quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O MEU AVÔ E SALAZAR

 
O MEU AVÔ E SALAZAR – 5

Enquanto prestou serviço nos Lanceiros de El-Rei, conviveu com alguns dos heróis das campanhas de África, designadamente com o legendário Mouzinho de Albuquerque. Estava pois ao corrente da “cultura” que essa plêiade de militares procurava introduzir, tanto nas forças armadas como na vida política portuguesa. Tratava-se de um ideário de dedicação incondicional ao bem público, exaltação da missão civilizadora de Portugal em África e repúdio das intrigas e do “clientelismo” que infestavam a política nacional. Era a “Escola de Mouzinho”, para aceitação da qual o herói sacrificaria a sua vida. Respeitando embora as premissas destas propostas, o meu Avô nunca se deixou por elas seduzir, até porque sentia um certo desequilíbrio nas ideias e no comportamento do seu proponente. O assassinato do Rei, em 1908, exactamente quando D. Carlos decidira aderir ao espírito da escola de Mouzinho, veio pô-lo de sobreaviso quanto ao mérito da transposição para a estrutura do Estado de ideias e projectos cozinhados no calor das campanhas militares. Mouzinho não foi o seu herói. Se alguma figura histórica lhe servia de referência esta seria a do Condestável. Nele via a convergência de vocações simbolizada pela ogiva gótica: a fé e a defesa do reino. A seu tempo, fundaria com outros militares a cruzada Nuno Alvares.

Além deste patrocínio, a sua ideia de cultura militar manteve-se fiel ao espírito da Cavalaria. Procurou e conseguiu entusiasmar os seus colegas nas virtudes do desporto hípico, como escola de formação do carácter e de valor militar. O mérito desta atitude foi reconhecida e endossada quando, em 1909, a Escola Prática de Cavalaria convidou o capitão Oliveira para membro do Júri do Campeonato do Cavalo de Guerra. E foi mais longe: promoveu a criação da Sociedade Hípica Portuguesa para estabelecer um centro de convívio aberto a militares e civis empenhados no desenvolvimento em Portugal das práticas equestres. Entendia pois que as virtudes do bom militar podiam ser compartilhadas com a sociedade civil.

(continua)

Luís Soares de Oliveira.jpg Luís Soares de Oliveira




publicado por Henrique Salles da Fonseca às 09:00
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Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2012
O MEU AVÔ E SALAZAR – 4
(*)
A Cavalaria foi o campo de aplicação certo para um carácter formado à sua imagem e semelhança, por antecipação. A educação de gentil-homem, cortês, justo, solidário e protector dos fracos e humildes estava-lhe na massa do sangue, herdara-a de sucessivas gerações de dedicados servidores do Estado, obedientes a Deus e fiéis à Igreja. Também destes, zeladores escrupulosos do património público, herdaria o sentido da probidade na gestão de dinheiros públicos. Da mãe Violante, teria talvez herdado o espírito de iniciativa e a intrepidez. D.ª Violante, quando jovem, abandonara de casa de seus pais para casar com o meu Bisavô, gesto que, em plena vigência da moral vitoriana, denota grande ousadia e poder de iniciativa por parte de quem o praticou.[1] O jovem Domingos dilataria as virtudes herdadas de sua mãe, exercitando-se na transposição de obstáculos naturais e nas descidas de barrancos e ravinas, arrepiantes, tanto para o cavaleiro como para o cavalo, nos duríssimos “exteriores” que praticava nas terras sitas por detrás de Santa Maria de Belém. O cavalo ligou-o à natureza, livrou-o da debilidade urbana e dotou-o de notável força anímica.

A passagem pela Escola do Exército não lhe causou pois qualquer trauma mental sensível. A Bemposta não seria propriamente um émulo de Angers mas reproduzia alguns traços da famosa academia francesa. Seria mais fraca no domínio das Humanidades e da Matemática, mas não menos exigente no domínio da Equitação. O espírito que as inspirava era o mesmo – “graça e valor” – e ninguém poderia negar que o cadete Oliveira era a expressão humana do ideal preconizado. Segundo testemunho de contemporâneo seu[2], a Equitação, presidida pelo temido Ilharco, constituía a disciplina nuclear de todos os cursos. Aqueles que Ilharco – mestre equitador – aprovava para a arma de Cavalaria “nem livros precisavam de ter”. Os lentes do tempo entendiam que o entusiasmo é a melhor pedagogia. Domingos de Oliveira satisfez inteiramente.

A identificação com o “estilo da casa”, terá aguçado, entre lentes e colegas, o interesse pela sua pessoa, circunstância que lhe permitiu compensar a falta de “mundo” que a modesta casa paterna não lhe podia ter proporcionado. Assim, a ortodoxia no serviço e a excelência no desporto reforçaram-lhe a vontade e o carácter e valeram-lhe a amizade e respeito de todos, do mais bisonho ao mais refinadamente educado. Como apesar do seu entusiasmo desportivo, o meu Avô lia bastante (e até traduzia[3]), ele acabou por personificar as virtudes militares, desportivas e sociais que os jovens desejavam cultivar.

Entre estas virtudes destacava-se o fair-play. Sabia-se, por exemplo, que antes de iniciar uma corridas às lebres, * inspeccionava o terreno para ver se este oferecia abrigos convenientemente espaçados que permitissem à lebre abrigar-se, caso precisasse de despistar os galgos para refazer forças e, em último caso, para escapar de vez à sua fúria assassina. Se não estivesse seguro de que a lebre tinha sorte a seu favor, cancelava a corrida. A um velho amigo que um dia não resistiu à tentação de cortar o caminho da lebre e a deixou à mercê dos cães, o meu avô disse-lhe, aborrecido “isso não é desporto”[4]. No seu código, a atitude era mais importante do que o resultado.

(continua)

Luís Soares de Oliveira.jpg Luís Soares de Oliveira


[1] O pai, Domingos Alves, fundador da Fábrica dos Pastéis de Belém, tinha outros desígnios quanto ao casamento de sua filha Violante
[2]
[2] Raul Brandão, Memórias, Vol I
[3]
[3] Ajudou seu filho, meu pai, a traduzir as Memórias do general Foch.
[4]
[4] Depoimento do advogado Bustorff Silva, no IN Memoriam.

(*) Baixo relevo em forma de medalhão existente na Sociedade Hípica Portuguesa representando um dos seus fundadores, o General Domingos de Oliveira




publicado por Henrique Salles da Fonseca às 22:39
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O MEU AVÔ E SALAZAR – 3


Uma bela manhã, nos inícios da década de 90, o garboso tenente de cavalaria passava com a sua montada pela rua do Lusíadas quando se deparou à janela de um segundo andar com uma linda figura de mulher. Meses depois desposava-a e instalava-se para o resto da vida na dita rua, no segundo andar de um prédio contíguo. Constância fazia para ele parte dos encantos da vida. O Prof. Salazar haveria um dia de subir a esse segundo andar para vir a despacho, quando Domingos de Oliveira, acidentado, não podia sair de casa.

Não saberíamos ajuizar se o notável equilíbrio que estruturava a sua personalidade foi causa ou efeito da sua constante preocupação com o ordenamento do espaço e do tempo. Desde pequenos, meus irmãos, primos e eu habituamo-nos a ver na casa da rua dos Lusíadas, colocados em posições estratégicas, exemplares de um letreiro impresso com a máxima: “Cada cousa no seu lugar, um lugar para cada cousa”. O emprego do tempo fazia-o por rotina e, de tal modo, que todos sabiam onde se encontrava e o que fazia em qualquer hora do dia. Em sua casa havia relógios em profusão, alguns montados por ele mesmo. Mas ninguém se lembra de ter visto um só relógio que não estivesse a trabalhar com a necessária precisão.

Por toda a parte por onde passou, deixou a marca deste seu sentido de ordem: - inventariação, catalogação de activos e definição de normas de procedimento. Normas claras inteligíveis, normas úteis à finalidade visada. Nasceu assim o livro sobre “Ferros e Raças Cavalares da Península Ibérica” e nasceram assim também os regulamentos da Remonta, da Associação dos Criadores de Gado Equídeo, da Sociedade Hípica Portuguesa, do Campeonato de Cavalo de Guerra, os de várias outras modalidades de desporto equestre e até o da Associação da Lavoura do Alto Alentejo. Não constitui pois surpresa que, colocado no plano da governação nacional, o meu Avô tenha patrocinado a elaboração de nova Constituição. Era preciso aí também definir as atribuições do Estado e as normas que regulariam a acção do governo.

(continua)

Luís Soares de Oliveira.jpg Luís Soares de Oliveira




publicado por Henrique Salles da Fonseca às 18:58
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O MEU AVÔ E SALAZAR - 2

Se, como pretende J. Gaspar Simões, “o estilo é maneira como cada um sofre a vida”, a análise da forma como lidava com as contrariedades seria talvez a maneira apropriada de identificarmos o seu estilo pessoal. O Avô era capaz de usar a energia, mas só o fazia em última análise. Preferia a mediação. Fundamentalmente, o seu estilo era consensual A sua proverbial paciência ajudava-o a minorar a resistência dos particularismos e egoísmos alheios e a estabelecer a concórdia. As implicações de natureza pessoal de cada caso mereciam-lhe sempre mais respeito do que a substância da questão em pauta. Os que lhe propunham qualquer nova linha de acção ouviam invariavelmente a pergunta: fica alguém prejudicado? Sempre que possível recorria ao humor. Tanto nas ocasiões mais solenes, como em casos de extrema delicadeza, o Avô conseguia, em regra, encontrar o comentário que, sem ferir suscetibilidades, quebrava o gelo, repunha as cousa nos seus lugares, reduzia as questão às suas exactas proporções, desmontava falsas premissas e punha a nu o despropósito de atitudes empoladas e apaixonadas.

O cerimonial laico era para ele motivo óbvio de contrariedade, mas lá ia conseguindo minorar a “estucha”. Quando tinha que assistir ex-ofício às pesadas sessões solenes da Academia de Ciências, presidida ao tempo por Júlio Dantas, aproveitava-as para repouso mental. Apresentava-se de óculos escuros, instalava-se no seu cadeirão e encarregava o tio Carlos, que desempenhava as funções de ajudante de campo e, como tal ficava postado atrás do cadeirão, de lhe dar uma cotovelada na altura dos aplausos. Uma vez, passava então férias na Curia, surgiu uma outra estucha: o dono do Hotel Palácio, encantado com as maravilhas do rádio, novidade do tempo, colocara no salão do hotel um aparelho potentíssimo com o qual atroava o espaço reservado ao sossego dos hóspedes. Todos sofriam com essa prática mas ninguém se queixava, talvez por receio de serem apontados como “botas de elástico”. O meu Avô resolveu o problema. Uma manhã, antes que os empregados ligassem a infernal máquina, munido de alicate, esgueirou-se entre o aparelho e a parede e, num ápice, cortou as ligações internas dos alto-falantes. Mais tarde, os empregados vieram consternadamente informar os hóspede que, devido a avaria, não podiam proporcionar-lhes, por alguns dias, a audição da radiodifusão nacional. O general DO foi o hóspede que mais lamentou o sucedido.

Este humor, que por vezes se aproximava da comicidade, mas nunca pecava por sarcasmo, reflete o admirável equilíbrio da personalidade de um homem que, tendo encarado com a máxima seriedade as muitas e pesadas responsabilidades que lhe foram confiadas, não caiu no erro de se levar a sério a si próprio. O mesmo equilíbrio que se manifesta na combinação de modéstia pessoal com a panache de cavaleiro, sem sobreposições nem atropelos recíprocos. Foi este equilíbrio que lhe permitiu atravessar incólume e incorrupto as sucessiva fases que a vida lhe proporcionou: aquela em que era estimado, a seguinte em que foi perseguido, depois quando o aclamaram e finalmente a fase da sua reforma que adiante descrevemos. Adaptou-se sem incómodo de maior a qualquer delas: não se iludiu quando a belle époque lhe sorria e tudo lhe corria de feição, (se bem que tenha chorado o fim desse período quando da implantação da República), não azedou nos tempos em que o regime seguinte o manteve quase exilado nos postos fronteiriços, nem se deslumbrou quando o chamaram e lhe pediram que ocupasse o cadeirão central do Poder. No seu entender, tratava-se de meras circunstâncias e não de transcendências. A paz com Deus, o amor da família, o dever profissional e cívico, o respeito e estima de camaradas, amigos, confrades e subordinados, o cuidado com os desprotegidos e, obviamente, a boa forma dos seus cavalos, constituíam a essência do seu campo existencial: o resto, incluindo cargos e postos, era conjuntural.

(continua)

Luís Soares de Oliveira.jpg Luís Soares de Oliveira




publicado por Henrique Salles da Fonseca às 12:40
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O MEU AVÔ E SALAZAR - 1

A figura do general Domingos de Oliveira, meu Avô, impunha-se naturalmente: polarizava a vida da família que lhe votava intenso afecto; congregava os grupos de amigos, estabelecia o nexo nas rodas de cavaqueira que frequentava; era referência indispensável dos entusiastas da arte de bem cavalgar nas sua diferentes manifestações - adestramento, hipismo, exterior, montaria; corrida ás lebres, criação e apuramento de raças, etc. Era sabido que os jovens alferes quando se apresentavam no Regimento de Lanceiros de El-Rei pediam para servir no esquadrão do Capitão Oliveira1. Mesmo assim, é surpreendente que pessoa de tão diversa formação e oposto humor, como era o Prof. António de Oliveira Salazar, tenha manifestado, muitos anos depois, análoga disposição. A personalidade de meu Avô tinha pois atributos que ultrapassavam o quadro das virtudes militares e familiares. Procuraremos identificá-los.
A sua personalidade tinha por espinha dorsal um sentido deliberado de dever. Mas um tal fundamento existencial não justificaria, só por si, o magnetismo que exercia sobre os que o cercavam. Outros atributos contribuíam para lhe granjear a amizade e a confiança dos seus contemporâneos. O visual era-lhe favorável: perfil insinuante, porte distinto, gentileza de maneiras, trato cortês, sem afectação, característica do tipo “racé, produto de uma antiga civilização”2. A sua discrição evitava a ofensa e estimulava a confiança. A lealdade e a bondade reflectiam-se na candura azul do seu olhar. Nele, a distinção casava-se com a modéstia. O seu discurso era despido de enfeites e os seus actos vazios de presunção. Era o que era; nunca pretendeu ser o que não era, nem permitiu que o tomassem como tal. Político, por exemplo, não era, nem quis ser. A Pedro Correia Marques, jornalista de “A Voz” que o interrogou sobre a política do seu governo respondeu “estou aqui [na Presidência do Ministério] apenas na condição de militar; a política será feita sim, mas por quem tenha aptidões para tanto” e, para melhor entendimento, acrescentou: “comparo-me ao bombeiro que veio para apagar o fogo e não para se instalar na casa”. O jornalista deve ter pensado estar perante o ingénuo puro, mas com o tempo compreendeu quão avisado era o homem que não se deixava fascinar pelas tentações e exteriorizações do poder.
A modéstia proverbial não o impedia contudo de praticar os actos da vida militar com a autêntica panache do oficial de Cavalaria. Neste particular, ninguém o superava. Bastava vê-lo quando, a galope, passava revista às tropas em parada. Assumia então - e com muito gosto - o palco e era um regalo para os olhos. A sua figura elegante, bem colada à sela, caracolando um soberbo corcel em galope cadenciado, seguido em formação rigorosa pelos ajudantes de campo, escolhidos estes entre os melhores ginetes, percorria de ponta a ponta as fileiras da magna concentração de forças e levava a todos o exemplo contagiante do garbo militar. O objectivo, no caso, não era inspeccionar os seus homens mas, antes, mostrar aos homens o chefe que tinham e fazê-los sentir o orgulho de ser militar. A essência do acto era a comunicação e a mensagem atingia todos, galvanizando-os imediatamente.
Intuitivamente ele já detectara que “o meio é a mensagem”. A preocupação com a importância do “meio” levá-lo-ia a envergar uniforme militar durante os 884 dias do seu governo. Ninguém restava dúvida que não se tratava de um político. De resto, a sua comunicação fluía facilmente. O estilo que usava - o exemplo - poupava distorções e impedia múltiplas interpretações. Ao exemplo, adicionava a palavra e dela servia-se com o máximo rigor, de forma a fazer-se entendido. Se necessário recorria ao vernáculo. Dependia do destinatário. Não usava a palavra como meio de persuasão e muito menos como instrumento de decepção. Mas podia divertir-se com as palavras. Ninguém apreciava um trocadilho mais do que ele.
O domínio da arte de comunicar ajudou-o a manter-se fora das intrigas políticas que fervilhavam á sua volta durante os tempos incertos da primeira República. A sua resposta a alguém que tentou aliciá-lo para um movimento de cunho sedicioso, metafórica embora, é paradigmática: “Tenho as minhas convicções mas não quero entrar em combinações políticas. O meu partido é o Exército”.
A sua linguagem era simples porque o pensamento que alimentava a mensagem era claro. E o pensamento era claro porque decorria de uma sabedoria de séculos. As suas convicções eram as do homem de antes de Galileu. Pesava nele a vocação do bricoleur, com a inerente dignidade e autenticidade dos que, por não terem abandonado a prática de trabalhar com as próprias mãos, se mantém próximo das suas raízes. A sua mente só reconhecia conceitos muito experimentados, ideias cuja nobreza derivava da antiguidade e valores morais transmitidos de pais para filhos. Não acreditava que os sábios da metafísica, por muitas voltas que dessem ao pensamento, viessem a produzir algo mais sublime do que o expresso na fórmula “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Assim era o seu credo, assim era o seu desígnio.
(continua)
Luís Soares de Oliveira
1[1]Testemunho do coronel Álvaro Neves da Fontoura, no In Memoriam
2[1] Observação feita pelo ministro da Alemanha numa recepção na Ajuda e citada pelo Prof. Cordeiro Ramos no In Memoriam

1 comentário:

Unknown disse...

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