicioso que custou um investimento de cerca de 10 milhões de dólares, prevê produzir anualmente 5,2 milhões de toneladas de Gás Natural Liquefeito, além de fornecer gás butano para consumo interno, tornando o país auto-suficiente.

Como se não bastasse, contra todas as expectativas, desaires e incêndios nas instalações principais do Soyo atrasaram o primeiro carregamento. E mais, já na ponta final do ano, o Governo angolano viu-se obrigado a mudar de mercado para o primeiro lote de vendas.

Até meados de 2012, tudo apontava que os Estados Unidos da América seriam o primeiro destino do nosso gás natural. Entretanto, as últimas descobertas de gás em abundância naquele país ao longo do ano de 2012, o que torna o mercado das americas saturado deste produto, forçou a mudança estratégica de mercado por parte das autoridades angolanas.

Num relatório intitulado “The New Push to Export America’s Gas Bounty” (A Novo Promoção para Exportar a Abundância do Gás Americano), datado de 23 de Outubro 2012, o jornal The New York Times indica que os Estados Unidos da América, que antes eram dependentes de importações de gás natural, passaram de comprador a potencial vendedor, depois de uma recente “lufada” de descobertas de gás natural em todo país, acessíveis com novas tecnologias de extracção.

Segundo o jornal, os novos recursos agora disponíveis fizeram baixar o preço do gás natural Americano a mais ou menos um quinto do preço praticado noutros países, particularmente nas economias crescentes da Ásia. “As pessoas estão a batalhar para decidir o que fazer com estas bençãos de energia”, disse Roger Ihne, um especialista no mercado energético da consultora Deloitte em Houston.

Segundo The New York Times, as empresas Exxon Mobil (Americana) e BP (Britânica), são as principais com intenções de vender, a preço barato, o gás natural Americano para outros mercados a nível global, havendo já países Asiáticos, nomeadamente a China e a Índia, e da América do Sul, interessados em comprar.

Entretanto, a ExxonMobil (com 13,6 por cento) e a BP Exploration (com 13,6 por cento), também fazem parte do Projecto Angola LNG, a par das petrolíferas Chevron (36,4 por cento), Sonangol (22,8 por cento), e Total (13,6 por cento).

UNIÃO EUROPEIA, O PRÓXIMO PROVÁVEL DESTINO

A empresa nacional de petróleo e gás da Áustria poderá comercializar o gás natural de Angola na União Europeia, após recentes negociações levadas a cabo na capital angolana, Luanda, entre o embaixador da Áustria em Angola, Martin Gartner (residente na África do Sul), e as autoridades angolanas, realçando-se a audiência com o Vice-Presidente da República, o Engº Manuel Vicente, em Dezembro último.

VANTAGENS PARA ANGOLA

De acordo com a Agência Internacional de Energia, a demanda pelo gás natural no mundo prevê aumentar para 50 por cento nos próximos 20 anos. Maior procura preve-se dos mercados emergentes como a Índia e China, que são grandemente dependentes da importação de produtos energéticos para suportar as suas economias.

Angola pode adiantar-se aos Estados Unidos da América vendendo o seu gás na Ásia e principalmente na Europa aonde as empresas de óleo e gás são grandemente afectadas pelo mal-estar económico. Isto porque apesar da abundância nas suas descobertas, os Estados Unidos da América ainda não possuem instalações suficientes para começarem já já a exportar o seu gás natural.

O jornal The New York Times escreve que apesar dos investimentos multi-bilionários americanos, o gás natural Americano ainda não está em forma para ser exportado, porque para tal é necessário que sejam construídos terminais de gás natural. America ainda não tem estes terminais, e a sua construção podem levar anos.

O gás natural Americano ainda é novo e os seus futuros exportadores dependerão de estruturas alheias se quiserem abraçar mercados internacionais, especialmente na Europa e na Ásia, aonde as empresas que comandam o mercado não estarão tão interessadas em dar lugar a novos concorrentes, como as empresas Americanas.

Assegurar o negócio com uma empresa no Mercado da União Europeia, como a empresa de petróleo e gás da Áustria, oferece à Angola a oportunidade de adiantar-se nos mercados Europeus e Asiáticos. Entretanto, parece sábio nesta altura abraçar a cooperação com a Áustria. Mas deve-se estudar todas as possibilidades e encontrar a empresa com maior corredor logístico, terminais próprios e influência de mercado reconhecida na Ásia e Europa.

*Jornalista económico freelance – paulolibertado@gmail.com
 
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