quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

“O MDM é sem dúvidas um verdadeiro partido de unidade nacional”

 
– afirma Daviz Simango, no discurso de abertura do 1º Congresso do “Galo”
“O Estado moçambicano precisa de ser emancipado e a sua população deve estar em pleno gozo dos seus direitos numa identidade reconhecida e valorizada de forma equilibrada” – defendeu Daviz Simango
“O Estado deve estar protegido do fenómeno selvagem de participação das suas instituições no saque do património do povo em nome da clique dos libertadores”.
“Em Moçambique estamos a passar por coisas incríveis, onde a esposa do chefe do Estado, sob olhar impotente do chefe do Estado, usurpa as funções dos titulares das instituições públicas, fazendo transparecer uma ambição doentia. Ou seja, Moçambique precisa de um verdadeiro Estado de direito”, frisou o presidente do MDM
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Beira (Canalmoz) – O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, afirmou ontem, na Beira, que a formação política que dirige, na sua essência, apresenta-se como uma verdadeira prova de unidade nacional do povo Moçambicano.
Ele falava na abertura do 1º Congresso daquela formação política, iniciado ontem no Pavilhão de Desportos da Beira e que se prevê venha a terminar amanhã.
Daviz Simango enalteceu a unidade dos moçambicanos filiados no MDM, partido que, disse, “já atingiu um nível de desenvolvimento, progresso e satisfação colectiva que nenhum partido tinha atingido até à data, em tão pouco tempo e de maneira tão democrática”.
Daviz chamou à atenção dos seus correligionários para não se deixarem levar por atitudes de relaxamento na luta por um Moçambique para todos. Frisou que há necessidade contínua dos militantes e simpatizantes do MDM “mantermos o voo do galo e a moda do galo, trabalhando, servindo e transformando os obstáculos em desafios onde cada um cumpre com as suas obrigações estatuárias para vencermos a pobreza”.
“As conquistas que em tão pouco tempo conseguimos alcançar fizeram de nós os alvos principais daqueles que durante vários anos viveram como os principais e incontornáveis actores e protagonistas políticos deste país. O suporte que temos hoje do Povo constituiu um grande incómodo para os beneficiários da falecida bipolarização”, sustentou Daviz Simango que tem vindo a liderar o MDM desde a sua fundação e tudo indica que vai ser reeleito neste congresso.
“A democracia em Moçambique”, afirmou o mais alto dirigente do MDM, “deve ser promovida fundamentalmente por indivíduos que gozem dos seus direitos e liberdades dentro da lei. Um Estado como Moçambique deveria ser exemplo, procurando assumir o estatuto de um país realmente de Direito, de Justiça, de Igualdade e de respeito pelas instituições públicas. Estas instituições nacionais deveriam ser fortes e transparentes na perspectiva da promoção de eleições livres e justas”.
Regime instrumentaliza PRM
Ainda em seu discurso de abertura, Daviz Simango apontou o dedo acusador ao governo por ao serviço do partido Frelimo continuar a instrumentalizar a Polícia da República de Moçambique (PRM), como aconteceu, lembrou, nas eleições intercalares autárquicas na Cidade de Inhambane, em particular, e também no geral tem acontecido nas outras províncias do país. Simango deu ainda uma palavrinha aos agentes desta corporação como que a pedir-lhes para deixarem de continuar a ser “instrumentalizados pelo regime da Frelimo, enquanto auferem salários pagos pelos impostos do povo Moçambicano”.
“Vivemos também uma justiça manipulada violando claramente o Estado de direito e o ressurgimento de presos políticos em Moçambique perante o silêncio de quem deveria repor a legalidade”, adiantou.
Crise democrática em Moçambique
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O presidente do MDM condenou a “exclusão”, afirmando que “entrava a integração dos moçambicanos no processo da globalização e de uma afectiva democracia representativa”.
O quadro de exclusão “imposto pelo regime da Frelimo espelha a negação de certos valores do mundo civilizado, onde a competência, o profissionalismo e habilidades são factores relevantes no progresso de progressão na carreira de cada cidadão e de oportunidade para o mercado emprego”.
Esses factores “retardam o desenvolvimento nacional, daí resultando situações colaterais como os casos dos raptos que hoje se tornaram um novo modelo de crime e violência”.
“São factos que afectam a comunidade Muçulmana”, lembrou.
Perante tal drama vividos pelos cidadãos vítimas de raptos e suas famílias, Daviz Simango salientou que “o MDM apela ao Governo no sentido de promover uma acção que estaque duma vez por toda este tipo de crime”.
Baixa ética governativa na economia
Daviz Simango também acusou de se estar a assistir, no país, a má gestão e redistribuição equitativa das riquezas, com destaque para recursos minerais, pedras preciosas, ouro, entre outros”.
“Apesar de se extraírem grandes toneladas de minerais falta ao Governo ética, estratégias e políticas viradas aos interesses da maioria, de modo a se promover a economia nacional sem precisarmos de estar cada ano a pedir esmola para engrossar o Orçamento do Estado, sem precisarmos de enriquecer os preguiçosos, num cenário em que os pobres são cada vez mais pobres”.
“Em Moçambique ainda se sente a ausência de políticas tendo em vista o empoderamento da classe média moçambicana”, lembrou Daviz Simango.
“As organizações criminosas especializadas em assassinatos têm como sustentáculo o poder económico e político, daí haver grupos criminosos que exploram o tráfico ilícito de drogas, seres humanos e a proliferação armas”, acusou o presidente do MDM a certa altura do seu discurso de abertura do primeiro congresso do partido criado há três anos.
A população merece gozo pleno dos seus direitos
“O Estado moçambicano precisa de ser emancipado e a sua população deve estar em pleno gozo dos seus direitos numa identidade reconhecida e valorizada de forma equilibrada”, defendeu.
“O Estado deve estar protegido do fenómeno selvagem de participação das suas instituições no saque do património do povo em nome da clique dos libertadores”.
“Em Moçambique estamos a passar por coisas incríveis, onde a esposa do chefe do Estado, sob olhar impotente do chefe do Estado, usurpa as funções dos titulares das instituições públicas, fazendo transparecer uma ambição doentia. Ou seja, Moçambique precisa de um verdadeiro Estado de direito”, frisou.
Hoje, segundo dia dos trabalhos do 1º congresso do MDM serão debatidos e apresentados o relatório de actividades que partido realizou até aqui; a proposta da revisão dos estatutos do partido; a aprovação das linhas de força da governação nas autarquias da Beira e Quelimane e também será apresentada a proposta do Hino daquela formação política.
Será ainda discutida a participação do partido nas eleições de 2013 e 2014.
Os congressistas elegerão também os órgãos centrais do partido e candidatos à eleição para a presidência do partido. (Luciano da Conceição e Adelino Timóteo)

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