sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mensagem anual de Vladimir Putin teve ampla ressonância internacional: Voz da Rússia

13.12.2012, 20:19, hora de Moscou
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Vladimir Putin, Mensagem Anual, reação internacional
RIA Novosti

A mensagem anual do Presidente Vladimir Putin à Assembleia Federal causou muitas repercussões entre os políticos e peritos na Rússia e no estrangeiro. A comunicação social de vários países tem dedicado bastante atenção aos aspetos que lhe parecem mais relevantes do discurso do líder russo.

O politólogo espanhol Manuel Parro chama a atenção para o prefácio da intervenção em que Putin aponta para a necessidade de atender aos desafios globais que vão surgindo no mundo moderno.
"Putin fez bem em assinalar que o mundo inteiro está entrando na época de transformações cardinais que se traduzem em processos de globalização crescente e a alternância dos principais jogadores da arena mundial. Assim, vão aparecendo novos pólos econômico-comerciais, enquanto o mundo multipolar requer abordagens políticas mais ponderadas, sendo essa uma alternativa melhor em relação à ordem anterior existente no mundo unipolar. Isto se tornou possível devido aos esforços de várias partes, incluindo a Rússia, a Europa comunitária e a China. As novas condições permitem evitar situações semelhantes às arbitrariedades praticadas em tempos na antiga Iugoslávia."
O perito do Instituto Brookings dos EU, Steven Pifer, encara com bons olhos o caráter multifacetado do mundo de hoje e a aspiração de muitos países de intensificarem os processos integracionistas. No seu entender, a tese de Vladimir Putin sobre a necessidade de prosseguir e apoiar tais tendências no espaço pós-soviético não deve ser encarada como o desejo de Moscou de reabilitar a ex-URSS. Para Pifer, a Rússia tem investido para as instituições como a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) e a União Aduaneira a fim de alargar também a sua influencia da região, sendo a filiação de outros Estados nesses organismos internacionais um assunto interno de cada país signatário.
O politólogo iraquiano, Faleh al-Hamrani, salientou que as declarações de Putin sobre o mundo multipolar se revestem de enorme importância para os países árabes. Em sua opinião, as relações entre os Estados têm de alicerçar-se na integração e não em princípios de competitividade ou o uso da força.
Ilana Kobzeva, colaborado científica do Conselho Europeu para as Relações Internacionais, destaca as palavras do Presidente russo sobre a necessidade de retirar a economia russa das zonas off-shore, embora, para ela, hoje ainda não existam mecanismos certos para o efeito.
"Putin como que emitiu um sinal para os empresários que exportam capitais. Não sei o que o Presidente poderia fazer nesse domínio, porque a fuga de capitais é um fenômeno típico de um país emergente. As empresas vão-se embora levando consigo os seus ativos. As autoridades russas procuram suspender o processo por todos os meios ao seu alcance, sem poderem, contudo, alterar a respectiva legislação."
O jornalista brasileiro Mário Russo julga que o líder russo se manifesta por uma maior dinâmica nos processos econômicos e políticos, sabendo muito bem o que se deve empreender para que a Rússia possa acelerar o seu desenvolvimento.
"Um dos destaques importantes que eu vejo na mensagem pronunciada hoje pelo presidente Vladimir Putin ao Parlamento certamente se deve aos planos de desenvolvimento das indústrias de alta tecnologia na Rússia. A Rússia sempre teve uma tradição de ponta nesse sentido e o pronunciamento do presidente Putin reforça a importância do desenvolvimento desse setor, não só na tecnologia de ponta mas também na de eletrônica, máquinas e equipamentos de base. Essa questão tecnológica é o mais importante para o desenvolvimento de uma nação, realmente é de fundamental importância. Esse esforço, ele bem destacou, se deve não só à participação do Estado mas também dos investimentos privados, esse “casamento” certamente vai ser de supra-importância para o alcance dessas medidas."
Dara McDowell, analista britânica e especialista em países da antiga União Soviética, disse ter notado na recente mensagem de Putin várias teses conhecidas sobre a inadmissibilidade de ingerência externa em assuntos internos de países soberanos, a necessidade de educar os sentimentos patrióticos, o combate à corrupção e a fuga de capitais. As declarações relativas ao problema demográfico são interpretadas pela perita da Grã-Bretanha como um regresso às antigas prioridades.
"Há já muito tempo que a preocupante questão demográfica e a brusca redução da população russa são um tema constante entre a elite russa. Este foi um fragmento interessante do discurso, em se cristaliza o espírito conservador. Trata-se de iniciativas políticas bem conhecidas que tinham sido divulgadas pelo Presidente Putin nos anos passados. Por isso, as propostas e sugestões do gênero não passam de um retorno às prioridades anteriores."

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